Elétricas afundam e investidor precisa ter cuidado para tombo não crescer

De porto seguro a tormenta, épocas de bonança do setor acabou, pelo menos por enquanto, dizem analistas; para quem está de fora, a dica é fugir das elétricas

Paula Barra

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SÃO PAULO – As ações do setor elétrico despencam, e é dificil ver o fundo desse penhasco, pelo menos por enquanto. O período de maré calma acabou, mas os analistas reforçam: é preciso ter “sangue frio”. A dica é não sair vendendo a qualquer preço seus ativos, e respirar fundo para manter a calma, pois o setor ainda é seguro. O mercado “exagerou” na reação e aqueles que estavam acostumados a viver de sombra e água fresca, com gordos dividendos, vão precisar ter cautela, mas para quem está de fora do mercado, a hora é de correr das elétricas.

“O investidor deve ter calma, e esperar a poeira baixar, pois qualquer ação precipitada pode trazer mais prejuízo e a médio prazo o cenário tende a se neutralizar”, disse o analista da Geral Investimentos, Ivanor Torres. Ele comenta que as empresas são bem administradas e os efeitos dessa decisão devem pesar mais no curto prazo.  Apesar da evasão das corretoras dos papéis de energia no mês de setembro, a Geral foi uma das que manteve a Tractebel (TBLE3) em sua carteira mensal.

O analista agora recomenda: é preciso ter cautela. “Quem já está posicionado deve medir os próximos passos para não tomar um tombo ainda maior”, comentou, lembrando a ingerência do governo é prejudicial, claro, e deveria ter sido feito de uma forma mais técnica. Para ele, essa medida está sendo utilizada como instrumento político por conta da eleição e que os efeitos do plano de Dilma ainda precisam ser pesados.

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Quem também segue essa corrente é a analista da casa de research Empiricus, Beatriz Nantes. “Para quem tem estômago para aguentar essa queda deve continuar posicionado. Eu não sairia agora”, disse a analista. Para ela, “o cenário está bastante apocalíptico”, já que tem algumas empresas que não vão se prejudicar tanto, como é o caso da Coelce (COCE5), que chegou a cair quase 6%, mas não tem nenhuma concessão vencendo em breve.

Outra que anunciou um panorama mais brando foi a Copel (CPLE6), que chegou a afundar na mínima do dia mais em 16%, mas indicou que não vê impactos relevantes da Medida Provisória, divulgada nesta quarta-feira, nas suas atividades, já que nesse segmento de geração ela possui apenas 5% da sua capacidade instalada com vencimento até 2017. Além disso, as próximas concessões de geração vencerão somente em 2023, 2029 e 2030.

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Se vai aplicar agora na bolsa, recomendação agora é outra
Contudo, para quem está entrando na bolsa agora, a recomendação é outra: fique longo desses papéis, indica Beatriz. “Quem não tem estômago para ver suas ações diluírem mais de 20% em um dia é melhor passar longe dessas ações”, comentou. Entretanto, ela enfatizou que ainda não dá para saber o real efeito dessa medida nas empresas e tudo precisa ser melhor avaliado.

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Na opinião de Beatriz, o que pode ver é que quem deve ser mais penalizada pelo corte de Dilma são: Transmissão Paulista (TRPL4), Cesp (CESP6) e Eletrobras (ELET3). O impacto disso pode ser visto nos papéis das companhias nesta quarta, que caíram 24,06%, 27,53% e 4,72%, respectivamente. Segundo a analista, a Transmissão Paulista será bastante afetada pela MP, que aponta que as linhas de transmissão que já foram amortizadas não terão indenização, o que pode implicar na perda de 60% da receita da companhia.