Da queda do yuan à restrição da venda de ações: o que você precisa saber sobre a China hoje

Mercado segue em alerta após a bolsa de Xangai ter o pregão mais curto da história

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O dia já é de bastante tensão para os mercados mundiais,  após a China ajustar novamente para baixo o iuan e as ações de Xangai despencarem mais de 7% disparando o “circuit breaker” do mercado acionário pela segunda vez nesta semana, suspendendo as operações pelo restante do dia. As bolsas pela Europa têm queda de mais de 3%, enquanto o petróleo tem baixa de mais de 2%.

Para conter o sell-off, a China anunciou novas medidas hoje, restringindo as vendas de ações pelos principais acionistas de empresas listadas, buscando conter a queda do mercado – porém, a medida ameaça enfraquecer ainda mais a confiança do investidor. Confira o que você tem que saber sobre a China nesta quinta-feira: 

Desvalorização do yuan
Hoje, o banco central da China definiu sua taxa referencial do yuan em 6,5646 por dólar antes da abertura do mercado desta quinta-feira, nível mais fraco desde março de 2011.

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A taxa oficial ficou 0,5 por cento mais fraca do que a de quarta-feira, quando estava em 6,5314 por dólar, maior queda diária desde agosto, quando Pequim surpreendeu o mercado com uma abrupta desvalorização de 2 por cento da moeda chinesa.

Pequim tem dito que está avançando na direção de uma taxa cambial baseada no mercado, afrouxando a relação da moeda contra o dólar.

Taxa referencial
O novo mecanismo da taxa referencial do iuan lançado em agosto alcançou o resultado esperado e a taxa será mais orientada pelo mercado no futuro, disse o órgão regulador cambial chinês nesta quinta-feira. A China vai manter o yuan basicamente estável contra uma cesta de moedas, disse o órgão oficial em um comunicado publicado em seu site.

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A China continuará a avançar com reformas para chegar a um mecanismo cambial para o iuan baseado no mercado neste ano, disse na quinta-feira o órgão regulador cambial da China. O iuan ficou estável contra uma cesta de outras moedas em 2015, disse o órgão em comunicado publicado em seu site. Ele acrescentou que a China tem amplas reservas cambiais, embora não haja base para a contínua depreciação do iuan. Fundamentos econômicos darão suporte ao iuan no longo prazo.

Reservas internacionais
As reservas internacionais da China recuaram ao menor nível em três anos em dezembro, uma queda que deve intensificar as preocupações sobre a capacidade de Pequim conter a saída de capital. As reservas internacionais do país recuaram US$ 107,92 bilhões em dezembro, para US$ 3,330 trilhões, informou nesta quinta-feira o Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês).

Os formuladores da política monetária e os agentes do mercado têm acompanhado com atenção as reservas, desde que o PBoC desvalorizou o yuan em cerca de 2% em agosto,gerando preocupações sobre a possibilidade de um enfraquecimento maior da moeda chinesa. Isso levou a uma queda recorde de US$ 93,9 bilhões nas reservas, enquanto Pequim atuava para apoiar a divisa.

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Em novembro, as reservas internacionais da China haviam recuado US$ 87,22 bilhões, para US$ 3,438 trilhões – que já era o nível mais baixo desde fevereiro de 2013. No ano passado, o yuan enfraqueceu 4,5% ante o dólar, após cair 2,4% em 2014. 

A equipe econômica do Bradesco ressalta que a China perdeu US$ 512 bilhões de reservas no ano passado, respondendo à pressão vinda da saída de recursos do país – “o que, na nossa visão, se coloca como um dos maiores riscos para a estabilidade financeira do país neste ano”.

Novas regras
A Comissão Reguladora do Mercado de Valores da China (CRMV) ampliou hoje as restrições à venda de títulos por grandes acionistas, depois de o pregão das bolsas ter sido interrompido. 

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Em julho de 2015, os titulares de 5% ou mais das ações de uma empresa foram impedidos de vender durante um prazo de seis meses, de modo a conter as fortes quedas registradas nas bolsas chinesas. O prazo termina segunda-feira (11). A CRMV informa que esse impedimento será substituído agora por nova medida, em que os acionistas não podem vender mais de 1% de uma empresa por cada período de três meses.

Os titulares das ações terão também de divulgar a intenção de venda com 15 dias de antecedência. Não foi apresentada qualquer data limite.

Alerta de Soros
Os mercados globais estão enfrentando uma crise, e os investidores precisam ser muito cautelosos, afirmou o bilionário George Soros em um fórum econômico no Sri Lanka, de acordo com informações da Bloomberg. 

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“A China tem um problema de ajuste” e “diria que isso significa a uma crise”, afirmou, fazendo um alerta, ao dizer que o ambiente atual tem semelhanças com a crise de 2008. “quando olho para os mercados financeiros vejo um desafio sério, que me recorda a crise que vivemos em 2008”.

(Com agências)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.