Dólar sobe 0,82%, a R$ 4,97, com pessimismo externo em meio a temores de desaceleração econômica

O mercado de câmbio ajusta-se à valorização da divisa americana e dos rendimentos dos Treasuries na volta do feriado nos EUA

Equipe InfoMoney

Novas regras permitem negociação de câmbio entre pessoas até o limite de US$ 500. Foto: Pixabay
Novas regras permitem negociação de câmbio entre pessoas até o limite de US$ 500. Foto: Pixabay

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O dólar comercial teve expressiva alta ante o real e voltou a se aproximar dos R$ 5 nesta terça-feira (5), após quedas moderadas nas últimas duas sessões. O mercado de câmbio se ajustou à valorização da divisa americana em outras praças e aos rendimentos dos Treasuries na volta do feriado nos EUA.

O dólar comercial fechou em alta de 0,82%, a R$ 4,975 na compra e na venda, atingindo uma máxima de R$ 4,987 no dia.

Euro, libra, iene e divisas emergentes e ligadas a commodities recuam frente ao dólar americano após os PMIs composto e de serviços na zona do euro e Alemanha permanecerem na zona de contração. Os mesmos dados da China em agosto estão na zona de expansão, pouco acima da linha de 50, mas não dissipam preocupações com a desaceleração da economia interna e expectativas de anúncios de novas medidas de apoio por Pequim.

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A atividade de serviços da China expandiu em agosto no ritmo mais lento em oito meses, mostrou uma pesquisa do setor privado nesta terça-feira, uma vez que a demanda fraca continua a afetar a segunda maior economia do mundo e medidas de estímulo falharam em reanimar o consumo.

Já na zona do euro, o declínio na atividade empresarial acelerou no mês passado com mais rapidez do que se pensava inicialmente, com o setor de serviços em contração, de acordo com pesquisa separada.

“Os ativos de risco estão em baixa após os dados de PMI composto e de serviços da zona do euro e China mostrarem números piores do que o esperado”, disseram analistas da Guide Investimentos em nota. “Os preços de commodities estão caindo em meio à piora dos dados econômicos, apontando para uma menor demanda.”

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No mercado local, a produção industrial caiu 0,6% em julho ante junho, na série com ajuste sazonal, divulgou mais cedo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A queda foi mais intensa que a prevista por analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que esperavam recuo de 0,3%, segundo a mediana das estimativas. O intervalo de previsões ia de queda de 1,1% a alta de 0,4%. Em relação a julho de 2022, a produção caiu 1,1%.

No Brasil, “o mercado segue de olho nas negociações do governo para conseguir aprovar as medidas de arrecadação”, disse a Guide Investimentos.

Receios sobre a capacidade do governo de zerar o déficit no ano que vem, como tem planejado, penalizaram os ativos brasileiros em algumas das últimas sessões, em meio à percepção de que seus planos fiscais talvez sejam ambiciosos demais.

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No entanto, uma taxa de juros ainda elevada, surpresas econômicas positivas e o avanço de reformas estruturais têm sido apontados como fatores de apoio para a moeda local, com muitos especialistas notando maior interesse de investidores estrangeiros no Brasil.

“O Brasil há muito tempo tem taxas de juros reais muito altas e uma moeda muito fraca. Isso pode estar mudando. O capital estrangeiro que ia para a China quer vir para o Brasil. O Brasil só precisa acolher os fluxos ocidentais e não se perder em uma perigosa narrativa de ‘Sul Global’…”, escreveu Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF).

Ainda no radar, o governo federal pediu ao Congresso Nacional que seja considerada sem efeito e, portanto, cancelada, a urgência pedida para o Projeto de Lei 4.258/2023, que acaba com dedução de Juros sobre Capital Próprio (JCP) da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) a partir de 2024.

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Alvo de crítica de bancos e indústria, a proposta foi encaminhada aos parlamentares na semana passada dentro de um pacote de medidas desenhadas pelo Ministério da Fazenda para obter receitas adicionais e assim cumprir a pretendida meta fiscal zero no ano que vem. Com o projeto, o governo espera arrecadar R$ 10 bilhões de um total de R$ 168 bilhões necessários para zerar o déficit em 2024.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira, em sua live semanal, que grandes devedores enrolam o governo. De acordo com ele, é certo o governo ter ganho de causa quando houver empate nos julgamentos do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais).

O Congresso já aprovou um projeto do interesse do governo para recriar o chamado voto de qualidade no Carf, que na prática dá ao Executivo a vantagem do empate. O texto aguarda sanção.

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(com Reuters e Estadão Conteúdo)