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As ações da C&A (CEAB3) registram uma sessão de forte alta nesta quinta-feira (2), de mais de 10%, após a companhia divulgar seus resultados do quarto trimestre de 2022 (4T22). Os papéis CEAB3 saltaram 12,37%, a R$ 2,38.
A varejista obteve um lucro líquido de R$ 212,9 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), montante 37,9% superior ao reportado no mesmo intervalo de 2021. A receita líquida, por sua vez, somou R$ 1,948 bilhão no quarto trimestre deste ano, crescimento de 4,7% na comparação com igual etapa de 2021.
O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 364,3 milhões no 4T22, um crescimento de 20,1% em relação ao 4T21.
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O Ebitda ficou 15% acima do esperado pela XP, dada a margem bruta de vestuário mais forte e um efeito positivo de créditos fiscais extraordinários. As vendas líquidas consolidadas cresceram 5% ano a ano, impulsionadas pelas vendas de vestuário que cresceram 3% na mesma comparação (vendas nas mesmas lojas com alta de 1%, versus queda de 2,5% da Lojas Renner LREN3) e pelas receitas de serviços financeiros do C&A Pay.
Os analistas ressaltam que a companhia enfrentou ventos desfavoráveis no trimestre, como o clima mais frio, impacto em fluxo dada a Copa do Mundo e demanda pressionada por smartphones frente ao macro mais desafiador.
Olhando para a rentabilidade, a margem bruta foi o destaque do resultado (alta de 3,5 pontos percentuais na comparação anual), impulsionada mais uma vez pelo vestuário (alta de 2,9 pontos ano a ano), frente à política de preços assertiva, melhores níveis de remarcações e ganhos com a implementação do push & pull, ou produção baseada na demanda (25% das vendas), e os resultados da C&A Pay.
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A margem Ebitda teve um crescimento de 1,9 ponto, uma vez que a expansão da margem bruta foi parcialmente compensada por maiores despesas administrativas e provisões no C&A Pay, embora a empresa tenha registrado queda nas despesas com vendas por menores investimentos em marketing, principalmente no canal digital, além de ganhos com eficiência logística pela automação do seu Centro de Distribuição.
Por fim, o lucro líquido foi de R$ 213 milhões, impactado positivamente por créditos tributários de R$ 133 milhões no trimestre, enquanto o ganho de capital de giro foi outro destaque, com melhora de R$ 240 milhões na linha de fornecedores (R$ 180 milhões) e recebíveis (R$ 80 milhões).
“Interessante notar que as lojas da ACE no formato double doors (que propõe uma experiência de compra diferenciada em uma das entradas da unidade, transformando-a em um ponto de venda proprietário da marca), estão operando com performance sólida, com um aumento de receita de 2 vezes em relação as vendas da marca uma vez convertidas e as vendas de 2022 em alta de 23% na base anual”, avalia.
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A companhia comentou que o cenário continua incerto e, por isso, reiteraram que mantém o foco nos resultados operacionais, mantendo uma posição de caixa sólida através de investimentos diligentes. A XP mantém recomendação Neutra, com preço-alvo de R$ 3,50, frente ao cenário macro mais desafiador.
A Eleven Financial também destaca que, seguindo a tendência de melhoras sequenciais, a C&A apresentou um bom resultado, embora ainda afetada pelo ambiente macroeconômico e efeito climático, além de uma Black Friday atípica. O destaque positivo novamente foi um operacional acima do esperado e ganho de rentabilidade.
Apesar de ainda enxergarem um ambiente desafiador no curto prazo, devido ao cenário mais adverso para o varejo de baixa renda, os analistas da Eleven veem a companhia entregando a cada trimestre melhoras no seu operacional, com o C&A Pay tendo um desempenho acima do esperado, completando um ano de operação com 2,5 milhões de cartões e representando 16% das vendas no trimestre. “Dessa forma, mantemos nossa recomendação de compra com preço alvo de R$ 3,20 para o
final de 2023”, afirma.
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Já para o Bradesco BBI, a varejista reportou resultados mistos para o 4T22, com crescimento de receita amplamente em linha com a estimativas, enquanto lucratividade e geração de caixa ficaram acima das expectativas, suportadas essencialmente por itens não recorrentes.
Apesar do Ebitda reportado acima do esperado e da boa melhora na dívida líquida, os analistas veem as alavancas que sustentaram esses números (ou seja, itens não recorrentes e um ciclo de pagamento aos fornecedores muito mais longo) como difíceis de serem sustentáveis daqui para frente. “Portanto, no final das contas, os lados positivo e negativo do trimestre podem acabar se compensando, em nossa opinião”, aponta.