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As ações ordinárias da CVC (CVCB3) fecharam em queda de mais de 6% nesta quarta-feira (15) após a companhia, na véspera, divulgar um balanço do quarto trimestre de 2022 (4T22) considerado fraco por analistas e também em um dia negativo para o mercado como um todo. Os ativos CVBC3 fecharam em baixa de 6,12%, a R$ 3,07, após chegarem a cair mais de 9% na mínima do dia.
Na véspera, os papéis já tinham recuado também mais de 8%, após o JP Morgan cortar a recomendação para venda – a despeito da reestruturação de capital da CVC, que fez os papéis saltarem, entre segunda e quinta na última semana, mais de 50%.
“No geral, foi outro trimestre difícil para a CVC. As métricas de volume doméstico cresceram em relação ao ano anterior, em uma base de comparação fraca, mas ficaram abaixo dos níveis do quarto trimestre de 2019 e abaixo de nossas expectativas”, diz a equipe de analistas do Bradesco BBI, chefiada por Felipe Cassimiro.
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As reservas confirmadas da companhia entre outubro e dezembro recuaram 26% frente a 2019, ano ainda sem o impacto da pandemia, para 3.455, e ficaram 21% abaixo do consenso do BBI. No Brasil, os agendamentos continuam 36% abaixo do pré-pandemia. Na Argentina, eles cresceram 27%.
O BBI ainda destaca que o take rate (percentual de receita líquida sobre reservas) da CVC caiu 40 pontos-base no ano, para 8,7%, apesar dos esforços da companhia em controlar gastos com vendas, gerais e administrativos (SG&A, na sigla em inglês).
O BTG Pactual vai na mesma linha: “Como nos trimestres anteriores, o take rate caiu devido aos efeitos do mix (maior participação de B2B, pacotes marítimos e viagens internacionais)”, diz o time de analistas do banco, liderados por Luiz Guanais. “As reservas ainda estão no modo de recuperação, mas a taxa de aceitação mais baixa novamente cobrou seu preço”.
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A receita líquida no Brasil totalizou R$ 256 milhões (queda de 2% no ano), com receita de vendas para o consumidos (B2C, na sigla em inglês) crescendo 11%, juntamente com uma taxa de aquisição de 12,6% (baixa de 60 pontos-base). A receita líquida de vendas para negócios (B2B) aumentou 13% para R$89 milhões, com uma take rate de 6,2% (queda de 60 pontos), enquanto a receita líquida consolidada cresceu 2%.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) com isso, também frustrou. O número ajustado, de R$ 4,2 milhões, ficou aquém dos R$ 23 milhões projetados pelo BBI e dos R$ 10 milhões do BTG.
“A CVC reportou resultados mais fracos do que o esperado, com Ebitda ajustado 87% abaixo do nosso consenso e 91% abaixo do consenso do mercado. Além disso, notamos que, embora a demanda tenha continuado a melhorar durante o trimestre, a maior participação de B2B no mix de reservas, bem como a maior participação de cruzeiros nas reservas B2C, pressionou a taxa de take rate da CVC”, acrescenta o Santander.
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De qualquer forma, as casas apontam que o mais importante, no momento, é observar os próximos passos da CVC.
“Apesar do fraco conjunto de resultados, acreditamos que o cenário desafiador para a CVC está precificado, considerando que a empresa está chegando ao fim de uma forte ciclo de investimentos e aperto de caixa parece se resolver no curto prazo”, diz o BBI. “A estrutura de capital continuará em destaque. A CVC encerrou o quarto trimestre com R$ 815 milhões em caixa, R$ 961 milhões em recebíveis, R$ 897 milhões em dívidas financeiras e outros R$ 1,4 bilhão nas vendas antecipadas de pacotes de viagens que impactarão o fluxo de caixa nos próximos trimestres. Anunciou, ainda, proposta de reperfilamento de sua dívida, prorrogando em 3,5 anos os vencimentos de suas debêntures”, menciona o BTG.
O Bradesco BBI tem recomendação neutra pra as ações da CVC, com preço-alvo em R$ 6 (potencial de alta de 92,9% frente ao preço de abertura de hoje). O BTG também está neutro, com alvo em R$ 13 (upside de 318%), bem como o Santander, que tem alvo em R$ 4,50 (44,%).