Bitcoin chega a cair abaixo dos US$ 40 mil e bate mínima em 4 meses, mas recupera patamar

Mercado tem reagido mal aos movimentos do Fed de acelerar a retirada de estímulos e aumentar os juros nos Estados Unidos

Rodrigo Tolotti CoinDesk

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O Bitcoin (BTC) passou a cair forte no fim da manhã desta segunda-feira (10), passando a negociar abaixo do nível dos US$ 40 mil, eu seu menor patamar desde setembro do ano passado.

Com este movimento, a maior criptomoeda do mundo já acumula perdas de 15% nestes dez dias de 2022, caminhando para o que pode ser seu pior começo de ano desde 2012, segundo a Bloomberg.

Após chegar a bater em US$ 39.816 na mínima desta segunda, o Bitcoin voltou a tentar ganhar força e às 12h20 (horário de Brasília) operava em US$ 40.651,20, uma queda de 2,59% no acumulado de 24 horas.

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Dentre diversos fatores, um dos que mais tem pressionado os preços é o cenário econômico nos Estados Unidos e as movimentações do Federal Reserve (como é conhecido o Banco Central americano) para conter a inflação no país.

Recentemente, o Fed informou que deve acelerar a redução dos estímulos à economia, o que caminha também para uma alta de juros no país. Com isso, o Bitcoin e outros criptoativos acabam sofrendo por serem considerados ativos de maior risco conforme os investidores buscam produtos mais seguros, como os títulos de Tesouro dos EUA.

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Outro fator que comprova essa visão é o quanto o Bitcoin está acompanhando o mercado financeiro tradicional. A queda mais acentuada registrada hoje ocorreu no momento em que a bolsa de valores de Nova York iniciava as negociações, com os três principais índices acionários caindo mais de 1%, sendo o Nasdaq perde mais de 2%.

“Vimos o bitcoin se comportar como um ativo de risco em várias ocasiões nos últimos meses”, disse Noelle Acheson, chefe de insights de mercado da Genesis, para a CNBC. “Quando o mercado fica agitado, o Bitcoin despenca. Vimos várias indicações de que o sentimento do mercado está um pouco assustado pelo pico dos Treasuries de 10 anos – isso não é bom para nenhum ativo que tenha alta volatilidade nos fluxos de caixa”.

“Ao contrário de muitos ativos que são contaminados por esse cenário, o Bitcoin é líquido e, portanto, pode suportar mais pressão de venda sem um grande golpe”, avalia ela.

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Com a queda dos últimos dias, o Bitcoin voltou a se aproximar da chamada “Cruz da Morte”, um indicador técnico registrado quando a média móvel de 50 dias cai abaixo da média móvel de 200 dias.

Esse padrão gráfico pode ser confirmado nos próximos dias conforme investidores avaliam os comentários do Fed, que na ata de sua última reunião publicada na última quarta reforçou a retirada mais rápida de estímulos.

No fim de semana, o Goldman Sachs divulgou relatório prevendo que o Fed aumentará as taxas de juros nos EUA pelo menos quatro vezes até o final de 2022, em comparação com a previsão anterior de três aumentos, segundo informações da Bloomberg. O banco de investimento também espera que o Fed reduza seu balanço patrimonial a partir de julho.

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O Bitcoin atingiu sua máxima histórica em novembro do ano passado, em torno de US$ 69 mil e caiu quase 40% desde então. A criptomoeda recuou mais de 12% nos últimos sete dias até 9 de janeiro, registrando sua maior queda semanal desde o início de dezembro.

Apesar disso, a Cruz da Morte não é considerada, sozinha, um indicador tão bom para prever o futuro do mercado. Segundo uma pesquisa da Kraken, muitos desses movimentos, incluindo os vistos em 2014 e 2018, coincidiram com uma liquidação no dias seguintes após a marca ser atingida.

Por outro lado, outros momentos em que a Cruz da Morte surgiu, como em junho de 2021, março de 2020 e outubro de 2019, não consolidaram uma queda de preços em seguida.

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O dia também é negativo para outras das principais criptos do mundo, como o Ethereum (ETH), que cai quase 3%, mas se mantém acima dos US$ 3 mil. A Solana (SOL) registra um dos piores desempenhos, caindo mais de 5%, para US$ 132, enquanto a Terra (LUNA) também perde 5%, cotada em torno de US$ 68.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.