Carrefour Brasil (CRFB3): Citi eleva recomendação para compra após forte queda, mas vê ação como de “alto risco”

Para analistas do banco a ação já precifica os principais desafios do curto prazo, mas monitoram potenciais barreiras a maiores altas

Equipe InfoMoney

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Em relatório desta quarta-feira (17), analistas do Citi elevaram a recomendação para as ações do Carrefour Brasil (CRFB3) de neutra para compra, estabelecendo preço-alvo de R$ 15 (potencial de valorização de 56%), citando atualização de modelo após os resultados da companhia no primeiro trimestre de 2023 (1T23).

Em relatório a clientes, os analistas do Citi lembraram que as ações do maior varejista de alimentos do país acumulam queda de mais de 30% no ano até o momento, o que mostra que a ação já precifica os principais desafios do curto prazo.

São eles: os problemas de integração com o BIG (como as provisões recentes e as maiores despesas gerais e administrativas), a desinflação de alimentos, o ambiente de maior competição no atacarejo (notoriamente com o Assaí ASAI3) e o ambiente de crédito complicado (o que é ruim para o banco Carrefour).

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Dito isso, apesar de elevar a recomendação, o Citi classifica a ação do Carrefour como de alto risco por três motivos: 1) a integração com o BIG ainda está em andamento (com conclusão prevista para 2023), o que significa riscos de execução persistentes, 2) visão cética do banco sobre a contínua remodelação da gestão e 3) alta alavancagem, com uma relação entre dívida líquida e lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de 2,4 vezes, apesar da natureza de “vaca leiteira” do negócio de atacarejo.

Justamente essa exposição ao atacarejo, que responde por 66% das vendas líquidas do grupo e 70% do Ebitda, gera maior otimismo para o banco. “Esta exposição naturalmente permite maior conversão de caixa, ou seja, ciclo de caixa negativo (18 dias). Mesmo em nossas suposições mais conservadoras para vendas, margens e custo da dívida (ou seja, taxas de juros mais altas), estimamos o rendimento do FCFE [ fluxo de caixa livre para o acionista] de cerca de 7% para 2024 e de 10% para 2025”, avaliam.

Ainda há um cenário positivo com a monetização de ativos imobiliários.  Em 11 de maio, o grupo anunciou ter iniciado negociações exclusivas com a gestora Barzel Properties para uma operação de sale lease back de cinco centros de distribuição e cinco lojas por cerca de R$ 1,3 bilhão. A transação financeira de sale lease back é quando se vende um ativo e o arrenda de volta a longo prazo; portanto, continua a ser capaz de usar o ativo, mas não o possui mais.

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Para os analistas, embora o valor seja pequeno em relação ao valor de mercado da empresa (cerca de 5%), acreditam que chamou a atenção para os ativos imobiliários do grupo. “A empresa ainda precisa liberar todo o potencial de seus ativos imobiliários por meio do braço de desenvolvimento em potencial; espera- se que este negócio gere R$ 1,5 bilhão em NOI (ou Receita Operacional Líquida) – ou R$ 7,00 por ação, a 10% cap rate (bruto de aluguéis maiores a serem pagos pela divisão de Alimentos)”, afirmam.

Entre os desafios a serem monitorados, os analistas apontam que, na divulgação de resultados do 1T23, a empresa citou o  “cenário competitivo mais difícil, especialmente no formato de atacarejo…”.

“Com as inaugurações de lojas do Assaí e do Atacadão (este último do Carrefour) e a conversão de mais de 158 unidades nos últimos dois anos, não descartamos que o crescimento de receita possa continuar volátil até que o ambiente se recomponha (ou essas unidades sejam totalmente convertidas). Além disso, a inflação de alimentos está desacelerando rapidamente, o que também pode pesar no desempenho das vendas de curto prazo”, apontam.

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Às 10h52 (horário de Brasília) desta quarta, as ações subiam 1,04%, a R$ 9,74.