Cielo (CIEL3) deve continuar a ganhar mercado no 4º trimestre frente outras adquirentes, apesar de cenário macro

Juros mais altos devem impactar volume de transações mas companhia deve surfar "retorno à racionalidade" por parte de competidores

Vitor Azevedo

(Divulgação/Cielo)
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A Cielo (CIEL3) abre a temporada de balanços brasileira na próxima quinta-feira (26). Apesar das tendências ruins para o setor de adquirência levando em conta o cenário macroeconômico, a companhia, cujas ações tiveram a maior alta do Ibovespa em 2022, deve trazer alguns bons resultados, segundo analistas.

Para o Goldman Sachs, por exemplo, a Cielo deve ser a adquirente que mais ganhará market share [fatia de mercado] entre outubro e dezembro.

“Esperamos que o volume total de pagamentos (TPV, na sigla em inglês), irá desacelerar no quarto trimestre, já que a atividade de varejo deve vir mais fraca, como mostram indicadores econômicos preliminares”, comentam os analistas do banco americano. “O crescimento do TPV das adquirentes [listadas em Bolsa] deve cair, mas continuará maior do que o crescimento da indústria”.

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Um dos carrascos das ações da Cielo no passado recente foi, principalmente, a competição no setor em que atua. Seus diretores destacaram nas últimas teleconferências de balanços que a companhia foi muito impactada pelo fato de existir uma “irracionalidade” entre as demais adquirentes, que mantinham suas taxas de serviço muito baixas, de formas não sustentáveis, para manterem suas participações de mercado.

Agora, apesar de os juros mais altos inibirem o consumo, a Cielo vem se beneficiando do aumento – atrasado – das taxas cobradas de suas concorrentes.

Após ter seu market share caindo desde 2019, a companhia está voltando a crescer – o Goldman vê a Cielo trazendo alta de 80 pontos-base no trimestre, chegando a 27,6% de participação do mercado, ante 11,6% da Stone e 11% da PagSeguro.

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Além disso, o banco americano vê a adquirente trazendo uma receita de R$ 2,7 bilhões no quarto trimestre, com alta de 6% no trimestre, mas queda de 11% ano.

O lucro líquido deve ficar em R$ 444 milhões, “positivamente impactado por uma alíquota efetiva de impostos menor, após o pagamento de R$ 239 milhões em juros sob capital próprio”, subindo 5% no trimestre e 32% no ano.

“A receita líquida deve expandir 6% no trimestre e cair 11% no comparativo anual, impactada pela venda do MerchantE,  e esperamos que o TPV aumente 5% no trimestre e 12% no comparativo anual, enquanto o rendimento da transação deve permanecer em 0,73%”, avaliam. “Custos e despesas devem aumentar em 11% e 14% no trimestre, respectivamente, ainda pressionados no trimestre pela expansão da força de vendas. Assim, esperamos que o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) diminua 3% no trimestre, para R$ 778 milhões”, complementam os analistas.

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Outras casas de análise vão no mesmo sentido.

“Vemos um risco negativo para o crescimento do TPV após dados fracos recentes para a atividade de varejo no final do ano. Para a Cielo, mantemos nossa projeção de lucro reportado de R$ 443 milhões, embora vejamos um pequeno risco de alta após a decisão de maximizar o pagamento de JCP [juros sobre o capital próprio]”, apontam os especialistas do JP Morgan.

A Genial Investimentos, citando a venda da MerchantE, prevê que a adquirente trará um lucro maior, de R$ 463 milhões, uma vez que a empresa vendida era uma detratora nos ganhos da companhia – com prejuízo de R$ 41 milhões no quarto trimestre de 2022.

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“Para 2023, esperamos um ano com expansão dos resultados, marcados por uma carteira já reprecificada, apesar de esperarmos uma volumetria mais fraca, caindo de uns 25% em 2022 para 10-15% em 2023, por conta de um cenário macroeconômico mais desafiador somada a uma menor emissão de cartões por parte dos bancos e fintechs”, diz a equipe da corretora.

De acordo com o consenso Refinitiv, a Cielo deve trazer uma receita de R$ 2,94 bilhões no quarto trimestre, um Ebitda de R$ 1,18 bilhão e um lucro líquido de R$ 441,2 milhões.