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SÃO PAULO – Louise Barsi carrega com orgulho o sobrenome do pai, o investidor Luiz Barsi. Chamado por alguns de Warren Buffett brasileiro pela maneira como escolhe as ações em que investe – e pelos ótimos retornos que conseguiu ao longo da vida -, Barsi tem uma legião de fãs, incluindo sua filha mais nova.
Aos 24 anos, Louise está começando a carreira e quer seguir os passos de Barsi, a quem ela considera um ídolo. “Eu decidi quando era criança: ‘vou seguir esse cara. Ele sabe tudo’”, disse em entrevista ao InfoMoney.
Ainda adolescente, decidiu que queria trabalhar no mercado financeiro. Começou cursando economia, mas preferiu trancar a faculdade e mudar para contabilidade. Formou-se na Fecap, onde agora faz pós-graduação em mercado de capitais. No meio do ano, ela pretende começar um mestrado. “Estudar é fundamental nesta área. O mercado exige que você seja qualificado”, diz.
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Seu primeiro emprego foi como estagiária na Ordem dos Economistas do Brasil. Há cinco anos, Louise trabalha na corretora Elite Investimentos, mesmo lugar onde Luiz Barsi opera há 25 anos. “Eu brinco que sou a funcionária mais antiga daqui. Desde que sou criança eu venho com meu pai.”
Lá ela também começou como estagiária e hoje é analista de investimentos. Tirou o CNPI (certificação para analistas de investimentos) e atualmente assina a carteira recomendada da corretora, junto com outro analista.
Em 2018, sua carteira rendeu 36,75%, bem acima do Ibovespa, que teve valorização de 15,03% no mesmo período. Neste ano (até o fim de março), a rentabilidade é de 9,79%, ante 8,56% do Ibovespa.
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Paralelamente ao trabalho na corretora, Louise vem sendo preparada pelo pai para sucedê-lo na administração dos investimentos. Ela faz parte do conselho de administração da Eternit, uma das empresas das quais Luiz Barsi é acionista. Para o investidor, que tem 8,16% das ações da empresa, ter a filha no conselho é uma vitória que pode ajudar na sua luta por melhores condições para os minoritários.
É o que Luiz Barsi também busca com a Klabin, empresa da qual é acionista minoritário há mais de 20 anos — Louise está pleiteando uma vaga no conselho, com objetivo de melhorar a governança corporativa e ajudar a levar a empresa para o Novo Mercado da B3.
“A Klabin é uma empresa secular. Não temos dúvidas de que os controladores sabem fazer a gestão. Mas por muitas vezes os minoritários não se sentem genuinamente representados pelo conselho atual”, afirma.
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A meta é ambiciosa, mas o caminho a percorrer é longo. Louise ainda é pouco conhecida no mercado financeiro e nas empresas, e precisa ganhar relevância para ter impacto nos conselhos de que pretende participar. “Claro que existe pressão por ser filha do Luiz Barsi. Mas meu pai sempre me ensinou que sobrenome não me daria competência automática e que eu teria que estudar e ralar muito”, diz.
Simplicidade vem de família
A Elite Investimentos está localizada em um prédio no centro de São Paulo, bem longe da região da Av. Brigadeiro Faria Lima, onde fica o coração financeiro da cidade.
A localização não podia combinar mais com o jeito frugal de Luiz Barsi e sua filha, a caçula de 5 irmãos – os quatro mais velhos são do primeiro casamento do bilionário e não trabalham no mercado financeiro. “Ele me ensinou a poupar, investir e a ter consciência da importância do dinheiro”, diz.
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Alheia ao patrimônio do pai, ela faz como milhões de brasileiros – e o próprio Luiz Barsi – e vai todos os dias para o trabalho de metrô. “É mais rápido e prático”, diz. “Muitas pessoas que conheço só andam de metrô em Nova Iorque ou Paris. O de São Paulo é melhor.”
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A educação que teve em casa era baseada nos ensinamentos financeiros de Barsi, considerado um mestre na escolha de ações – principalmente aquelas que pagam bons dividendos – e reconhecido pela sua simplicidade e aversão à ostentação. “Meu pai sempre foi assim e nos ensinou a viver desta mesma maneira.”
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Desde que ela era pequena, Barsi investia em uma carteira de dividendos para o futuro da filha. Louise não ganhava mesada, como muitos jovens de classe média e alta. O pai comprava ações para ela todos os meses, e a partir dos 15 anos ela passou a usar os dividendos que recebia.
“Eu ganhava um ‘dividendinho’, em torno de R$ 300 por mês. Para mim era muito dinheiro na época, eu nem gastava tudo. Então pedia para meu pai comprar mais ações com o que sobrava”, conta. Ele, claro, comprava com gosto.
Além dos dividendos que já recebia, ela também pedia ações de presente de aniversário. “Todo ano meu pai perguntava o que eu queria de presente. E eu pedia ações”, diz.
Hoje, sua preferência pessoal são as ações que pagam bons dividendos e por empresas que apresentam boas perspectivas de crescimento no longo prazo. Entre as ações em que investe estão Unipar, Itaúsa e Taesa. “Os dividendos eu sempre reinvisto”.
Reformas para o país crescer
Como a grande maioria dos analistas, Louise também enxerga na aprovação das reformas, principalmente a da Previdência, a principal condição para que o país volte a crescer – o que consequentemente deve impulsionar o mercado acionário.
“Não tem como fugir disso. ‘É sine qua non’ (indispensável), não só para a entrada de mais investimentos estrangeiros, mas principalmente para o crescimento da economia”, afirma.
Ela também reclama da falta de estrutura e políticas que permitam um desenvolvimento contínuo e consistente do país. “Parece que nós estamos sempre preparados para o próximo voo de galinha. A pergunta que fica é quando vai chegar esse crescimento duradouro?”, questiona.
Louise ressalta a importância da educação financeira para que os brasileiros entendam a relevância do mercado financeiro e da aplicação em ações visando o longo prazo. “Este é o legado do meu pai. Ajudar as pessoas a formarem uma carteira de ações para a aposentadoria. E mostrar que é preciso ter paciência, pois os retornos só acontecem com o tempo”, diz.
Barsi morou em cortiço na infância e trabalhou como engraxate para ajudar a mãe a pagar as contas depois que o pai dele morreu. Conheceu o mercado financeiro na década de 1960, começou a investir e não parou mais. Entre as ações que o bilionário investe estão Klabin, Eletrobras, Transmissão Paulista, Suzano, Ultrapar, Unipar e Eternit.
“Se alguém pesquisar alguma coisa sobre meu pai na década de 1970 não vai encontrar nada. As pessoas só foram acreditar nele quando se tornou um vencedor, décadas depois. Minha ideia é tentar convencer as pessoas o quanto antes da importância de investir. Para mim é uma honra poder continuar o legado dele”.
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