Consequência do “Brexit” leva investidores de volta a 2008 e mostra porque a Bolsa cai

Evento que ocorreu após a saída do Reino Unido da UE traz à tona um dos maiores temores do investidor-pós 2008

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Crise do subprime, quebra do Lehman Brothers, crise de 2008, todas essas expressões causam calafrios ao investidor. Não é de se espantar, portanto, que quando algum evento no mercado evoca essa época de pânico, as bolsas caiam e os ativos considerados “livres de risco” disparem. O grande problema é que um evento que aconteceu ontem (5) no Reino Unido, trouxe justamente essas lembranças à tona na mente dos investidores, ressuscitando o temor global das consequências do “Brexit”. 

O evento que causou tanto medo assim foi o fechamento dos resgates em três fundos imobiliários britânicos, entre os quais está o Property Portfolio, da M&G, com 4,4 bilhões de libras em carteira. Para quem não se lembra, o subprime começou quando os fundos de investimento imobiliário do Bear Stearns ficaram fechados para resgates dos seus clientes. Qualquer fechamento do tipo é sintoma de que há uma corrida para tirar dinheiro desses fundos, o que, no mínimo, mostra que há algo muito errado com esse mercado específico. Nem é preciso falar o que aconteceu com os imóveis nos Estados Unidos depois desse incidente no Bear Stearns. 

É por isso que foi somente duas semanas depois que os britânicos decidiram em referendo sair da União Europeia, que o mercado começou a ficar tão nervoso com o “Brexit”. “Até agora, o “Brexit” era filosófico, mas expectativa de precificação dos imóveis caindo e uma tendência de redução de rentabilidade desses fundos fizeram com que aumentasse essa aversão a risco”, explica Luiz Otávio de Souza Leal, economista do banco ABC Brasil. 

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Mas por que essa transmissão de risco ocorreu no mercado imobiliário britânico antes de passar pelo mercado financeiro? De acordo com Leal, a origem disso está na própria sobrevalorização que os imóveis na Inglaterra tiveram antes do “Brexit”. Ele afirma que o Reino Unido atraía muitas pessoas por conta da sua economia e essa dúvida sobre como o conjunto de países resistirá sem os acordos comerciais com a UE acaba gerando uma vigorosa correção nos preços. “Todas as dificuldades que podem advir da fuga de empresas e da menor imigração, se não produzem uma certeza de redução da demanda, não mostram qualquer sinal de que haverá uma pressão altista”, afirma o economista. 

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Obviamente isso não significa que o “Brexit” é o novo subprime, e muito menos que a M&G é o novo Lehman Brothers, mas como lembra Leal, o mercado gosta de fazer comparações. “Quando você tem um parâmetro tão claro assim, é natural que ele acabe fazendo uma correção baseada em experiências passadas.”