Como o IPCA-15 estimula a alta da Bolsa nesta quinta, apesar de NY fraca e baixa do petróleo

Apesar do recuo das bolsas americanas, os rendimentos dos títulos americanos caem, refletindo nos juros futuros no Brasil

Estadão Conteúdo

(Getty)
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O Ibovespa abriu perto da estabilidade nesta quinta-feira, 26, com viés de alta, apesar do recuo dos índices de ações do ocidente. Os investidores se dividem entre o avanço da pauta econômica no Brasil, após a aprovação do projeto de lei que tributa os fundos de alta renda e o IPCA-15 reforçando recuo da Selic na semana que vem, além dos sinais divergentes das commodities (recuo do petróleo e alta do minério).

Além disso, a temporada de resultados corporativos fica no radar, sobretudo o da Vale (VALE3), que sairá após o fechamento da B3. Já a Petrobras (PETR4) informará dados de produção do terceiro trimestre à noite.

Ao mesmo tempo, os investidores avaliam dados de atividade fortes dos Estados Unidos.

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“Ainda é preciso entender os números”, pondera o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.

Entre os indicadores informados, o PIB anualizado dos EUA, por exemplo, subiu 4,9% no terceiro trimestre (projeção de 4,5%), e as encomendas de bens duráveis tiveram alta de 4,7% em setembro ante agosto, no confronto com previsão de aumento de 1,5%.

Já o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) subiu à taxa anualizada de 2,9% no terceiro trimestre, ganhando força depois de avançar 2,5% no segundo trimestre, enquanto o núcleo do PCE, que desconsidera preços de alimentos e energia, aumentou 2,4% entre julho e setembro, desacelerando frente ao acréscimo de 3,7% do trimestre anterior.

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Em tese, os dados indicam que não haverá recessão, mas sugerem que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) deixará os juros inalterados por mais tempo.

“O PIB mais alto é ruim porque dificulta o Fed de baixar os juros. Porém, o núcleo do PCE veio mais baixo, o que pode afastar a ideia que havia surgido de alta das taxas pelo banco central americano”, observa Renato Reis, analista da DVInvest, casa de análise parceira da Blue3 Investimentos.

Apesar do recuo das bolsas americanas, os rendimentos dos títulos americanos caem, refletindo nos juros futuros no Brasil. Com isso, algumas ações ligadas ao ciclo econômico sobem na B3.

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“O IPCA-15 veio exatamente como esperado, isso ajuda. Ações de empresas endividadas ou impactadas por juros altos se beneficiam, assim como companhias que enxergam com bons olhos uma inflação se normalizando”, completa Reis, da DVInvest.

Segundo Caritsa Moreira, analista da VG Research, a alta do Ibovespa ainda reflete alguns dados corporativos do terceiro trimestre, mas mais ainda o IPCA-15 de outubro.

“Desacelerou 0,14 ponto porcentual em relação ao dado de setembro. É um avanço, e temos a notícia sobre a taxação de fundos de alta renda, que não ficou tão elevada, trazendo mais benefícios do que malefícios. Além do mais, lá fora está um pouco melhor. Apesar do crescimento mais forte do PIB dos Estados Unidos, a inflação não está tão absurda”, avalia Caritsa.

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O IPCA-15 de outubro desacelerou a 0,21% (igual à mediana das previsões), ante 0,35% em setembro. “Avaliamos que qualitativamente a abertura do índice foi benigna, mas isoladamente nos parece precoce para avalizar uma intensificação do ritmo de corte de juros”, avalia em nota o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez.

Ontem, houve a aprovação na Câmara do projeto de lei (PL) que prevê a taxação dos fundos de alta renda (exclusivos e offshore) por 323 a 119, e uma abstenção. O PL deve ajudar o governo na tarefa de cumprir e meta de déficit fiscal zero no ano que vem e representa uma vitória do ministro da fazenda, Fernando Haddad. Também o Senado aprovou o PL que prorroga a desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia e o texto agora segue para sanção presidencial.

Às 11h18, o Ibovespa subia 0,58%, aos 113.457,06 pontos, ante elevação de 0,74%, na máxima aos 113.660,70 pontos, e mínima aos 112.840,03 pontos, quando subiu 0,01% (mesmo nível da abertura). Petrobras puxava o grupo das oito maiores quedas, ao ceder em torno de 2,00%, seguindo o recuo do petróleo no exterior. Já Vale subia 0,39%, na esteira do minério de ferro. Entre os papéis ligados ao ciclo econômico, Assai e Casas Bahia lideravam as altas, com ganhos de 6,07% e de 4,17%, pela ordem.