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BUENOS AIRES – Na semana passada, o São Paulo Futebol Clube anunciou a contratação do jogador Giuliano Galoppo, do clube argentino Banfield. A notícia da transferência, comum no mercado do futebol, ganhou espaço também nos cadernos de economia. O motivo é que o pagamento foi feito com USD Coin (USDC), uma stablecoin, por meio da exchange latino-americana Bitso.
Thales Araújo de Freitas, CEO da Bitso no Brasil, chamou a transação de um “momento histórico para a corretora, para o São Paulo e para o futebol sul-americano de forma mais ampla”.
E não é por acaso que o clube brasileiro, um dos maiores do país, experimentou criptomoedas em uma negociação. Em janeiro, a Bitso, primeiro unicórnio cripto da América Latina, tornou-se patrocinada do time, dono do Estádio do Morumbi.
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O anúncio gerou particular interesse na Argentina, onde foi interpretado como uma tentativa do Banfield de contornar as atuais restrições cambiais do país, que obrigam os exportadores (inclusive de jogadores) a converter dólares americanos em pesos argentinos (ARS) no prazo de cinco dias após a transação.
O uso da stablecoin para fugir do Banco Central da Argentina (BCRA) nesse caso faria sentido porque a instituição bancária não menciona a palavra criptoativo em seus regulamentos.
Se o Banfield fosse obrigado pelo BCRA a liquidar o valor recebido no mercado de câmbio oficial, usaria a cotação de 131 pesos argentinos por dólar. No entanto, no mercado informal, a moeda americana tem a cotação real de 300 pesos argentinos.
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Dante Disparte, diretor de estratégia da Circle, uma das empresas por trás da USDC, tuitou que o ativo digital foi usado “como meio de pagamento para evitar o risco cambial”.
Em novembro, a Circle e a Bitso formalizaram um parceria para lançar um produto de transferência internacional e, até agora, o relacionamento tem tido sucesso. A exchange processou US$ 1 bilhão em remessas de criptomoedas entre o México e os Estados Unidos no primeiro semestre de 2022 – um aumento de 400% em relação ao mesmo período do ano passado – e planeja processar mais US$ 1 bilhão até o final de dezembro.
A operação entre os clubes São Paulo e Banfield pode ter custado menos do no no sistema Swift, plataforma internacional de troca de informações bancárias.
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Entretanto, o clube argentino pode não conseguir, ainda assim, evitar o risco cambial, como disse Disparte. Isso porque a equipe será obrigada a converter o valor total da transação em pesos argentinos pela taxa de câmbio oficial do país, disseram fontes do BCRA ao CoinDesk.
Nenhum dos clubes divulgou valores, mas o negócio foi estimado em US$ 8 milhões pelo jornal argentino La Nación. É uma quantia significativa para um time do tamanho do Banfield.
O uso de criptomoedas também cria outras dificuldades para o time argentino. Por ter negociado USDC, o clube será proibido por 90 dias de acessar o mercado de câmbio oficial para comprar jogadores com base na taxa oficial, seguindo uma resolução do BCRA publicada na semana passada.
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O Banfield, se mantida a palavra do BCRA, receberá 1 bilhão em pesos argentinos após a transação. No entanto, receberia 2,4 bilhões da moeda oficial do país se utilizasse o câmbio informal, onde a cotação do dólar é 130% mais alta, pois as reservas do BCRA estão esgotadas e negativas em US$ 4 bilhões.
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