Corte em rating da Irlanda é lembrete da frágil situação europeia, diz banco

Para analista do Société Générale, rebaixamento traz à tona dúvidas quanto à credibilidade dos teste de estresse com banco europeus

Luis Madaleno

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SÃO PAULO – “A Standard & Poor’s nos deu um lembrete das questões mais prementes nas economias desenvolvidas: os níveis insustentáveis das dívidas públicas e a veracidade e frequência dos testes de estresse com bancos europeus”. Esta é a avaliação do Société Générale quanto ao movimento da agência de classificação de risco na última terça-feira (24).

Citando os elevados custos para sustentar o setor financeiro do país, a S&P cortou o rating irlandês de longo prazo de AA para AA-, com perspectiva negativa – o que indica que pode haver um novo movimento de redução da nota de crédito em breve.

Testes de estresse em xeque
“Vindo logo após os testes de estresse com bancos da Europa, o fato de o rebaixamento ter sido impulsionado pela avaliação da S&P de que a Irlanda enfrenta custos ‘substancialmente’ elevados para sustentar suas instituições financeiras é que é a causa dos temores”, dispara Glenn Maguire, analista que assina o relatório do banco.

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Isto porque, a questão levanta dúvidas quanto à credibilidade dos testes aos quais os bancos do Velho Continente foram submetidos. “No mínimo, sugere que os testes de estresse precisam ser mais frequentes e seus parâmetros mais severos”, comenta o analista.

Para ele, o movimento não é apenas um sinal de que a agência vê a situação fiscal do país sob risco, “mas é também uma confirmação implícita de que a S&P enxerga riscos de que os custos para sustentar o sistema bancário da Irlanda deva elevar-se ainda mais”.

Retomando temores fiscais
“O rebaixamento da Irlanda e a deterioração na posição fiscal do Anglo Irish Bank irá trazer de volta as atenções às dívidas soberanas e aos riscos do sistema bancário europeu e ressuscitar o debate quanto aos testes de estresse”, conclui Maguire.