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O resultado do primeiro trimestre de 2023 da BRF (BRFS3) foi o que os analistas de mercado esperavam, apesar de uma queda de 35% no prejuízo líquido, de R$ 1,58 bilhão para R$ 1,02 bilhão. Mesmo com a expectativa frustrada, o sell side viu pontos positivos no balanço da dona das marcas Sadia e Perdigão a longo prazo.
A despeito disso, os papéis da BRF tiveram uma das principais quedas do Ibovespa no pregão. Os papéis fecharam a sessão desta terça-feira (16) em baixa de 9,17%, a R$ 6,64.
Um deles foi o reporte de que houve captura de R$ 418 milhões em eficiências operacionais no período, dentre elas melhoras na execução comercial e na gestão das granjas. “A BRF entregou resultados mais fracos que o esperado. Por outro lado, a divulgação de ganhos de eficiência atingiu em grande parte o que esperamos da empresa até o segundo semestre”, escreveu o Santander.
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Em teleconferência do analista, o CEO da BRF, Miguel Gularte, lembrou destacou o “ajuste fino” feito na operação e na gestão de estoques de produtos na virada do ano, o que ofertou fôlego extra para melhorar a eficiência comercial.
“O nosso patamar de Fifo [indicador de estoques que significa ‘o primeiro que entra é o primeiro que sai’] está em níveis sustentáveis, mas vemos que ainda dá para melhorar. Com mais opções de exportação se abrindo, podemos ver uma situação melhor”, avaliou Gularte.
No trimestre, a BRF obteve o incremento de 16 novas fábricas habilitadas para exportar, sendo uma unidade em Cuba, uma na Argentina, outra no México e outras 13 reversões de embargos na China. Em fato subsequente, a empresa anunciou na manhã desta terça-feira (16) a reabilitação de sua planta em Lucas do Rio Verde (MT), uma das principais da companhia, para exportar aos chineses.
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“Essa é uma das plantas com maior capacidade de produção. É bastante representativo para nossa produção de frangos quanto de suínos”, reforçou o CFO da BRF, Fábio Mariano.
O executivo destacou ainda o potencial que essas plantas podem ter para retomar o desempenho das exportações da empresa. No 1T23, as exportações de carne de frango – principal proteína vendida pela empresa ao exterior – apresentaram margem Ebitda negativa de 1,7%, queda de R$ 106 milhões.
“As operações internacionais foram o ponto fraco do trimestre, registrando uma redução significativa nas margens após uma queda nos preços globais do frango”, avaliou o Itaú BBA, em relatório.
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Custos em queda
Outro ponto que está no radar do mercado é uma tendência de melhora nos custos da BRF em função da queda nos preços do milho e do farelo de soja, insumos que representam cerca de 30% dos gastos operacionais da empresa.
Fabio Mariano, CFO da BRF, lembrou que a empresa vem se preparando desde o ano passado para um cenário de queda dos grãos e que os primeiros sinais nos custos começam a vir. No primeiro trimestre, o custo do produto vendido (CPV) somou R$ 11,5 bilhões, avanço anual de 5,3%, mas queda de 6,7% em relação ao 4T22.
“Nós fizemos um trabalho importante com relação ao giro dos estoques, reduzindo a posição alongada no estoque de grãos, para justamente se antecipar ao cenário de retração nos custos”, afirmou.
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No entanto, o reflexo do menor custo do insumo tende a demorar cerca de um semestre para se materializar completamente no balanço, aponta o Bradesco BBI, que tem uma visão positiva sobre a BRF.
“O Ebitda abaixo do esperado não muda nossa visão, pois esperamos que a BRF se beneficie gradualmente do menor custo dos grãos, além das iniciativas de desinvestimento da empresa para reduzir sua alta alavancagem financeira [de 3,35 vezes a dívida líquida pelo Ebitda], que tem sido uma das principais preocupações dos investidores”, acrescentou.
O BBI tem recomendação de compra do papel, com preço-alvo em R$ 17. Já Santander e Itaú BBA têm visão neutra para o papel, com valor-justo estimado em R$ 9.