Binance considera “fortemente” cancelar compra da FTX após ver dados internos da exchange

Changpeng Zhao, CEO da Binance, assinou uma carta de intenções para adquirir a corretora rival na terça-feira (8)

CoinDesk

Changpeng Zhao, CEO da Binance
Changpeng Zhao, CEO da Binance

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É altamente improvável que a Binance concretize sua proposta de aquisição FTX após revisar os números da exchange, disse para o CoinDesk uma pessoa familiarizada com o assunto.

Segundo a fonte, a Binance ficou fortemente inclinada a cancelar a transação após revisar os dados internos da FTX, que está no meio de uma crise de liquidez, e os compromissos de empréstimo da empresa.

Na carta de intenção para a aquisição da exchange, anunciada na terça-feira (8) quando a posição financeira da corretora fundada por Sam Bankman-Fried parecia estar fora de controle, a Binance disse que investigaria as contas.

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A Binance foi procurada pelo CoinDesk, mas se recusou a comentar sobre o status atual do acordo proposto. A FTX também não respondeu.

Após a publicação, o mercado voltou a passar por turbulências, com o Bitcoin (BTC) atingindo nova mínima de dois anos, a cerca de US$ 16.900. Já o Ethereum (ETH) caiu para menos de US$ 1.150 e a Solana (SOL) para pouco mais de US$ 16, em recuo que atinge cerca de 50% em dois dias.

A situação que envolve o colapso da FTX ocorre após o CoinDesk publicar um furo de reportagem na semana passada sobre o balanço da Alameda Research, a empresa-irmã da FTX. A história gerou preocupações sobre a estabilidade financeira do império de criptomoedas de Sam Bankman-Fried, que inclui ambas as empresas, levando a uma crise de liquidez na FTX.

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A situação foi exacerbada no domingo quando o CEO da Binance, Changpeng Zhao, disse que venderia sua posição em FTT, o token nativo da FTX.

A Binance então fechou um acordo de compra da corretora rival após ser procurada por Sam Bankman-Fried. Outras grandes exchanges, como Coinbase e OKX, haviam recusado ajuda pouco antes, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.

O cancelamento do acordo seria mais um passo inusitado do caso que domina o mercado cripto e deixa investidores em modo de máxima cautela nesta semana. No entanto, não seria de todo inesperado. Segundo especialistas ouvidos pelo InfoMoney, desde ontem o mercado suspeita que o negócio possa de fato não ir adiante, daí o forte recuo nos preços.

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Gracy Chen, diretora administrativa da corretora Bitget, já avaliava que a compra da FTX pela Binance era “altamente improvável” porque a FTX tem graves problemas de liquidez ou mesmo insolvência, a ponto de não encontrar pessoas dispostas a salvá-la

Para a executiva, não haveria razão para a Binance seguir com o negócio. “Por que a Binance gastaria dinheiro para adquirir a FTX? A FTX não tem uma licença nos EUA. Seria para adquirir seus usuários ou o sistema de tecnologia? A FTX está morta, e seus usuários são naturalmente usuários da Binance. Além disso, a FTX não tem valor insubstituível como, o Twitter”, apontou.

Fabrício Tota, diretor de novos negócios do Mercado Bitcoin, que compete com a Binance no mercado brasileiro, avalia o acordo como negativo mesmo que chegue a vingar, apontando a rival como “problemática”, e que tem dificuldades de ser transparente com seus negócios mundo afora.

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Ele também diz ter dúvidas de como um negócio como esse seria recebido por investidores da FTX. “Só na última rodada foram 60 fundos. Como fica essa relação com alguém (Changpeng Zhao, CEO da Binance) que tem extrema dificuldade de mostrar como é o business dele?”, pontua, ressaltando que o episódio traz mais uma vez à tona a necessidade de regulação do setor.

No curto prazo, independentemente do que vai acontecer agora, diz Tota, o importante é entender o tamanho do problema.

“O que pode ter mais efeito em investidores de varejo é Solana. A FTX é quem mais coloca recursos no ecossistema, e já estamos vendo uma deterioração gigantesca nos preços do token”, explica, ressaltando que investidores acabam fechando posições em SOL se antecipando a um possível despejo de posições da FTX, principal patrocinadora do projeto – e, por isso, dona de muitos tokens. “Ainda precisamos entender onde mais tem contaminação”.

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