Bitcoin recua e deixa correção de 14% mais próxima; Ethereum mostra mais força antes de atualização

Criptomoedas abriram mês de março em alta, mas BTC devolve ganhos da véspera nas primeiras horas de hoje, enquanto ETH sustenta

Paulo Alves CoinDesk

Publicidade

Após abrir o mês de março em alta, o Bitcoin (BTC) recua 1,5% na manhã desta quinta-feira (2), a US$ 23.437, deixando investidores mais uma vez apreensivos sobre a sustentabilidade da recuperação vista até aqui em 2023, que se mantém próxima de 40% no acumulado do ano.

Traders ouvidos pelo InfoMoney comentaram que o Bitcoin está em uma zona incerta: se se mantiver na região atual por mais tempo, pode tentar um novo salto até US$ 25 mil; mas, se perder força, pode voltar para a região dos US$ 20 mil – ou seja, uma perda potencial de mais de 14% a partir do patamar atual.

O problema é que nem um novo salto para US$ 25 mil estaria a salvo de mais uma correção – desse modo, o criptoativo estaria “entre a cruz e a espada”.

Continua depois da publicidade

Especialistas concordam que o Bitcoin está mais fraco, mas a faixa de negociação não é consensual. Fernando Pereira, analista de criptomoedas da corretora Bitget, por exemplo, enxerga o BTC sendo negociado entre US$ 21.500 e, possivelmente, US$ 27.500 no futuro.

“O Bitcoin está nos deixando sinais de que a pressão compradora já se esgotou. O mais natural é um recuo de volta para US$ 21500 para pegar impulso e buscar os US$ 27500, a próxima resistência mais forte”, afirmou em nota.

A moeda digital pode demorar até que indique uma direção clara. Para Lex Sokolin, diretor de criptoeconomia da empresa de tecnologia de software blockchain ConsenSys, o cenário macro com inflação persistente e incerteza sobre os próximos ajustes de juros devem tirar o ímpeto dos próximos movimentos da criptomoeda.

Continua depois da publicidade

“Não vejo nenhuma mudança dramática no regime de mercado”, afirmou Sokolin ao CoinDesk. “Ainda temos uma inflação persistente e os bancos centrais estão comprometidos em aumentar as taxas até que a inflação esfrie ainda mais.

Segundo o especialista, isso significa que as ações de tecnologia e os criptoativos continuarão sendo negociados em um intervalo curto, dado que investidores também passaram a eliminar apostas mais arriscadas, como em trades de tokens da Web3, “que podem ser vistos como moda ou consumo de luxo”.

Ele acrescentou que “as instituições estão esperando por mais clareza regulatória e as ações de fiscalização aumentam a incerteza”, mas observou “boas notícias de que muitos dos atores mal estruturados de 2022 foram revelados” e que o mercado está processando as consequências.

Continua depois da publicidade

Enquanto isso, o Ethereum (ETH) sustenta os leves ganhos de ontem e é negociado nesta manhã próximo da estabilidade em relação às últimas 24 horas, a US$ 1.644.

Sokolin se mostrou otimista sobre o impacto de longo prazo da próxima atualização do Ethereum, chamada de “Shanghai“, esperada para o final de março.

“As retiradas [de ETH do protocolo] devem reduzir significativamente o risco da atividade de staking na rede Ethereum”, disse ele. “No curto prazo, podemos ver alguns investidores movendo suas posições, mas, no longo prazo, eu esperaria ver uma porção maior de ETH em staking para proteger a rede”.

Continua depois da publicidade

Staking é um processo nativo de renda passiva do Ethereum, em que investidores travam ETH no protocolo para ganharem o direito de validar transações e ser remunerados em ETH pela tarefa. Até hoje, todo o ETH depositado está trancado no Ethereum, e só será liberado no final de março após a atualização Shanghai.

Confira o desempenho das principais criptomoedas às 7h:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Bitcoin (BTC) US$ 23.437 -1,50%
Ethereum (ETH) US$ 1.644 -0,60%
BNB Chain (BNB) US$ 298 -1,90%
XRP (XRP) US$ 0,378467 -1,00%
Cardano (ADA) US$ 0,353905 -2,20%

As criptomoedas com as maiores altas nas últimas 24 horas:

Continua depois da publicidade

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Terra Classic (LUNC) US$ 0,00017545 +6,50%
Mina Protocol (MINA) US$ 1,01 +4,40%
GMX (GMX) US$ 75,51 +2,60%
Bitcoin SV (BSV) US$ 42,17 +1,10%
Kucoin (KCS) US$ 8,90 +0,60%

As criptomoedas com as maiores baixas nas últimas 24 horas:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Rocket Pool (RPL) US$ 44,41 -9,00%
ImmutableX (IMX) US$ 0,989620 -9,00%
Stacks (STX) US$ 0,914146 -8,40%
Klaytn (KLAY) US$ 0,260318 -7,60%
Neo (NEO) US$ 12,15 -7,30%

Confira como fecharam os ETFs de criptomoedas no último pregão:

ETF Preço Variação
Hashdex NCI (HASH11) R$ 21,04 +0,91%
Hashdex BTCN (BITH11) R$ 28,26 -0,03%
Hashdex Ethereum (ETHE11) R$ 24,24 +2,45%
Hashdex DeFi (DEFI11) R$ 22,85 +5,59%
Hashdex Smart Contract Plataform FI (WEB311) R$ 16,13 +2,86%
Hasdex Crypto Metaverse (META11) R$ 42,85 +0,68%
QR Bitcoin (QBTC11) R$ 7,59 +1,60%
QR Ether (QETH11) R$ 6,09 +1,50%
QR DeFi (QDFI11) R$ 3,86 +0,25%
Cripto20 EMPCI (CRPT11) R$ 5,97 +1,87%
Investo NFTSCI (NFTS11) R$ 22,10 +0,82%
Investo BLOKCI (BLOK11) R$ 96,81 -7,93%

Confira as principais notícias do mundo cripto desta quinta-feira (2):

Regulador americano CFTC vai discutir DeFi

As finanças descentralizadas (DeFi) serão o primeiro tópico discutido na reunião de abertura do Comitê Consultivo de Tecnologia da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês) dos EUA em 22 de março, consolidando ainda mais o setor de criptomoedas como uma prioridade para o regulador de derivativos dos EUA.

“Uma discussão sobre DeFi, incluindo vulnerabilidades cibernéticas, indicadores de ‘descentralização’, identidade digital e carteiras não-hospedadas, contribuirá para as discussões políticas em andamento”, disse o comissário Christy Goldsmith Romero, em comunicado.

A CFTC tem dedicado cada vez mais atenção ao setor de cripto, especialmente porque a agência busca novos poderes para supervisionar o mercado de cripto não mobiliário – ou seja, que está fora da alçada da SEC.

Ativos sob gestão de produtos cripto disparam em fevereiro

Os ativos sob gestão (AUM, na sigla em inglês) de produtos de investimento em ativos digitais em fevereiro atingiram seu nível mais alto desde maio de 2022, de acordo com um relatório do provedor de dados CryptoCompare, divulgado na quarta-feira (1º).

O AUM para produtos de investimento em ativos digitais aumentou 5,2% em fevereiro em relação a janeiro, para US$ 28,3 bilhões, o terceiro aumento mensal consecutivo, de acordo com o levantamento.

Apesar do crescente nervosismo dos mercados sobre as ações regulatórias dos EUA e a situação macro delicada, o crescimento do AUM “sinalizou o sentimento otimista dos investidores e o aumento do apetite por ativos digitais”, disse o CryptoCompare.

EUA acelera trabalhos sobre dólar digital, diz subsecretária do Tesouro

Nellie Liang, subsecretária de finanças domésticas do Departamento do Tesouro dos EUA, sugeriu que o trabalho do governo federal em um potencial dólar digital está se acelerando, dizendo que líderes de várias agências e escritórios da Casa Branca estão iniciando reuniões nos “próximos meses”.

Ela deixou claro, no entanto, que nenhuma decisão foi tomada e as autoridades dos EUA estão “avaliando ativamente se um CBDC é do interesse nacional”.

Por outro lado, destacou alguns dos benefícios potenciais de uma moeda digital do banco central (CBDC) em um discurso para o Conselho Atlântico, na quarta-feira (1º).

A criação de um dólar digital, disse ela, “poderia ajudar a preservar o papel global do dólar” e possivelmente reduzir os atritos nas transações internacionais.

Mas mesmo que os EUA não emitam um, afirmou, os funcionários do governo estão exercendo influência com os aliados dos EUA para o “desenvolvimento responsável de CBDCs” em outros lugares, observando que 11 jurisdições já avançaram com suas moedas virtuais.

Paulo Alves

Editor de Criptomoedas