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SÃO PAULO – A economia brasileira em 2016 pagou o preço de um aperto monetário intenso e da implementação de medidas de ajuste fiscal. A transição ao longo de 2017 para a retomada do crescimento vai exigir a aprovação da reforma da previdência no Congresso e contará com um ciclo de corte de juros significativo e com as recém-anunciadas regras de flexibilização das relações de trabalho. Este foi o diagnóstico feito pela economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, e pelo ex-diretor do BC Alexandre Schwartsman.
Em entrevista ao InfoMoney TV, os dois concordaram que o presidente Michel Temer tem uma margem de erro estreita e que o sucesso (ou fracasso) na condução da política econômica ao longo do ano que vem determinará a qualidade do debate eleitoral em 2018. Zeina e Schwartsman projetaram ainda as consequências da presidência de Donald Trump e do processo de desglobalização terão sobre o cenário doméstico e comentaram a percepção do mercado a respeito da equipe econômica de Temer, “o dream team” formado por Henrique Meirelles e Ilan Goldfajn.
Veja abaixo as perguntas e os principais trechos das respostas dos entrevistados ou assista aos blocos da entrevista em vídeo.
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PERGUNTA 1: O pessimismo de 2016 se estenderá para 2017?
Zeina: Vemos que a economia ainda está testando fundo do poço, ainda que com queda mais suave daqui pra frente
Schwartsman: Estamos só no começo do processo de afrouxamento monetário. Nosso passado é de recessões curtas e recuperações fortes; situação agora é diferente
PERGUNTA 2: O quanto Donald Trump afetará o cenário para o Brasil?
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Schwartsman: Há perdas na globalização que levam a tendências contrárias. Este é um fenômeno preocupante para o mundo todo.
Zeina: O sistema de pesos e contrapesos nos EUA vai funcionar mais do que nunca com Trump.
PERGUNTA 3 – Como será o processo de corte de juros no Brasil?
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Schwartsman: O cenário mais recente de inflação tem sido muito positivo. Finalmente parece se ter conseguido quebrar dinâmica inflacionária muito ruim.
Zeina: Acho que há espaço para chegar em taxa de juros de um dígito, o que pode ter reflexos importantes na economia.
PERGUNTA 4: Qual a possibilidade da reforma da previdência acontecer? E se não acontecer?
Schwartsman: Posso parecer apocalíptico, mas não dá pra subestimar importância da reforma previdenciária.
Zeina: Reforma da previdência é o “Plano Real” do Temer
PERGUNTA 5: Qual a avaliação sobre Ilan Goldfajn com a política monetária e Henrique Meirelles no combate à dívida dos Estados?
Schwartsman: Se tiver que apagar 27 incêndios, ou pelo menos 7 incêndios grandes, é um retrocesso grande para o Meirelles.
Zeina: O Ilan gerou irritação do mercado, mas não é questionamento de autoridade do BC, tanto que não reflete em expectativa inflacionária.
PERGUNTA 6 – Será possível desenharmos um cenário melhor para o futuro do Brasil quando chegarmos no final de 2017?
Schwartsman: O cenário não vai ser brilhante, mas deve ser melhor.
Zeina: É importante terminar 2017 bem para campanha de 2018 não ter “gente esquisita” concorrendo.