Copom, IPCA-15, balanços de Vale, Apple e Microsoft: o que acompanhar na semana

Tudo o que o investidor precisa saber antes de operar na semana

Mitchel Diniz

Logotipo da Apple (Shutterstock)
Logotipo da Apple (Shutterstock)

Publicidade

Uma semana agitada e de decisões importantes, do ponto de vista econômico e político, aguarda os investidores. Os próximos dias vão ser marcados por uma série de pesquisas eleitorais sobre o segundo turno da corrida presidencial, que acontece no próximo domingo (30). Nos levantamentos mais recentes, os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PL) e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) aparecem com uma pequena diferença e até mesmo empatados tecnicamente.

Os mercados vêm reagindo a essa disputa acirrada e o Ibovespa terminou a última sexta-feira na perto dos 120 mil pontos, com cinco pregões consecutivos de alta e destaque para os papéis das estatais. A Petrobras (PETR3;PETR4) superou R$ 100 bilhões em valor de mercado no último pregão.

Leia também:

Continua depois da publicidade

“O mercado vai continuar atendo a anúncios em potencial, sobre equipes de governo e propostas econômicas”, diz relatório de perspectivas do Itaú, assinado por Mario Mesquita, economista-chefe.

Mas como se não bastassem as tensões eleitorais, a semana ainda vai ter decisão sobre juros e prévia da inflação oficial. Tudo isso em meio a dezenas de resultados trimestrais das empresas e dados de emprego.

O exterior também não pega leve, com reunião de política monetária do Banco Central Europeu, o anúncio de um novo premiê no Reino Unido (que pode vir a ser o antigo) e novos dados nos Estados Unidos que podem definir os próximos passos do Federal Reserve.

Continua depois da publicidade

Reunião de dois dias do Copom começa na terça-feira (25)

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC brasileiro inicia na terça-feira (25) sua penúltima reunião do ano. No encontro anterior, realizado há pouco mais de um mês, interrompeu o ciclo de alta da Selic e manteve a taxa de juros em 13,75%. A decisão não foi unânime.

Para Raone Costa, economista-chefe da Alphatree Capital, o cenário não evoluiu de forma significativa “nem para um lado, nem para o outro” desde a última reunião. Segundo ele, sem notícias novas, o Copom não deve mudar seu plano de voo, de esperar as próximas novidades.

“Esperamos por aqui a manutenção da taxa de 13,75% sem nenhum tipo de mudança relevante, comunicando que a taxa deve ficar constante por mais um tempo. E que, não necessariamente, o próximo movimento vai ser de queda, já que vai depender da evolução dos dados”, afirmou Costa.

Continua depois da publicidade

Francisco Levy, estrategista-chefe da Empiricus Investimentos, acredita que o comunicado do BC não deve trazer muito ânimo ao mercado. “As inflações ainda estão desancoradas nas expectativas dos agentes, precisam de ancoragem, então não pode vir com um discurso muito frouxe”, afirma.

Para ele, é uma manutenção de juros com discurso de cautela, já que o ambiente externo segue “complexo e inflacionário”.

O Itaú também avalia que não houve grandes mudanças nas perspectivas de inflação ou no cenário de risco e as próprias projeções do BC não devem ter variado muito. “Mais adiante, continuamos esperando por uma queda na Selic, mas apenas no segundo semestre de 2023, para 11%”, diz o comunicado.

Continua depois da publicidade

IPCA-15 também é destaque da agenda

A prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), referente a outubro, vai ser divulgada no mesmo dia em que começa a reunião do Copom. O Itaú prevê alta de 0,09% na comparação mensal, levando a taxa anual para 6,8%.

“Provavelmente a leitura vai mostrar mais uma queda nos preços da gasolina, acompanhando reduções anunciadas pela Petrobras em setembro, assim como preços mais baixos de energia elétrica e serviços de telecomunicações, ainda com redução de impostos”, diz o relatório do Itaú.

O banco também prevê que o núcleo da inflação, tanto da parte de serviços quanto de bens, deve continuar mostrando algum alívio na margem, mesmo permanecendo nos níveis mais altos da história.

Continua depois da publicidade

“É importante notar que que essa leitura tem uma grande incerteza em particular, por conta de mudanças na metodologia de cálculo do preço de energia elétrica e o quanto a desoneração de serviços de telecomunicação vai de fato impactar o preço final ao consumidor”.

O Bradesco, por sua vez, prevê alta de 0,05% para o índice, “voltando a ter uma variação positiva após três meses de deflação”, impulsionada por uma queda de menor magnitude dos preços de combustíveis e aceleração dos alimentos.

Além do IPCA-15, outro dado de inflação previsto para a semana é o IGP-M, usado para reajustar alguns contratos de aluguel. O dado será publicado na sexta-feira (28) e o Itaú prevê deflação mensal de 0,9%, de setembro para outubro.

Dados do mercado de trabalho completam agenda no Brasil

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e a taxa de desemprego medida pela PNAD Contínua estão previstos para sair na quinta-feira (27). O Itaú espera por crescimento nos empregos formais do setor privado em setembro. Para a taxa de desemprego, o banco projeta uma queda, de 8,9% para  8,7%.

“Apesar dos resultados positivos, há alguns sinais de desaceleração no mercado de trabalho já em curso, e esperamos que a taxa de desemprego chegue a 9,1% até o final do ano”, diz o relatório de perspectivas do banco.

O Bradesco BBI, por sua vez, vê a taxa de desemprego chegando ao seu menor nível de 8,6% em novembro e voltando a crescer no começo de 2023. “Na nossa visão, esse ponto de inflexão vai ser crítico para reduzir preocupações com a inflação, em particular a inflação inercial e do componente de serviços”, disseram os analistas da casa.

No exterior, mais decisões sobre juros e dados de inflação

A semana começa com uma série de índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês), na Alemanha, zona do euro, Reino Unido e Estados Unidos. Os dados podem dar pistas sobre uma possível desaceleração da economia global.

Na quinta-feira, sai a atualização do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no terceiro trimestre. O consenso Refinitv, média das projeções do mercado, aponta para uma alta de 2,1%. Caso a economia apresente crescimento robusto, dificilmente o BC americano vai avaliar o ritmo de aperto monetário, já que o mercado de trabalho segue forte e a inflação avança.

Mas enquanto a próxima reunião de política monetária do Federal Reserve não começa, as atenções se voltam às decisões de outros Bancos Centrais.

Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) deve anunciar uma nova alta de juros na quinta-feira. Com a inflação no bloco próxima de 10%, a expectativa é que autoridade monetária acelere o ritmo do aperto monetário, elevando a taxa de depósitos em 1,5%, de acordo com a média das projeções da Refinitiv.

Ainda no velho continente, a semana também deve trazer o anúncio de um novo premiê para o Reino Unido. Na última quinta-feira, Liz Truss deixou o comando do parlamento com somente 44 dias no cargo. A renúncia foi resultado de um plano desastroso para reduzir impostos em território britânico, que também sofre com inflação galopante.

O antecessor de Truss, Boris Johnson, tem chances de retomar a posição, por ter apoio de importantes líderes conservadores e da base do partido. A expectativa é que um novo premiê seja anunciado até o dia 28.

O Banco Central do Japão (BoJ, na sigla em inglês) também fará sua próxima reunião de política monetária esta semana, na sexta-feira (28). Analistas acreditam que o autoridade não deve subir juros.

Ao contrário do que acontece na maioria do mundo, o BoJ mantém o afrouxo monetário para estimular a inflação, que já está na casa dos 3%, mas continua amparada por restrições de oferta, e não crescimento da demanda. A postura do BC japonês já fez o iene se desvalorizar cerca de 30% este ano em relação ao dólar.

Apple, Microsoft, Alphabet e Meta divulgam resultados

Os números mais aguardados da temporada de resultados nos Estados Unidos vêm à tona esta semana. Depois que Netflix (NFLX34) surpreendeu os investidores positivamente, com lucro acima das projeções do mercado, as atenções se voltam agora para outras big techs.

Microsoft (MSFT34) e Alphabet, dona do Google (GOGL34), vão divulgar resultados na terça-feira (25). No dia seguinte (26), saem os números da Meta (M1TA34), controladora do Facebook. E na quinta-feira (27) é a vez da Apple (AAPL34) e Amazon (AMZO34) divulgarem seus balanços trimestrais.

Além das empresas de tecnologia, a agenda de balanços também tem como destaque os números de Coca-Cola (na terça-feira) e Mc Donald’s (na quinta).

A temporada de resultados do terceiro trimestre nos Estados Unidos até agora tem sido melhor do que se esperava e tem ajudado a impulsionar as Bolsas em Wall Street.

Temporada de balanços ganha fôlego no Brasil

Por aqui, a recém-iniciada temporada de resultados começa a ganhar fôlego nos próximos dias. Empresas de peso do Ibovespa divulgarão seus números. A semana já começa com a prévia trimestral de produção da Petrobras (PETR3;PETR4), na segunda-feira. Na quinta, saem os balanços de Vale (VALE3) e Ambev (ABEV3).

Destaque também para os balanços de empresas do setor de papel e celulose, Vivo (VIVT3), Santander (SANB11) e para Usiminas (USIM5), que divulga seus números na sexta-feira (28). Confira o calendário completo aqui.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados