BRF (BRFS3): Goldman Sachs “eleva confiança” em recomendação de venda para ações após rali

As ações do frigorífico subiram 12,9%, a R$ 12,80, na sessão da última segunda-feira, com base nas expectativas de uma potencial inclusão no MSCI Brasil

Felipe Moreira

No Brasil, a BRF é líder de mercado em todas as categorias em que atua. (Foto Divulgação)
No Brasil, a BRF é líder de mercado em todas as categorias em que atua. (Foto Divulgação)

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O Goldman Sachs elevou a sua confiança na sua recomendação de venda para as ações da BRF (BRFS3) após os papéis da dona da Sadia e Perdigão fecharem com alta de 12,9% na sessão da última segunda-feira (6).

De acordo com o banco, os papéis foram impulsionados principalmente pelas expectativas do mercado de uma possível inclusão do ativo no rebalanceamento da MSCI Brasil, em meio a diversas especulações na véspera sobre o que teria motivado a alta dos papéis. O preço-alvo do Goldman é de R$ 7,70 por papel BRFS3, um valor 40% menor frente o fechamento da véspera, de R$ 12,80. Às 10h55 (horário de Brasília) desta terça-feira (7), os ativos BRFS3 caíam 1,72%, a R$ 12,58.

A nova carteira do índice MSCI entrará em vigor no dia 1 de dezembro, mas haverá uma primeira prévia da composição no dia 14 de novembro. A expectativa, segundo analistas do Bank of America e do Morgan Stanley, é de que a Magazine Luiza (MGLU3) deixe o MSCI Brazil para entrada da BRF.

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Embora o Goldman Sachs reconheça os aspectos técnicos potencialmente positivos a curto prazo, ele reitera sua visão cautelosa sobre a ação, pois vê uma combinação desafiadora de poder de precificação limitado, alta elasticidade da demanda, aumento da concorrência, “re-inflação” de matérias-primas para os próximos 12 meses e visibilidade limitada do fluxo de caixa livre.

Outro aspecto que pode ter levado a disparada das ações é a visão de que a BRF divulgará resultados melhores ante os outros trimestres (ainda que haja ceticismo por parte do mercado),  levando a uma redução das posições vendidas (que apostam na baixa dos ativos) no mercado.

Além disso, na semana passada, a XP atualizou as estimativas para BRFS3, elevando a recomendação de neutra para compra e subindo o preço-alvo de R$ 8,60 para R$ 15,70.

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Vale ressaltar ainda que a BRF anunciou a contratação do UBS Brasil, Banco Bradesco BBI, Banco Itaú BBA S.A. e do Banco Rabobank, para assessorá-la na estruturação e colocação inicial das cotas da 1ª Classe do Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC) Clientes BRF II de Responsabilidade Limitada, no montante de, no mínimo, R$ 800 milhões.

O fundo terá como política de investimentos adquirir direitos creditórios originados de operações comerciais realizadas entre a companhia e seus clientes.

Também no radar sempre quando há disparada das ações da BRF, os rumores sobre uma possível elevação na fatia da Marfrig na companhia ganham força; atualmente, a participação é de 45%. Contudo, segundo apuração feita pelo InfoMoney, a Marfrig não estaria envolvida na oscilação, sendo que, faltando uma semana para os resultados do terceiro trimestre serem revelados, a companhia não poderia comprar ações por ser um período vedado.

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A BRF divulgará seus números no próximo dia 13 de novembro, após o fechamento do mercado.

Em termos financeiros, apesar da melhora sequencial no nível do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), o Goldman Sachs prevê geração negativa de fluxo de caixa livre de R$ 521 milhões no 3T23, somando R$ 2,9 bilhões negativos no ano até agora (14% do valor de mercado atual da BRF), tornando difícil, na opinião do banco, justificar avaliações mais altas.

Atualmente, as ações da BRF são negociadas a 5,4 vezes com base na previsão de Ebitda para os próximos 12 meses.

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O Goldman Sachs comenta que preços mais baixos de grãos podem se traduzir em uma potencial deflação de custos de até 10,7% (em grande parte já precificada), mas os preços futuros estão começando a sugerir, mais uma vez, uma volta da inflação a partir de meados de 2024 em diante (por exemplo, as curvas a termo de 1 ano para o milho de Campinas estão 11,0% mais altas do que o preço atual).

“A maioria dos produtores locais aproveitou o melhor cenário de custos de matérias-primas para aumentar a produção, o que também adicionou pressão significativa aos preços domésticos, limitando parcialmente a melhoria na margem bruta dos empacotadores”, destaca o relatório.

Os alimentos processados seguiram a mesma tendência, com a Nielsen sugerindo uma queda sequencial de 2,3% nos preços em julho-agosto de 2023 (liderada pela Perdigão, com -3,1%).

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Além disso, na visão do banco, os mercados internacionais de frango continuam sob pressão devido ao excesso de oferta em curso (principalmente proveniente do Brasil), e os preços de exportação estão em média 3,6% mais baixos em dólar no trimestre.

Em termos de lucratividade, o consenso da Bloomberg para o Ebitda da BRF em 2023 foi ajustado em menos 27% no ano até agora, e o Goldman vê mais um risco de queda de 5% no 3T23.