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Os resultados do Bradesco (BBDC4) no primeiro trimestre de 2023 (1T23) mostraram evolução em algumas linhas do balanço, como o lucro acima do esperado, mas ainda assim dividiram analistas e o mercado, que tiveram uma reação morna aos números.
O banco teve lucro líquido recorrente de R$ 4,28 bilhões no primeiro trimestre de 2023, queda de 37,3% ante o mesmo período do ano passado, mas acima do que esperavam analistas, com projeções de R$ 3,6 bilhões em média, segundo consenso Refinitiv.
A rentabilidade sobre o patrimônio líquido (ROE), que mede como um banco remunera o capital de seus acionistas, ficou em 10,6% no início deste ano, recuperação após desabar a 3,9% no quarto trimestre, mas ainda abaixo dos 18% alcançados um ano antes.
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Neste sentido, em teleconferência de resultados, Octavio De Lazari Júnior, CEO do banco, destacou: “Queremos entregar retornos compatíveis com o que entregávamos anteriormente”.
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Ele apontou ainda que a melhora do desempenho será gradual. “Vemos os resultados evoluindo ao longo de 2023”, afirmou.
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Lazari Junior repetiu o discurso do texto que acompanhou o balanço do banco, de que, em um momento como atual, é natural que pessoas físicas e pequenas e médias empresas sofram mais. O Bradesco reforçou sua postura restritiva na concessão de crédito massificado mas diz que as oportunidades no varejo são enormes. “Só precisamos ajustar nossa estrutura a um custo de servir rentável”.
O executivo ainda apontou que o banco está transformando agências, não fechando. “São pontos de venda com custos fixos muito menores e muito mais focadas em prestar consultoria aos clientes e fazer negócios”, explicou o CEO. Essas estruturas, segundo eles, são semelhantes às agências, mas sem caixas eletrônicos. Ainda apontou que está havendo uma expansão da sua rede de agentes bancários.
Carteira de crédito
Sobre a carteira de crédito do Bradesco, que reduziu em 1,4% no primeiro trimestre de 2023 comparando com o final do ano passado, o CEO avaliou que a contração veio principalmente de pessoa jurídica, com os juros altos reduzindo a demanda de médias e grandes empresas.
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As empresas estão em compasso de espera para tomar crédito, avalia, apontando que elas só estão usando as linhas para capital de giro momentâneo. “Com relação a outras finalidades, de prazos mais alongados, como investimentos, há um sentimento de empresas que é preciso esperar mais um pouco”, afirmou.
As pequenas e médias empresas e pessoa física, por sua vez, foram impactados pela cautela na concessão de empréstimos.
Para o executivo, os índices de inadimplência ainda vão piorar no segundo trimestre deste e talvez no terceiro. “Mas todos os sinais mostram recuperação. As novas safras de crédito têm níveis de inadimplência menor”, afirmou na teleconferência.
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Sobre a carteira de crédito, ele ainda reforçou que 95% da composição de novas carteiras são formadas por clientes de melhor “rating”. Segundo Lazari, essa é uma indicação de como essas carteiras devem se comportar ao longo de 2023. “Já vemos sinais positivos de uma inadimplência muito mais controlada”, afirmou.
O CEO apontou que o banco busca o equilíbrio na ampliação de receitas com juros, emprestando para o cliente com melhor “rating”, mas reconhece que há menos espaço hoje para acelerar concessões no segmento de menor risco. Para ele, haverá maior procura por crédito nos trimestres a frente.
Na teleconferência, o banco ainda apontou que a margem com o mercado tende a ficar positiva ainda este ano. Os executivos do banco chamam atenção para a melhora gradual das receitas com mercado do Bradesco, que seguiram em terreno negativo no primeiro trimestre de 2023. A expectativa é que a margem fique positiva no acumulado do ano e até mesmo no do segundo semestre.