Braskem (BRKM5): Ações caem mais de 5% e lideram quedas da Bolsa após rebaixamento de recomendação

Recomendação foi reduzida de compra para neutra; companhia negocia em múltiplos acima de pares e "pode levar tempo para parecer barata"

Camille Bocanegra

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As ações da Braskem (BRKM5) caem mais de 5% na manhã nesta quarta-feira (20) após BTG Pactual rebaixar os papéis da companhia de compra para neutra, com preço-alvo estabelecido em R$ 26,00. A Braskem lidera baixas do Ibovespa desde a abertura e, às 12h48, cai 5,03%, a R$ 21,92.

No relatório, o banco afirma que, após um início de ano otimista, o crescimento da demanda tem se apresentado abaixo das expectativas, mas compensado por crescimento da oferta, o que garante força no abastecimento do mercado.

Contudo, nas projeções do BTG, o segundo semestre pode ser ainda mais fraco do que o primeiro para Braskem e, além disso, a companhia negocia a múltiplos muito mais altos que seus pares.

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A companhia enfrentaria, ainda, “ventos contrários significativos no curto prazo” e o banco considera que pode levar tempo para que a companhia pareça barata.

As estimativas de EBITDA foram cortadas para 2023 e 2024 em 59% e 38%, respectivamente, e estão abaixo do consenso do mercado, que estaria negligenciando o aumento significativo na capacidade de resina no próximo ano, segundo o banco.

“Acreditamos que estar posicionado no início da cadeia de suprimentos ou investir em pares mais baratos oferece uma relação risco-retorno mais atraente do que investir na BRKM neste momento.”, diz o BTG.

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Venda da Braskem

A Braskem foi colocada à venda pela controlada Novonor em agosto de 2020 e, desde então, rumores de modelos e ofertas foram presentes. Em 2023, três ofertas não vinculativas ocorreram, mas ainda não há visibilidade de acordo final ocorrer no curto prazo.

Além disso, nesta semana, a Petrobras informou ao mercado estar em processo de “due diligence para eventual exercício de direito de preferência

A grande questão relacionada às três principais ofertas para compra da companhia é o impacto para acionistas minoritários, de acordo com o BTG.

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“Acreditamos que a BRKM acabará sendo vendida. Mas a incerteza está em saber se os acionistas minoritários se beneficiarão dos direitos de acompanhamento. Dentre as três ofertas apresentadas este ano, a proposta da Unipar parece a mais favorável aos acionistas minoritários”, diz o relatório.

Além da oferta da Unipar, há proposta da J&F, que oferece upside de preço 42% menor que a Unipar e adquire a dívida da Novonor, que pode ser convertida em ações da Braskem. Na proposta, não há garantia de tag-along para acionistas minoritários.

Apolo teria desistido de negociação

Por fim, a terceira proposta presente é a oferta da Adnoc (Abu Dhabi Nacional Oil Company, a petrolífera dos Emirados Arábes), que é bem recebida tanto pela Petrobras quanto pela Novonor. O acordo atualmente na mesa seria de criação de uma join venture 50/50 com a Petrobras, de acordo com relatório do Bradesco BBI.

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A oferta estaria sendo realizada sem a parceria do fundo Apollo Global, que teria desistido da negociação.  Segundo o BBI, a aquisição da Braskem pela Apollo teria sido frustrada após encontrar “portas fechadas na Petrobras” e também no próprio governo Brasileiro.

De acordo com o banco, no entanto, a ausência do player financeiro não seria uma questão prejudicial, uma vez que havia dúvidas se a Apollo poderia ser “um parceiro estratégico para a Braskem”, diz a análise. A mesma dúvida não haveria em relação à Adnoc, por se tratar de uma estatal.

Na oferta atual, há possibilidade da controladora Novonor continuar como acionista, de acordo com a análise do BTG.

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“Se a Novonor permanecer acionista, pode-se argumentar que não há mudança de controle na BRKM, potencialmente ignorando o gatilho de acompanhamento”, considera.

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