Credit vê ainda mais espaço para alta das ações de construtoras e reforça MRV (MRVE3) como preferida; confira recomendações

Além do cenário macroeconômico mais positivo, analistas veem as operações de baixa renda sendo impulsionadas por possíveis ajustes do programa MCMV

Felipe Moreira

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O Credit Suisse atualizou suas estimativas para construtoras residenciais brasileiras, enquanto manteve avaliação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para ações de MRV (MRVE3), Direcional (DIRR3), Tenda (TEND3) e Cyrela (CYRE3) e neutra para o papel de EzTec (EZTC3), destacando preferência pela primeira companhia.

Os analistas apontam que, mesmo com a alta recente das ações do setor de cerca de 30% desde janeiro, ainda veem potencial de valorização atrativo de 25%.

A equipe de research do banco reforçou sua preferência pelo segmento de baixa renda. Isso porque, além de uma dinâmica positiva e avaliação descontada (Preço/Valor patrimonial médio de 1,0 vez e ROE, ou Retorno sobre o Patrimônio Líquido, de longo prazo de 20%), uma potencial redução nas taxas de longo prazo podem afetar positivamente tanto as ações de baixa renda quanto o segmento de renda média.

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Além do cenário macroeconômico mais positivo, analistas veem as operações de baixa renda sendo impulsionadas por possíveis ajustes do programa MCMV (Minha Casa, Minha Vida).

O Credit Suisse lembra que o Conselho do FGTS deverá ter uma reunião no início de junho para anunciar ajustes no MCMV, como o aumento do teto de preços e, potencialmente, melhores subsídios. Além disso, investidores poderão ver a implementação dos ajustes anunciados no ano passado. “Com tudo isso combinado, podemos ver uma oportunidade para as empresas aumentarem os preços e, consequentemente, obterem lucratividade extra”, destaca o banco.

Em termos de rentabilidade, o banco vê uma oportunidade atrativa na dinâmica micro de cada empresa também acionando operações e, portanto, potencializando retornos. Dessa forma, projeta que os retorno sobre patrimônio líquido (ROEs, na sigla em inglês) da MRV, Direcional e Tenda atingirão 18%, 25% e 22% no longo prazo.

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Com relação ao segmento de renda média e alta, o Credit Suisse disse que permanece cauteloso e pontua que a avaliação não está evidentemente barata, mas destacou sua visão positiva para a Cyrela com base na alta qualidade de seu pipeline de projetos, mas também levando em consideração a alta liquidez da ação, que é fundamental para a maioria dos investidores que desejam entrar na tese de uma mudança na taxa de juros.

Com relação a potenciais riscos, analistas apontam (i) alteração na remuneração do FGTS, (ii) saídas do SBPE e aumento das taxas de financiamento e (iii) atraso no anúncio do novo enquadramento do MCMV.

A preferência do Credit Suisse para os ativos é, nessa ordem: MRVE3, DIRR3, TEND3, CYRE3 e EZTC3.

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Cabe ressaltar que, na véspera, o JPMorgan também revisou suas recomendações para o setor de construção civil, destacando estar mais otimista levando em conta justamente a recente melhora macroeconômica (com revisões para cima do PIB). O banco elevou a recomendação para as ações da Tenda de underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda) para neutra devido a uma melhora mais rápida do que o esperado nas margens brutas, enquanto reforçou a MRV como a sua preferida do setor. A ordem de preferência do JP é: MRVE3, CYRE3, DIRR3, TEND3 e EZTC3.

Confira abaixo as revisões de recomendação do Credit para os papéis:

MRV (MRVE3) – outperform – preço-alvo de R$ 14

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O Credit Suisse aponta que a MRV negocia atualmente a 0,8 vez o P/BV (cotação da ação pelo Valor Patrimonial da Ação, ou VPA), sendo que o banco estima um ROE de 10% para 2024, que deve subir gradativamente para 18% em 2026. Além dos sinais positivos com os ajustes no programa MCMV, a MRV pode se beneficiar por ser a ação mais líquida no segmento de baixa renda (com volume médio diário negociado de cerca de US$ 23 milhões). “Assim, acreditamos que o múltiplo justo deve ser de 1,2 vez, o que implica um potencial de valorização em torno de 40%”, apontam.

O preço-alvo, contudo, foi levemente reduzido de R$ 15 para R$ 14, após reduzir a perspectiva para lançamentos em 2023, mas ainda com um potencial de valorização de 39,5% frente o fechamento da véspera.

Direcional (DIRR3) – outperform – preço-alvo de R$ 22

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A Direcional negocia a 1,9 vez o P/BV e os analistas estimam um ROE de 24% para 2024. Eles esperam que a empresa lance R$ 3,7 bilhões e venda R$ 3,5 bilhões em 2024. Assim, embora o valuation possa não parecer barato, veem riscos de alta para seus números provenientes da alta capacidade de execução da empresa e potenciais bons ventos para o segmento de baixa renda. O preço-alvo para a ação foi elevado de R$ 21 para R$ 22, ou uma alta de 27% frente o fechamento de quinta-feira.

Tenda (TEND3) – outperform – preço-alvo de R$ 11

A Tenda esta sendo negociada a 1,2 vez o P/BV e os analistas estimam um ROE de 22% para 2025. Considerando o processo de virada da empresa, os analistas veem que a tese está baseada em uma perspectiva de prazo mais longo do que para outras empresas. O banco tem preço-alvo de R$ 11 para a ação, ou potencial de valorização de 45% frente o fechamento da véspera.

“Embora nosso preço-alvo para Tenda implique o maior potencial de upside, reconhecemos as barreiras que a empresa precisa superar para recuperar a lucratividade”, avalia o banco.

Cyrela (CYRE3) – outperform – preço-alvo de R$ 22

A Cyrela negocia a 1,0 vez o P/BV e o consenso indica um ROE de 13% para 2024. O banco espera que a empresa faça lançamentos de R$ 7 bilhões e venda R$ 6,7 bilhões em 2024, atingindo um ROE de 12%.

“Embora o papel pareça estar com um preço justo, vemos baixos riscos de execução para a Cyrela e acreditamos que a companhia é um bom player para aproveitar o call de queda de juros”, avaliam os analistas. Os analistas elevaram o preço-alvo de R$ 21 para R$ 22, de forma a incorporar os resultados do 1T23, representando um potencial de alta de 18% frente o fechamento da véspera.

EzTec (EZTC3) – neutra – preço-alvo de R$ 20

A EzTec negocia a 0,8 vez o P/BV e o consenso indica um ROE de 10% para 2024. “Esperamos que a empresa lance e venda R$ 1,3 bilhão no próximo ano, atingindo um ROE de 8%. Considerando os atuais gargalos na execução e a baixa visibilidade no pipeline de lançamentos, vemos o papel com um preço justo”, aponta o banco. O Credit reduziu o preço-alvo para a ação de R$ 24 para R$ 20, ao incorporar os resultados do 1T23 e redução nas projeções de lançamento para 2023 e 2024. O preço-alvo corresponde a um potencial de valorização de 17% frente o fechamento da véspera.