Como foi o Carnaval da Ambev (ABEV3)? Chuvas fortes podem ter impactado vendas, mas preços trazem um bom sinal

Segundo JPMorgan, indústria conseguiu sustentar preços em patamares altos, mesmo em período em que concorrentes se tornam agressivos

Felipe Moreira

Carnaval no Ibirapuera, em São Paulo. (Fotos: Elineudo Meira / @fotografia.75)
Carnaval no Ibirapuera, em São Paulo. (Fotos: Elineudo Meira / @fotografia.75)

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O ano começou turbulento para a Ambev (ABEV3), com os temores de que o escândalo contábil da Americanas (AMER3) poderia afetar a companhia. Mas, além disso, as constantes revisões para baixo para os resultados do quarto trimestre de 2022 (4T22), a serem divulgados no próximo dia 2 de março, também impactaram a gigante de bebidas, com sinais de vendas mais fracas pelo clima mais ameno no fim do ano e também com a eliminação precoce do Brasil na Copa do Mundo do Catar, em dezembro de 2022.

Neste contexto complexo para a companhia, o primeiro ano de Carnaval sem restrições relacionadas ao Covid-19 era bastante esperado, uma vez que seria um potencial catalisador para o segmento de cerveja da companhia. Assim, o JPMorgan colocou “uma lupa” nos principais direcionadores para as vendas da bebida durante os dias de folia.

Em relação ao clima, as chuvas realmente representam um risco após uma prévia fraca de volume para o 4T22 justificada também pelo mau tempo, apontam os analistas. Isso uma vez que o Carnaval de 2023 foi o mais chuvoso em pelo menos 15 anos, “ainda que notemos que as chuvas intensas ficaram restritas a São Paulo e as temperaturas gerais estavam em linha com a média de 15 anos, em torno de 25°C”.

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Por outro lado, o JPMorgan tem uma visão positiva sobre a estabilidade recente dos preços de cerveja, vendo isso como um sinal de que a indústria conseguiu sustentar preços em patamares elevados (alta de 21% na base anual), mesmo em um período em que os concorrentes se tornam mais agressivos em preços e o mercado geralmente é mais promocional.

Para fevereiro, os analistas viram os preços ligeiramente em alta no mercado em geral, com alta de 0,5% na comparação mês a mês. A Petrópolis chamou a atenção por oscilar mais entre os concorrentes e tornando-se a que ofereceu maiores descontos, enquanto Ambev e Heineken ficaram mais estáveis ​​ao longo do mês. A variação máxima observada dos preços da Ambev foi de +6% e o mínimo foi de -3%, já a Heineken foi de +6% e -7%, e Petrópolis +4% e -13%.

Dito isso, o banco acredita que a Ambev pode registrar um volume recorde no segmento “Cerveja Brasil” no 1T23, mantendo a previsão de um aumento de 3% na comparação ano a ano, que analistas veem como um número conservador vindo de bases de comparações pouco desafiadoras.

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Na iniciativa B2C (em que a empresa vende seu produto ou serviço para o consumidor final) da Ambev, o Zé Delivery, os preços também se mantiveram ​​durante o Carnaval, com preço médio oscilando não mais que 3% na comparação com janeiro de 2023.

“Também agora (ao contrário do que vimos durante a Copa do Mundo), o Zé Delivery ficou abaixo da média de 18% dos seus itens com desconto ao longo de todo o feriado, com destaque para a categoria Premium, que registrou mais atividade promocional do que os outros”, afirmam os analistas.

O JPMorgan reiterou recomendação overweight (exposição acima da média, equivalente à compra) para os ativos ABEV3, com preço-alvo de R$ 16,50, ou potencial de alta de 24,5% em relação ao fechamento da véspera.