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Enquanto diversas casas de análise têm revisado suas preferências para o setor bancário levando em conta o desempenho recente do setor e a perspectiva de queda da Selic no segundo semestre deste ano, o Bradesco BBI segue com sua postura cética de já algum tempo sobre os “bancões” brasileiros, mantendo recomendação equivalente à neutra ou venda para boa parte deles.
Em relatório chamado “Ainda procurando razões para ser otimista”, os analistas Gustavo Schroden, Otavio Tanganelli, Eric Ito e Camila Koga falam sobre os motivos para o rali recente dos ativos e porque seguem cautelosos com o setor.
A equipe de análise aponta como o desempenho dos preços das ações dos bancos brasileiros está relacionado ao custo implícito de capital próprio (COEs). No acumulado de 2023, os papéis do Banco do Brasil (BBAS3) são o grande destaque, com salto de 47%.
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“Os bancos brasileiros se recuperaram durante os últimos 30 e 90 dias, apesar do ambiente macro ainda desafiador e da questionável qualidade dos lucros em geral reportados no 1T23. Em nossa opinião, a razão por trás desse desempenho superior está mais relacionada à redução do custo de capital impulsionados por expectativas de cortes nas taxas de juros mais cedo do que o esperado do que por um visão de melhoria na qualidade dos lucros”, destacam os analistas.
Para eles, o crescimento dos lucros em 2023 e em 2024 ainda depende de uma aceleração na originação de crédito, pois já foi vista recentemente uma desaceleração rápida no crescimento em relação à margem financeira com clientes, após crescimento mais lento do crédito e redução do risco da carteira.
Segundo os analistas do BBI, os fundamentos dos bancos brasileiros não melhoraram para justificar revisões para cima. A qualidade dos ativos dos bancos ainda é uma preocupação e as margens financeiras (NIIs) têm desacelerado rapidamente.
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“De fato, os bancos brasileiros sob nossa cobertura têm superado o EWZ, fundo de gestão passiva atrelado à Bolsa brasileira (+13% nos últimos 30 dias versus +5% e +37% nos últimos 90 dias versus +19%, respectivamente). Enquanto isso, a qualidade dos ativos continuou se deteriorando tanto para pessoas físicas quanto para empresas”, cita a equipe.
O banco observa que os índices de inadimplência (NPL) para pessoas físicas se deterioram 20 pontos-base na base mensal em abril de 2023 (+70 pontos-base na comparação anual), assim como para empresas (cuja inadimplência subiu 80 pontos-base ano a ano). Enquanto isso, o crescimento da carteira de crédito total desacelerou, com crescimento mais lento da pessoa física e menor crédito para as empresas.
“Dessa forma, podemos ter um mix negativo fazendo com que o custo do risco permaneça alto por mais trimestres, enquanto a margem financeira com clientes deve continuar em desaceleração, sendo provável a recuperação a depender de um ambiente macro melhor que seja mais indutor para a aceleração”, avalia.
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O banco também reitera a diferença de desempenhos no setor, com Banrisul (BRSR6, alta de 48,5% em 2023) e BB como os destaques positivos, assim como o BDR (recibo de ações listadas no exterior e negociado na B3) do Nubank (NUBR33), com avanço acumulado de 72%. Já entre os piores desempenhos, estiveram as units do Santander (SANB11), com alta no ano de 10,35%.
Neste cenário, o banco reforçou recomendação neutra para Itaú (ITUB4), com preço-alvo de R$ 29, ou alta de 5% em relação ao fechamento de terça-feira (13) e para Banco do Brasil, com preço-alvo de R$ 48, ou um valor 3% abaixo do último fechamento. O BBI também tem recomendação neutra para Banco Pan (BPAN4), com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 5,30 (downside de 36%), para ABC Brasil (ABCB4), com preço-alvo de R$ 19 (upside de 4%) e para Banrisul (BRSR6), com preço-alvo de R$ 11 (downside de 21%).
As recomendações underperform (desempenho abaixo da média do mercado, ou equivalente à venda) são para SANB11, com preço-alvo de R$ 25 (downside de 16%) e para os ativos da NU Holdings negociados em Nova York (NU), com preço-alvo de R$ 3 (downside de 61%). A única recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) é para BTG Pactual (BPAC11), com preço-alvo de R$ 30 (upside de 2%).