Bremmer, da Eurasia: invasão da Ucrânia é “ponto de virada na ordem global”; sanções devem incluir família de Putin e membros do governo

Agora, segundo Ian Bremmer, presidente da Eurasia Group, a economia russa deve se dissociar mais do Ocidente e se alinhar mais aos chineses

Bruna Furlani

Ian Bremmer, presidente e fundador da Eurasia Group (
Riccardo Savi/Getty Images)
Ian Bremmer, presidente e fundador da Eurasia Group ( Riccardo Savi/Getty Images)

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A invasão da Ucrânia pela Rússia na madrugada desta quinta-feira (24) deve tornar mais pesada a lista de sanções do Ocidente sobre os russos. Na visão de Ian Bremmer, presidente da consultoria política global Eurasia Group, mais medidas devem ser anunciadas nas próximas 24 horas. A opinião dele foi compartilhada em vídeo divulgado nesta manhã em site da Eurasia Group.

A expectativa, segundo ele, é de que agora as sanções afetem também membros da família e do governo de Vladimir Putin, presidente da Rússia, além de oligarquias do País –  sem contar que as medidas devem ficar ainda mais duras sobre as transações financeiras, acesso tecnológico e comercial entre os países do Ocidente e os russos.

Na publicação, o presidente da consultoria vai além: para ele, a invasão russa representa um “ponto de virada na ordem global”. A razão é que dentre as consequências a longo prazo do conflito estão uma maior dissociação dos europeus, especialmente em termos de comércio, gás e outros setores que possuem forte relação com a economia russa.

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Nesse caso, diz, os russos serão forçados a se alinhar mais aos chineses em termos de transações financeiras, exportação de energia e tecnologia.

“É uma posição de ‘súplica’ porque a China é muito mais poderosa do que a Rússia em termos de influência no cenário global”, afirmou. Emendou: “Putin não ficará feliz com isso, mas ele certamente ficará feliz ao se esforçar para reviver o império russo. Isso começa com a extensão para o sudeste da Ucrânia e com a destruição do governo ucraniano”.

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Os custos disso, afirma Bremmer, serão “imensos”. Apesar de ver toda a situação com grande tristeza, ele diz que uma das consequências desse movimento russo é que agora alianças como da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que perderam parte da relevância nos últimos anos, voltaram a ver a sua importância e a necessidade de que os países se alinhassem novamente.

Em sua visão, a invasão russa é apenas um sinal de que há uma falta de liderança no mundo hoje, o que facilita que atores e Estados mais “desonestos” consigam agir e se sentir impunes.

“Não há nenhum ator mais desonesto no mundo hoje do que Vladimir Putin e o governo russo, que estão engajados em cometer crimes contra a humanidade literalmente enquanto eu falo”, destacou.

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