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SÃO PAULO – Em meio a uma grave crise na Argentina, com uma desvalorização da ordem de 50% do peso em relação ao dólar desde as primárias eleitorais do país e o encolhimento das reservas internacionais em US$ 10 bilhões, o governo vem tentando conter a saída da moeda americana do país e reduzir os impactos na economia.
Apesar dos esforços, o tom do mercado financeiro segue pessimista com relação ao futuro do país. O Goldman Sachs, por exemplo, já projeta a maior recessão argentina em 18 anos.
Em relatório publicado na sexta-feira (30), a equipe de análise do banco revisou suas projeções para a economia e agora espera uma contração mais profunda do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2019, de 3,2%, ante estimativa anterior de queda de 1,1%. Já para 2020, o Goldman passou a prever uma queda da economia argentina de 1,6%, ante previsão de expansão de 2,3%.
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“Prevemos que o país irá vivenciar três anos consecutivos de queda do PIB, o que parece se tornar a recessão mais profunda e longa desde a crise de 2001”, escreveu Tiago Severo, que assina o relatório.
Na avaliação do banco, o aumento das incertezas políticas e as mudanças nas condições financeiras do país deverão pesar sobre as perspectivas, com uma esperada reversão na tentativa de estabilização da atividade e impedindo, de certa forma, um recuo mais palpável da inflação, que chegou a ser observado nos últimos meses.
Medidas insuficientes?
No último domingo (1), o presidente Mauricio Macri anunciou uma série de medidas para tentar garantir o “funcionamento normal” da economia e aquecer a atividade. Entre elas está o estabelecimento de um limite de US$ 10 mil por mês para a compra de dólar por pessoas físicas, além da exigência de autorização prévia para transferências ao exterior.
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O Credit Suisse destaca que as medidas não são tão amplas quanto as implementadas no segundo mandato de Cristina Kirchner, iniciado em dezembro de 2011, e assinala que as determinações podem ter um efeito negativo sobre o sentimento, adicionando ainda mais pressão sobre a moeda argentina. Segundo economistas do banco, as reservas internacionais caíram cerca de US$ 3 bilhões entre quinta e sexta-feira da semana passada.
“O governo estava com poucas opções depois do anúncio da nova estratégia com relação ao endividamento, que havia sido anunciada na última quarta-feira (28)”, diz a instituição financeira, referindo-se ao pedido de renegociação com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao alongamento do prazo para o pagamento de dívidas.
Ainda de acordo com o Credit Suisse, apesar de o governo ter determinado um prazo de até 31 de dezembro para a vigência do decreto, não parece improvável que o período seja estendido, dada a fragilidade financeira do país.
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