Bolha imobiliária no Brasil? “sindicato” da construção jura que isso não existe

Para a CBIC, existem três fatores de semelhança da bolha dos EUA com a brasileira: o crescimento do ritmo da atividade da construção, o acesso das camadas mais carentes da população à moradia e a considerável ascensão dos preços dos imóveis

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – A existência de uma bolha imobiliária no Brasil é alvo de grande controvérsia: enquanto alguns especialistas afirmam que há vários pontos da economia que mostram o nascimento de uma, outros dizem que isso é terrorismo. Umas das entidades que duvidam da existência desse fenômeno é a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), uma espécie de “sindicato” das empresas de construção.

José Carlos Martins, vice-presidente da instituição, destaca que quem trouxe esse assunto à tona foi o prêmio nobel de economia Robert Shiller, que destacou que via sinais de bolha no Brasil – assim como tinha visto nos Estados Unidos. Martins, porém, acredita que se essa parte do discurso de Shiller é bastante lembrada, quem acredita na bolha esquece que ele mesmo disse que não há provas objetivas ainda e que não conhece a fundo o mercado imobiliário.

Para Martins, só existem três fatores de semelhança da bolha norte-americana com a suposta brasileira: o crescimento do ritmo da atividade da construção, o acesso das camadas mais carentes da população à moradia e a considerável ascensão dos preços dos imóveis. Enquanto isso, existem várias diferenças, como a baixa penetração do crédito imobiliário no PIB (Produto Interno Bruto) no Brasil. Enquanto nos EUA o financiamento bateu 80%, por aqui ainda é menor que 10%. 

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Ele também acredita que o aumento do preço dos imóveis não é pelo excesso de investidores e sim para recuperação de uma defasagem histórica – já que os preços dos imóveis não avançou no período de hiperinflação e moeda fraca. “”Prova disso é que no universo de financiamentos concedidos, ainda prevalece a compra da primeira moradia. Em outras palavras, as pessoas adquirem para morar e não para especular”, diz Martins.

O executivo também destaca as diferenças entre os sistemas financeiros no Brasil e nos EUA para justificar sua confiança de que não há bolha. Enquanto o EUA o crédito hipotecário era fácil e maioria, aqui os agentes financeiros são mais regulados e não é permitido que um tomador de empréstimo comprometa mais de 30% da renda familiar com o financiamento, com inadimplência inferior a 2%.