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O rali dos últimos dias do mercado, com a queda das taxas de juros futuros que levou o Ibovespa a rondar novamente os 111 mil pontos, levou a uma rotação de ações não só de setores conhecidos como “de valor” para “de crescimento” como para ações do mesmo setor.
Um dos grandes destaques é a diferença de desempenho entre papéis do setor financeiro: as ações do Itaú (ITUB4) – entre as preferidas dos analistas – avançaram 4,40% no acumulado do mês até a última sexta-feira (26), enquanto os papéis do Bradesco (BBDC4) registraram um salto de 16%.
Boa parte dessa diferença de desempenho pode ser explicada pela procura por “pechinchas” na Bolsa (em 12 meses, o papel ITUB4 subiu 8,59%, enquanto BBDC4 caiu 16,26%, em meio à diferença dos resultados das companhias nos últimos trimestres) e pelo histórico de que o Bradesco costuma ter um desempenho relativo melhor em ciclos de corte de juros (que deve estar por vir no quarto trimestre, de acordo com projeções de economistas).
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A expectativa de flexibilização da política monetária por aqui, por sinal, levou o Morgan Stanley a reduzir, em meados de maio, a recomendação para os ADRs (recibo de ações, na prática, os papéis de empresas brasileiras negociados na Bolsa de Nova York) do Itaú (ITUB4) de overweight (exposição acima da média do mercado) para equalweight (exposição em linha com a média do mercado), cortando o preço-alvo de US$ 7,20 para US$ 6,80. Já o o Bradesco (BBDC4) seguiu como o preferido dos analistas, com a recomendação overweight e o preço-alvo para o papel BBD sendo elevado de US$ 5 para US$ 5,10. O Santander Brasil (SANB11) também teve a recomendação mantida em overweight, com o preço-alvo indo de US$ 7,50 para US$ 8.
Os analistas apontaram que a sua ação favorita, Bradesco, tem apresentado um equilíbrio no desempenho acima da média versus desempenho abaixo da média do mercado (exatamente 50%-50%) durante os últimos seis períodos de flexibilização monetária, além de manter o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE, na sigla em inglês) em doze meses mais estável entre os grandes bancos quando as taxas caem. Por outro lado, o Itaú sofreu mais do que seus pares durante e pré-flexibilização monetária.
Esses fatores, em conjunto com o sentimento atual excessivamente negativo sobre o nome e o valuation deprimido, deram mais confiança ao Morgan para reiterar o Bradesco como o banco de grande capitalização favorito. “No entanto, estamos rebaixando o Itaú de overweight para equalweight dada a extensa evidência de baixo desempenho quando as taxas caem. É difícil ignorar os resultados menos favoráveis do banco como reação à queda das taxas no passado (pelo menos frente os seus pares)”, avaliaram.
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O JPMorgan, por sua vez, destacou que o lucro líquido do Itaú tem ficado historicamente entre 30-40% acima do Bradesco. Porém, quando a Selic mergulhou para 2% (em 2020), o lucro do Bradesco superou o do Itaú. Em 2023, quando a Selic voltou a subir, a tendência se inverteu e agora o lucro do Itaú caminha para ser 1,7 vez maior que o do Bradesco: R$ 35 bilhões contra R$ 20,5 bilhões.
“Como nota lateral, não houve grande mudança no tamanho de ambos os bancos: o total de ativos do Itaú representa cerca de 1,35 vez o do Bradesco”, apontam os analistas.
Confira abaixo o gráfico do JPMorgan que mostra a relação entre os lucros do Itaú e do Bradesco (earnings: Itau/Bradesco) em relação à Selic (Avg. Selic):
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O JPMorgan, cabe ressaltar, tem recomendação overweight para ambas as ações, com preço-alvo de R$ 31 para ITUB4 (upside de 15%) e de R$ 19 para BBDC4 (upside de 18%).
Sobre o Itaú, os analistas do JPMorgan destacam gostarem de vários pontos sobre a empresa. “Acreditamos que o Itaú tem sido o banco brasileiro mais proativo em ajustar seu modelo de negócios ao ambiente mais desafiador dos últimos anos (níveis elevados de endividamento, deterioração das condições de crescimento, ambiente de taxas mais altas) reduzindo custos, fazendo aquisições oportunistas, melhorando o canal digital, com estratégias de proteção, etc. Além disso, acreditamos na forte criação de valor, com um lucro melhor do que seus pares seguindo como um vento favorável”, avalia.
Já sobre o Bradesco, o banco vê como positiva a sua diversidade de produtos e distribuição. “O Bradesco opera o maior negócio de seguros do Brasil. O banco também controla, por meio de convênio com o Banco do Brasil (BBAS3), a Cielo (CIEL3). Além disso, também vem investindo recentemente em canais digitais como Next, Digio, aprimorando sua corretora de varejo, entre outros”, avalia. O lucro e a qualidade dos ativos têm sido desafiados ultimamente, mas os analistas avaliam que os múltiplos atuais refletem essas questões, o que justifica a recomendação overweight.
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O BTG Pactual também destacou a diferença de desempenho entre as ações do setor financeiro, com a B3 (B3SA3), além do Bradesco (BBDC4), também registrando um forte desempenho frente ao Itaú.
Os analistas do BTG observam que foi vista uma reversão de tendência na última temporada de resultados (1T23), com ações que sofreram correções fortes nos últimos doze meses e no acumulado do ano, especialmente aquelas que se beneficiam de taxas de juros mais baixas, subindo.
A equipe de analistas também aponta que houve um grande interesse sobre o Bradesco durante roadshow (encontro com investidores) na Europa. “Apesar de reportar resultados acima do esperado, mas com ‘baixa qualidade’ no primeiro trimestre, a confirmação da administração de que o pior já passou e a percepção de que se beneficiará mais do que os pares de uma taxa Selic mais baixa foram suficientes para a performance da ação superar o banco premium brasileiro Itaú”, apontam.
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O BTG destaca, que nos últimos meses, tem se tornado mais construtivo em relação às ações brasileiras, principalmente devido aos valuations.
Porém, entre os bancos, reitera preferência pelo Itaú e BB em detrimento do Bradesco e do Santander, principalmente após o recente desempenho mais fraco dos primeiros. “Entendemos que o Bradesco se beneficia mais com taxas de juros mais baixas, mas existem ações muito melhores para aproveitar o ciclo de flexibilização monetária”, avalia a equipe de análise, destacando que o ROE do banco deve ter recuperação gradual.
Além disso, preferem aproveitar ciclo de flexibilização através do mercado de capitais com B3 e XP (XPBR31) em vez de bancos digitais e pagamentos. “Acreditamos que a ‘previsibilidade’ é maior e os valuations parecem mais razoáveis se um cenário de alta não acontecer”, apontam.
De acordo com compilação da Refinitiv, de 17 casas que cobrem o papel BBDC4, 5 recomendam compra, 7 manutenção e 5 venda, com preço-alvo médio de R$ 16,54, um potencial de valorização de 2,61% frente o fechamento de sexta-feira. Já para o ITUB4, as recomendações (ainda) são mais positivas: de 17 casas que cobrem o papel, 12 recomendam compra e 5 manutenção, com preço-alvo médio de R$ 31,58, ou um potencial de valorização de 17,44%.
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