BRF (BRFS3) mira recompra de dívidas e prevê redução de custos com grãos no segundo semestre; ação dispara 6,90%

Ganho de R$ 540 milhões em eficiência operacional, que contribuiu para um Ebitda acima do esperado foram destaques dos analistas

Rikardy Tooge

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Mesmo com um resultado negativo em R$ 1,34 bilhão na última linha do balanço do segundo trimestre, o mercado viu sinais positivos no resultado da BRF (BRFS3). Analistas destacaram que a geração de caixa, medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês), de R$ 1 bilhão veio acima das expectativas, refletindo os ganhos operacionais que a empresa vem anunciando nos últimos trimestres.

E, durante a teleconferência com o mercado, a dona da Sadia deu mais um sinal positivo ao sell side. A gestão da empresa reforçou a intenção de utilizar os recursos captados em seu último follow-on, de R$ 5,4 bilhões – a maior operação do ano até agora – para reduzir drasticamente seu endividamento, que passou dos R$ 15 bilhões no segundo trimestre. De acordo com o CFO da BRF, Fábio Mariano, a companhia poderá economizar de R$ 550 milhões a R$ 700 milhões com a recompra de dívidas.

“Nós pretendemos dar prioridade ao mercado de capitais [na recompra de dívida] versus as operações bilaterais, com bancos. Acredito que nas próximas semanas poderemos vir com novidades sobre a recompra de títulos”, afirmou Mariano, na conversa com analistas.

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As notícias parecem ter sido bem recebidas pelo mercado, com as ações da BRF fechando em alta de 6,90% na B3, a R$ 10,53.

Miguel Gularte, CEO da BRF (Divulgação)
Miguel Gularte, CEO da BRF: programa de eficiência foi bem avaliado pelo mercado e Ebitda surpreendeu (Divulgação)

Para o Itaú BBA, a dona da Sadia reportou resultados fortes em todos os segmentos, refletindo em um Ebitda 19% da estimativa do banco. “O plano de melhoria operacional da BRF roubou a cena no 2T23, contribuindo com R$ 540 milhões em eficiências e indicando que a administração está no caminho certo para entregar uma perspectiva de rentabilidade mais otimista à frente”, escreveu o analista Gustavo Troyano. Mesma visão do Bradesco BBI, que viu a geração de caixa acima do esperado como o principal ponto do balanço.

O CEO Miguel Gularte destacou que o plano de eficiência da empresa, chamado de BRF+, já gerou R$ 1,2 bilhão em ganhos operacionais desde que foi implementado no quarto trimestre de 2022. Segundo o executivo, nos três trimestres de execução, o programa já chegou a 51% do esperado pela administração. “Vemos nossos indicadores internos [KPIs] superando a base de 2019. Eclosão, mortalidade, logística, rendimento industrial. É possível entregar o que esperamos do BRF+ ainda em 2023 – mas ele será um programa de melhoria contínua”.

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Fábio Mariano reforça que a queda de 7% no custo do produto vendido (CPV) teve relação direta com os ganhos obtidos no segundo trimestre, de R$ 540 milhões. Neste sentido, ele indica que o efeito da queda nos preços dos grãos sobre o índice ainda está por vir – o que sinaliza uma perspectiva de alívio nas margens. “Podemos dizer que 70% do ganho de eficiência já foi reconhecido nas linhas de custos e despesas. [A queda de CPV] tem muito a ver com o programa de eficiência e pouco a ver com o cenário de grãos, que deverá surtir efeito no segundo semestre”.

“Os resultados marcaram um ponto de partida melhor do que o esperado para o segundo semestre de 2023, quando a BRF deve aumentar ainda mais a tendência de lucratividade, apoiada pelo benefício de menores custos de grãos, que ainda não é refletido no P&L da empresa”, acrescentou o Itaú BBA, que tem recomendação neutra para o papel, com preço-alvo em R$ 9, abaixo do valor de tela. O Bradesco BBI, por outro lado, tem recomendação de compra, com preço-justo estimado em R$ 17.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br