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SÃO PAULO – O mercado se encontra em uma encruzilhada: há argumentos que sustentam tanto uma alta mais forte para o mercado quanto que favorecem uma correção. De novembro pra cá, o índice vai deixando topos e fundos ascendentes, o que denota uma formação de tendência de alta.
“Existem fatos correntes que sustentam as duas teses, a pergunta é para qual dos lados o mercado vai dar mais atenção ou peso”, avalia Daniel Cunha, economista da XP Investimentos. Ele acredita que o mais provável é que o mercado continue otimista, dando mais peso para os argumentos otimista.
De qualquer forma, o mercado pode ganhar volatilidade nas próximas semanas. No momento, ela está em patamares mínimos, mas conversas preocupantes sobre moratória na Grécia voltaram a aparecer, enquanto os problemas nos EUA e no resto da Europa estão longe de serem resolvidos. “O grande teste de humor no curto prazo será a resolução do teto da dívida nos EUA”, afirma Cunha.
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Confira os argumentos usados pelos dois lados:
Touros | Ursos | ||
Motivo | Explicação | Motivo | Explicação |
Mercado imobiliário norte-americano está melhorando | O mercado imobiliário, junto com a questão do desemprego, foi o grande vilão nos EUA desde a crise de 2008, com grandes estímulos de liquidez para fortalecer a compra e venda de casas por lá. | Demanda e crescimento do crédito continuam fracos nos EUA | A demanda por novos produtos continua fraca nos Estados Unidos, assim como o credito ao consumidor. Sem uma retomada mais efusiva das duas, é difícil imaginar uma retomada mais agressiva do ritmo de crescimento, já que as engrenagens da economia estão fracas. |
Renda das famílias está crescendo nos EUA e pode tirar a economia da “armadilha de liquidez” | Para combater a crise, Ben Bernanke, presidente do Fed, injetou grandes quantias na economia norte-americana. O dinheiro, porém, acabou preso nos bancos – ao mesmo passo que a taxa nominal de juro é praticamente 0%, impedindo-a de cair novamente. Dessa vez, a renda voltou a crescer e pode aumentar os valores circulantes na economia, estimulando-a crescer. | O crescimento do endividamento familiar nos EUA está vindo de uma “bolha no financiamento estudantil” | Algumas vozes do mercado temem que um “excesso” de investimentos governamentais esteja criando uma bolha de crédito em relação aos financiamentos estudantis, justamente o tipo de crédito que não estimula a demanda por novos produtos. |
Líderes chineses estão aversos à tomar medidas de rebalanceamento | Espera-se que a China precisará iniciar medidas para mudar seu paradigma de crescimento, hoje fortemente voltado para exportações e investimentos em infraestrutura, para algo focado no consumo interno. Isso deve atrasar seu crescimento, embora venha a ser necessário. | Os investimentos em negócios continuam fracos nos Estados Unidos | A retomada do crescimento norte-americano também depende de outro fator: investimentos no setor produtivo. No momento, isso continua fraco, a despeito dos sinais de melhoras em outros setores. |
Os bancos centrais estão empenhados em uma campanha de afrouxamento monetário | Praticamente todas as autoridade monetárias estão derrubando as taxas de juros ao redor do mundo, já encontrando patamares reais negativos. Além disso, o Fed e o BCE (Banco Central Europeu) já iniciaram conversas para iniciar linhas de crédito em dólares para bancos do velho continente como forma de amenizar a crise por lá. | Bancos centrais estão “sem munição” | Os bancos centrais já não podem fazer muito para estimular a economia: juros zero e programas de compra de ativos já estão “ligados”, mas seus efeitos não foram capazes de fazer a economia voltar a andar. |
Inflações nos EUA e China estão baixas | Com tantos estímulos monetários, esperava-se que os preços de produtos pudessem disparar nos EUA e China, o que obrigaria esses países a tomarem de uma política monetária mais prudente. Contudo, o que se vê ainda é uma tímida evolução nos preços dessas duas economias. | Programas como o “Quantative Easing” e os juros baixos devem acabar | A expectativa é que os programas de compras de ativos em larga escala iniciados pelo Fed devem acabar no início de 2014. Sem o dinheiro injetado, é capaz de vermos uma retração da economia – já que, na teoria monetarista, a injeção tem evitado uma depressão. Além disso, a política de juros baixos deve desaparecer no final de 2014 por lá, caso a inflação incomode as autoridades. |
PMI de países emergentes estão subindo | Os PMI (Purchasing Manager Index) são bons indicativos do desempenho das economias, tanto no setor de serviços quanto no setor de manufaturas. A elevação desse número indica a melhoria da economia dos países que tem sido o motor do crescimento mundial nos últimos anos. | PMIs dos países desenselvidos continuam se deteriorando | Enquanto os PMI dos emergentes sobem, os dos desenvolvidos caem. A queda desses números indica que os países de maior economia no mundo estão vendo a situação piorar nesses setores. |
Abismo fiscal foi resolvido sem grandes danos à economia nacional | O abismo fiscal foi o assunto do último trimestre, já que ele tinha o potencial de destruir até 4% do PIB (Produto Interno Bruto) norte-americano em 2013 – jogando o país de volta à uma recessão. Contudo, o evento foi evitado um dia antes, sem trazer grandes estragos para a economia dos EUA, que deverá continuar crescendo em 2013. | A discussão do teto da dívida nos EUA | Já o próximo ponto de preocupação, o teto da dívida norte-americano, ainda precisa ser votado em definitivo. Em 2011 o mercado já sofreu com esse mesmo impasse, que foi resolvido apenas um dia antes da possível moratória, mas não impediu que o rating AAA dos EUA fosse cortado pela Standard & Poor’s. |
Europa não resolveu os problemas estruturais com os salários e o comércio | A crise é mais profunda do que o endividamento dos países perífericos. Ela também é um sinal de que a economia desses países é cambaleante, seja por leis trabalhistas muito rígidas, seja por condições inferiores de trabalho e produtividade do que nos países centrais, como Alemanha e França. | ||
Recessão na Europa não alivia | Além disso, ainda há muitos temores de que a recessão afunde ainda mais as economias da região – exceção da Alemanha, que tem conseguido se manter em crescimento. |