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SÃO PAULO – Na noite da última quarta-feira (15), o MSCI (Morgan Stanley Capital International) revelou a revisão semestral das suas carteiras teóricas. Além do índice MSCI Global – tipo como o de maior importância entre eles -, houve também a mudança nas carteiras MSCI Small Caps, que embute empresas com menor valor de mercado, e na do MSCI Brazil, que abrange apenas ações brasileiras.
Três ações brasileiras passarão a fazer parte do MSCI Global a partir do dia 31 de maio: Suzano PNA (SUZB5), M.Dias Branco (MDIA3) e Taesa (TAEE11). Além disso, 5 papéis serão retirados do índice: Eletropaulo PN (ELPL4), Light (LIGT3), Oi ON (OIBR3), Dasa (DASA3) e PDG Realty (PDGR3).
As 5 ações retiradas migraram para o MSCI Small Caps, que ainda receberá outros oito papéis brasileiros: BrasilAgro (AGRO3), CCX (CCXC3), OSX (OSXB3), Linx (LINX3), Direcional (DIRR3), Queiroz Galvão (QGEP3), São Carlos (SCAR3) e Tereos (TERI3). Além disso, o índice perdeu mais 4 participantes: Grendene (GRND3), Paraná Banco (PRBC4), Pet Manguinhos ON (RPMG3) e Viver (VIVR3).
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O impacto nas ações
O MSCI realiza um índice para acompanhar o desempenho das principais bolsas internacionais. Os índices MSCI são utilizados como referência para diversos fundos passivos de investimento ao redor do mundo. No caso do Brasil, conforme aponta relatório do Itaú BBA, estima-se que cerca de US$ 30 bilhões em investimentos esteja atrelado aos fundos.
Essa forte exposição de investidores estrangeiros é o motivo pelo qual as ações que são incluídas geralmente respondem com valorização – e as excluídas em suma apresentam queda. Como estes fundos precisam acompanhar o benchmark, eles precisam encarteirar ou se desfazer destes ativos para que a performance fique em linha com o movimento do MSCI.
“[O MSCI] serve de referência para muitos fundos estrangeiros, vários com restrição estatutária de investimento em ações que integram o índice. Portanto, estar ou não no MSCI pode representar a abertura de uma fronteira de potenciais investidores”, afirma Roberto Altenhofen, analista da casa de research Empiricus.
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Compre o que entrou, venda o que saiu
Por conta disso, Altenhofen recomenda uma operação muito simples, mas que costuma funcionar neste período: compre as ações que vão entrar no MSCI no dia 31 de maio e venda as devem sair. “Obviamente, esta estratégia está escorada em fluxo e em performance passada – que nunca foi garantia de resultados futuros. Pode parecer ridículo, mas tem funcionado”, atesta o analista.
Esse fluxo já começa a ser percebido nesta quinta-feira (17): as ações da PDG, que foram removidas do MSCI, chegaram a cair quase 5% nesta sessão, antes de fechar com leve queda de 0,85%, a R$ 2,34. Já os papéis ON da Oi fecharam com desvalorização de 4,93%, a R$ 5,21, com volume financeiro quase 4 vezes acima da média diária.
Por outro lado, as ações da M. Dias Branco chegaram a subir 2,3% no intraday, mas fecharam o dia com ganhos de 0,50%, a R$ 92,65 – vale destacar que estes papéis vêm atingindo novas máximas históricas desde abril do ano passado.
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No MSCI Small Caps, também já vimos as primeiras reações dos investidores nesta sessão. Os papéis da Grendene, retirados do índice, fecharam com forte queda de 3,25%, a R$ 21,75, tendo movimentado R$ 36,8 milhões no dia – quase 4 acima da média diária.
Diferenças com o Ibovespa
O índice do Morgan Stanley mostra diferenças bastante significativas com relação ao Ibovespa. A BM&FBovespa leva em conta basicamente o volume de negociações e o número de transações para a composição do Ibovespa. Enquanto isso, o MSCI tem como um dos seus principais critérios o valor de mercado, assim como os projetos utilizados para a capitalização da empresa e a proporção de ações em circulação.
Neste sentido, é esperado que haja uma forte movimentação das ações que compõem o índice no último dia 31 de maio, quando o índice passará a entrar em vigor. Com isso, são esperadas fortes oscilações para cima de papéis que passarão a compor o índice e para baixo de ativos que deixarão o MSCI.
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Desta forma, conforme aponta o estrategista do BB Investimentos, Hamilton Alves, o investidor pode se aproveitar destes movimentos de curto prazo, posicionando nos ativos que passarão a integrar o índice, uma vez que os fundos de investimento – tanto passivos quanto ativos – passarão a fazer recomposição da carteira. Entretanto, no médio a longo prazo, a história é outra. “Nada indica qual será o movimento destes papéis após o ajuste do mercado”, avalia Alves.
O poder de “surpreender” que o MSCI tem
Além disso, conforme aponta o estrategista, os critérios de escolha para a entrada no MSCI não são tão explícitos quanto os observados para a inclusão de outros índices, como o Ibovespa. No caso do benchmark da bolsa brasileira, há três filtros para determinar se uma empresa integrará ou não o índice: a presença de negócios superior a 80% nos últimos doze meses, a contribuição de mais de 0,1% no volume total negociado na bolsa e o índice acumulado de negociabilidade inferior a 80%.
Assim, não seria possível, por exemplo, que a BB Seguridade (BBSE3) passasse a compor o Ibovespa, uma vez que estreou na bolsa no final de abril, mesmo que atendesse aos critérios de volume e liquidez. Por outro lado, a companhia entrou rapidamente no MSCI, uma vez que foi avaliada em R$ 34 bilhões na sua oferta inicial.
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Desta forma, conforme aponta Alves, o investidor pode até fazer uma previsão de quais ações entrarão no MSCI e se aproveitar de um possível movimento, mas os critérios para a entrada neste índice são de certa forma mais “imprevisíveis” do que para ingressar no Ibovespa.
“No caso do benchmark da bolsa, conseguimos antecipar o movimento e adquirir as ações aos poucos que irão compor o índice, uma vez que temos três prévias, o que não é o caso do MSCI”, avalia o estrategista. “Os critérios para a entrada neste índice são menos claras”, conclui.