Copel (CPLE6): resultado do PDV mostra que “virada” será mais rápida e profunda do que mercado precifica, dizem analistas

Analistas viram resultado do PDV, com adesão acima do esperado de funcionários e com estimativas maiores de economia, como positivo

Lara Rizério

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A recém-privatizada companhia elétrica Copel (CPLE6), do Paraná, surpreendeu os analistas de mercado ao divulgar o resultado do seu plano de redução voluntária do quadro de funcionários. Com isso, as ações CPLE6 subiram 2,97%, a R$ 8,33, na sessão desta quinta-feira (19), entre os destaques de alta do Ibovespa.

O conhecido PDV (Programa de Demissão Voluntária) foi lançado em agosto, logo após sua privatização, sendo que um total de 1.437 empregados aceitaram e deixarão a empresa até agosto de 2024. Isso equivale a 25% do quadro de funcionários total do segundo trimestre de 2023 (2T23).

De acordo com a companhia, o custo relacionado a essas demissões será de aproximadamente R$ 610 milhões (a ser contabilizado no exercício de 2023), mas representando uma economia anual de R$ 428 milhões.

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Conforme destaca o Bradesco BBI, para referência, esse montante equivale a 10% do lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) dos últimos 12 meses).

Na avaliação dos analistas do banco, a notícia é muito positiva para as ações, superando a sua estimativa de que 1.000 funcionários deixariam a empresa até 2024.

Assim, a estimativa de economia total da Copel de R$ 428 milhões ao ano é maior do que a estimativa atual da casa de R$ 250 milhões ao ano, não apenas pelo maior número de funcionários saindo, mas também porque parece que o salário médio dos número de funcionários é muito maior do que os analistas projetavam inicialmente.

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Supondo que a Copel não precise contratar novos funcionários para reabastecer sua força de trabalho, o impacto dessa redução na folha de pagamento seria de aproximadamente R$ 1,5 bilhão, o que é aproximadamente R$ 750 milhões acima de sua estimativa atual, ou 3% do valor de mercado da empresa.

Para o BBI, o anúncio é uma evidência de que o turnaround (virada por cima) da Copel será mais rápida e profunda do que o mercado atualmente atribui à gestão.

“Para contextualizar, e em contraste, após a sua privatização em junho de 2022, a Eletrobras ELET3, que consideramos uma empresa muito mais complexa, levou cerca de 12 meses para contratar a equipe de gestão sênior para liderar o processo de recuperação, que ainda está na sua fase inicial. A Copel, por outro lado, começou a trabalhar após sua privatização em agosto de 2023 (há dois meses), com a maior parte da alta administração já instalada para implementar o plano de redução de custos”, afirmam.

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O BBI tem em suas estimativas uma redução de despesas operacionais (folha de pagamento, materiais, serviços e outros) equivalente a 20% do nível de custos pré-privatização. “Notavelmente, esta redução na folha de pagamento ajuda a diminuir o risco sobre a recuperação da Copel e indica que nossa previsão ainda pode ser conservadora”, afirma.

Em relatório chamado “sempre encontrando maneiras para surpreender positivamente os investidores”, divulgado antes da abertura do mercado, o Itaú BBA também apontou esperar reação positiva aos números do programa, impulsionada por uma participação de funcionários superior ao previsto, o que gerará maiores reduções de custos no futuro.

A Guide Investimentos também ressalta que a manutenção e crescimento das iniciativas de ganhos de eficiência e focos em ativos core são alguns dos principais pontos olhados pelo mercado após o êxito da privatização da companhia.

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“Em relação ao Programa de Desligamento Voluntário especificamente, vemos o remodelamento da base de funcionários, favorecendo a opção de saída para os colaboradores com mais tempo de casa, que no geral possuem maior custo médio (economia anual projetada de R$300 mil por funcionário), como uma das principais formas de ganho de contenção de despesas para a companhia elétrica”, afirma.

A casa de análise destaca ser válido lembrar que é provável ver um aumento das despesas da companhia no curto-prazo, mas a partir do segundo semestre do ano que vem já é esperado ver um resultado majoritariamente limpo de impactos de rescisões, gerando um patamar de economia proporcional a aproximadamente 2,5% dos custos e despesas operacionais acumulados nos últimos 12 meses.

Com isso, entre os próximos eventos para ficar de olho, o BBA destaca o Investor Day agendado para 22 de novembro, onde se espera que a empresa forneça detalhes adicionais sobre outras medidas de redução de custos, além da evolução no processo de desinvestimento de seus ativos não essenciais, como Compagás e Araucária.

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O Itaú BBA tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para as ações CPLE6, com preço-alvo de R$ 12 (potencial de alta de 48% frente o fechamento da véspera). O Bradesco BBI tem a mesma recomendação, mas com preço-alvo de R4 12,50 (upside de 54,5%).

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.