Dólar cai quase 1% na sessão e volta a fechar abaixo de R$ 5, de olho nos EUA; queda na semana é de 0,15%

Negociações sobre mudança no teto da dívida americana seguem no radar dos investidores

Equipe InfoMoney

(Getty Images)
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O dólar fechou em queda frente ao real nesta sexta-feira (26) e voltou a fechar abaixo dos R$ 5, em linha com o recuo da moeda no exterior, à medida que investidores aguardavam um acordo para elevar o teto da dívida dos Estados Unidos e evitar um calote possivelmente catastrófico.

A divisa americana comercial fechou em queda de 0,93%, a R$ 4,988 na compra e R$ 4,989 na venda, voltando a ficar abaixo de R$ 5. O movimento ocorreu após a forte alta de 1,66% da véspera, quando fechou a R$ 5,0355, no maior patamar desde o início do mês. Com isso, na semana, a queda foi pouco representativa, de 0,15%; em maio, o câmbio praticamente não andou, enquanto que no ano a queda do dólar é de 5,5%.

Em destaque, estão as notícias de que o presidente democrata Joe Biden e o presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Kevin McCarthy, estariam mais próximos de um acordo para aumentar o teto da dívida de US$ 31,4 trilhões do governo dos Estados Unidos por dois anos, limitando os gastos em tudo, exceto militares e veteranos.

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Os mercados financeiros têm reagido positivamente a quaisquer sinais de resolução desse impasse, uma vez que uma inadimplência da maior economia do mundo provavelmente espalharia ondas de choque por todo o globo, minando a confiança e a atividade econômica.

Embora continuasse caindo em meio às esperanças de um acordo para o teto da dívida, mais cedo o dólar ficou próximo de zerar suas perdas, imediatamente após a divulgação de dados mostrando alta maior do que a esperada do núcleo do índice de preços norte-americano PCE, a medida de inflação favorita do Federal Reserve.

Ao mesmo tempo, relatório separado mostrou que os gastos do consumidor norte-americano aumentaram mais do que o esperado em abril, impulsionando as perspectivas de crescimento da economia para o segundo trimestre, o que também influencia nas expectativas de uma inflação mais persistente.

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“Mais um conjunto de dados (consumo, renda e inflação) que não só reduzem a chance de um corte de juros pelo Fomc nesse ano, tese com baixo fundamento pelo mercado, mas principalmente aumenta a chance de novos aumentos”, escreveu Arthur Mota, da equipe de macro e estratégia do BTG Pactual, após a publicação dos dados.

O Fed faz sua próxima reunião de política monetária nos dias 13 e 14 de junho, com as expectativas dos mercados amplamente divididas entre uma manutenção da taxa básica e um aumento de 0,25 ponto percentual nos custos dos empréstimos.

Quanto mais altos os juros nos Estados Unidos, mais o dólar tende a se beneficiar globalmente de fluxos para o extremamente seguro mercado de renda fixa norte-americano.

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Cabe destacar ainda que a XP cortou a sua projeção para o dólar de R$ 5,30 para R$ 5 ao final de 2023 e de R$ 5,40 para R$ 5,15 ao final de 2024. Entre os fatores para a revisão, os economistas da casa esperam que os preços das commodities se estabilizem, após a correção baixista observada nas últimas semanas (principalmente para produtos agrícolas). Nesse sentido, o balanço de pagamentos do Brasil deverá permanecer robusto, com exportações crescente e entrada líquida significativa de Investimento Direto no País (IDP).

Por outro lado, no âmbito interno, persistem as incertezas sobre a condução da política econômica, embora o chamado “novo arcabouço fiscal”, aprovado nesta semana pela Câmara dos Deputados e que seguirá para o Senado, permita alguma redução nos prêmios de risco, o que levou assim a uma visão de dólar mais enfraquecido.

(com Reuters)