Dependente do crédito, bolha nos EUA está prestes a explodir, diz Bill Gross

De acordo com gestor da Pimco, economia do país precisa de cada vez mais estímulos do governo para sustentar taxas de crescimento cada vez menores, comparando-a com uma Supernova

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O fundador e co-oficial de gestão da Pimco – a gestora do maior fundo de títulos de dívida do mundo – , Bill Gross, usa a metáfora da Supernova para abordar o cenário de investimentos nos Estados Unidos.

De acordo com ele, o surgimento de uma Supernova (como são chamados os corpos celestes que surgem após as explosões de estrelas) está prester a acontecer, o que pode ser bastante perigosa ao explodir eminentemente e fazer com que os investidores se percam. Para ele, “o universo do crédito está expandindo tão rapidamente que, no futuro, o resultado será um grande congelamento”. 

Em boletim para fevereiro, Gross fez um análise preocupante, ao sinalizar que a bolha de crédito, induzida pelo Federal Reserve, está cada vez mais perto de correr. Como resultado, os investidores terão de se acostumar a um ambiente de retornos decrescentes e carteiras que deterão os ativos mais duros como commodities e menos tangíveis em ativos financeiros, como ações.

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A contagem regressiva começa quando os investimentos em renda variável representam um risco muito grande para um retorno muito pequeno; assim, os credores saem do mercado de crédito para buscar alternativas, como dinheiro ou ativos reais. 

Desta forma, aponta Gross, os investidores passam a investir em ouro e outras commodities com proteção em relação à inflação, além de ativos de outros países que não possuem um banco central tão ativo quanto o Federal Reserve. Estes movimentos favorecem o Brasil, o Canadá e o México, aponta. 

Cada vez mais dependente de crédito
De acordo com ele, a economia dos EUA está cada vez mais dependente de crédito, exigindo assim mais de estímulos do governo para produzir taxas cada vez menores de crescimento, em um movimento parecido ao observado no Japão na última década. 

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“Nosso sistema monetário atual parece exigir expansão perpétua para manter a sua existência”, avalia o gestor. Gross destaca um declínio dentro dos mercados de crédito: enquanto em 1980, para gerar um dólar de PIB (Produto Interno Bruto), eram necessários US$ 4,00 em crédito. Já em 2006, eram necessários US$ 20,00. 

Atualmente, a dívida do governo dos Estados Unidos, familiar, empresarial e pessoal é de US$ 56 trilhões, “um monstro que precisa de quantidades crescentes de combustível”. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.