Com novas manifestações, qual cenário considerar para o petróleo até o final do ano?

Enquanto analistas elevam suas perspectivas para a commodity, Société Générale faz um prognóstico da situação

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Desde os distúrbios em Tunísia e Egito, que culminaram na saída de Zine El Abidine Ben Ali e Hosni Mubarak após intensas manifestações populares, a situação política no Oriente Médio e no norte da África estão novamente entre os principais fatores de risco do mercado, cujos principais termômetros são os preços do petróleo.

Por conta do temor de que a produção da commodity em países como Argélia, Bahrein e Iêmen seja paralisada, como ocorre na Líbia, bancos de investimento e diversos analistas elevaram suas perspectivas para o barril de petróleo este ano, a fim de englobar o ‘novo risco’.

Na segunda-feira (7), a equipe de análise do Citigroup elevou suas projeções para 2011 ao tipo WTI, negociado em Nova York, de US$ 91 para US$ 94, enquanto ao Brent, de Londres, de US$ 90 para US$ 105, incorporando a elevação das cotações ao longo dos últimos meses, além do “prêmio pelo medo” ante a ameaça de uma quebra na oferta do produto.

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Nesta manhã de terça-feira (8), em palestra concedia no emirado árabe de Dubai, Nouriel Roubini declarou que algumas economias desenvolvidas deverão engatar um processo de recessão, assim como fora visto em 2008, caso o petróleo volte a ser negociado acima dos US$ 140 em Nova York.

Na última semana, quem se manifestou foi a equipe de análise do Goldman Sachs, que elevou sua estimativa do barril tipo Brent para US$ 105 até o final do ano, em função das manifestações na Líbia – a cada dia mais violentas, durando mais do que o esperado inicialmente.

Em meio a toda esta preocupação com o futuro do barril de petróleo, que também esbarra nas expectativas de inflação, qual cenário o investidor deve precificar em sua análise? Há indícios suficientes para tanta apreensão?

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Os cenários possíveis
Concentrada neste aspecto, a equipe de análise do Société Générale traçou três cenários possíveis para o petróleo este ano, todos abrangendo os conflitos na Líbia e as respectivas repercussões no nível de produção global da commodity.

1º cenário
Na primeira hipótese, o banco francês precifica apenas o corte de produção por parte da Líbia, que nada mais é do que o cenário atual. Ou seja, redução de 1 milhão de barris de petróleo por dia, segundo estimativas da AIE (Agência Internacional de Energia).

Por conta desta perspectiva, a produção diária do país recuaria de 1,65 milhão de barris para entre 600-650 mil barris, número, que na visão da equipe, pode recuar ainda mais. Em função do retrocesso, a Arábia Saudita precisou agir, elevando sua produção em 400 mil barris, para 9 milhões de barris diários.

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Entretanto, o principal produtor de petróleo da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), possível válvula de escape para equilibrar a oferta, não produz um óleo de grande qualidade, afirma a equipe. Ademais, o aumento da produção afeta as reservas do país, movimento que não é desejado pelo governo local.

Neste cenário, o preço do barril tipo Brent negociado em Londres, segundo as projeções do Société Générale, encerraria o final do ano entre a faixa de US$ 110 e US$ 125, sendo a faixa mais conservadora.

2º cenário
O segundo cenário engloba, além do corte da Líbia, a redução por parte de outro pequeno produtor da região e a manutenção das tensões no Oriente Médio e no Norte da África, situação precificada por grande parte do mercado.

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Um dos países citados pela equipe, mas que não necessariamente entrará em conflito, é a Argélia, já que sua produção e exportação são próximas da Líbia, na faixa de 1,5 milhão de barris por dia.

Neste cenário, a Arábia Saudita entraria novamente em cena e sua capacidade ociosa “definharia” de vez, necessitando urgentemente da intervenção da Opep e da AIE, a fim de equalizar o quadro e não só jogar toda a responsabilidade para o maior produtor.

Assim, o preço do barril tipo Brent negociado em Londres encerraria 2011 dentro da faixa de US$ 125 e US$ 150, aproximando-se dos patamares recordes vistos no rali do primeiro semestre de 2008.

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3º cenário
O terceiro cenário seria o emprego total da capacidade ociosa da Arábia Saudita, o que aconteceria caso nenhuma providência urgente seja tomada neste momento, somado a algum conflito que afetasse os dutos sauditas, combinação que levaria o tipo Brent para a faixa de US$ 150 a US$ 200.

Caso seja concretizada, a situação poderia ser “caótica”, afirma o banco, independentemente da volta ao normal da produção de países como Líbia ou Argélia, em função da representatividade da Arábia Saudita para a exportação e produção mundial de petróleo.

Com relação aos conflitos, Amrita Sen, analista do Barclays, pede muita atenção para os ataques do grupo Al-Qaeda em Iêmen. “A Al-Qaeda já planejou atacar a infraestrutura saudita em ocasiões passadas”, afirma a analista, que não descarta novas investidas, em vista da proximidade de Iêmen da Arábia Saudita, onde o grupo vem fazendo oposição.

Entretanto, Amrita Sen lembra que a segurança nos dutos daquela região foi reforçada, minimizando os riscos, mas todo cuidado é pouco quando se trata dos terroristas da Al-Qaeda, grupo apontado como responsável pelos atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos.

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