Commodities e desinflação no Brasil: os dois fatores que levam o Ibovespa de volta aos 120 mil pontos na sessão

Avanço do minério impulsiona Vale, enquanto IPCA melhor do que o esperado puxa ações de varejistas para fortes ganhos

Estadão Conteúdo

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O apetite por risco moderado internacional atinge o mercado doméstico, principalmente os juros futuros e o Ibovespa, que renovou máxima na parte final da manhã desta sexta-feira (10), tocando de novo o nível dos 120 mil pontos.

Além do recuo dos rendimentos dos Treasuries, a curva interna de juros se beneficia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro, reforçando desinflação no Brasil.

Além do tom positivo dos índices futuros de Nova York, o principal indicador da B3 se beneficia de Petrobras (PETR4), cujas ações tentam subir, de olho na teleconferência da empresa, após divulgar balanço. Já os papéis do Bradesco (BBDC4) cediam em torno de 2,00%, depois de informar lucro menor no terceiro trimestre.

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O Ibovespa acelerou a velocidade de alta há pouco, alcançando nova máxima (120.170,83 pontos, em elevação de 0,95%) e conquistando quase 1.100 pontos ante a abertura (119.035,85 pontos). Os motivos da alta passam por fatores externos, além de macroeconômicos e microeconômicos internos.

“Vemos calmaria nos juros do Tesouro dos Estados Unidos e o próprio cenário interno tem sido de fluxo positivo. Houve aprovação da reforma tributária e sinais do governo de que não mudará a meta por ora. Hoje, tivemos o IPCA menor do que o esperado e algumas empresas estão mostrando resultados trimestrais melhores. O cenário micro começando a ficar mais positivo”, avalia Felipe Moura (Finacap Investimentos).

Por aqui, o IPCA de outubro é vem visto. O dado de inflação, de 0,24% em outubro ante 0,26% em setembro, ficou abaixo da mediana de 0,29%, e acumulou 4,82% em 12 meses (mediana em 4,87%). O resultado ficou acima do teto da meta, de 4,75%.

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O resultado reforça a percepção de que a inflação está sob controle, avalia o economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung. Neste contexto, afirma em nota, “dá segurança” para que o Banco Central continue realizando cortes na taxa básica de juros.

“Quando observamos a composição do IPCA, o cenário segue apresentando uma trajetória benigna para a inflação”, diz. Conforme o economista, após o pico do setembro, a inflação deve arrefecer até o fim do ano – estima 4,62% para o fim de 2023. A marca é inferior à meta de 4,75%.

Apesar do processo de desinflação retratado no IPCA de outubro, Mathias ressalta que as dúvidas fiscais, sobretudo quando se pensa em alteração da meta, podem atrapalhar essa dinâmica. “Não é que teremos uma crise, mas estávamos caminhando para um cenário muito bom, com chance de ser brilhante, só que agora pode ser só bom”, analisa Alexandre Mathias, estrategista chefe da Monte Bravo.

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Apesar da leve alta das bolsas norte-americanas, o petróleo sobe acima de 1,00% e o minério de ferro avançou 2,56% em Dalian, na China. “Aparentemente, vamos na direção do nosso cenário-base, de que o Fed pare os juros em 5,50% e que a China crescerá em torno de 5,00% nos próximos anos. Isso tudo favorece preços de ativos de riscos globais, inclusive o Brasil”, avalia Mathias, da Monte Bravo.

Ontem, o Índice Bovespa fechou em queda de 0,12% (110.034,14 pontos), após atingir máxima diária ir aos 120.256,62 pontos, ante 120.170,83 pontos alcançados há instantes, também na máxima. Às 11h09, subia 0,79%, aos 119.995,57 pontos.

Vale (VALE3) subia 1,12%, enquanto Petrobras tinha alta de 0,19% (ON) e recuo de 0,14% (PN). Bradesco caía acima de 2,00%.

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Já algumas ações ligadas a juros subiam, caso de Casas Bahia (BHIA3), com ganhos de 5,70%; Magazine Luiza (MGLU3), com 4,09% de alta, por exemplo.

Na semana, agora o Ibovespa acumula ganho de 1,55%, ante alta de 4,29% na passada.