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SÃO PAULO – O impacto de provisões sobre empréstimos de energia reduziu o lucro da Eletrobras (ELET3; ELET6) no terceiro trimestre e pegou de surpresa quem acompanha as ações da estatal. Analistas do Bradesco BBI, Itaú BBA e Credit Suisse não chegaram a mudar suas recomendações sobre os papéis da empresa, mas admitem que o acréscimo no contingente da companhia não estava no radar.
A Eletrobras registrou lucro líquido de R$ 964,561 milhões entre julho e setembro deste ano, 65,7% menos que os R$ 2,814 bilhões de um ano antes. Essa queda ocorreu, justamente, por ajustes na contabilização de provisões para contingências, no montante de R$ 9,434 bilhões.
Conforme a empresa, o acréscimo em provisionamentos de empréstimos compulsórios foi de R$ 8,926 bilhões.
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No relatório intitulado “Melhor privatizar a Eletrobras logo”, o Bradesco BBI destacou essa adição inesperada. “À primeira vista, essa provisão inesperada pode ser vista como um impacto substancialmente negativo, mas o risco de novas provisões relacionados a garantias de empréstimos compulsórios não é exatamente novo para os investidores”, escreveram os analistas.
Para o BBI, o aumento das provisões é mais um motivo para concretizar a privatização da Petrobras. “O empréstimo compulsório é uma das maiores dores da companhia, pois, sendo estatal, enfraquece a capacidade da empresa de se defender em mais de 4 mil casos diferentes movidos por investidores e grandes indústrias”, diz o texto do relatório.
Recentemente, a companhia teve uma decisão a seu favor no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Os ministros barraram uma cobrança de R$ 11 bilhões à Eletrobras referentes a correção de empréstimos compulsórios, que foram criados para expandir o setor elétrico e exigia uma contribuição cobrada na conta de energia de grandes consumidores de energia até o início da década de 1990.
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O Bradesco BBI avalia que a decisão favorável da Justiça implica em uma redução substancial de risco em outras provisões, que podem chegar a R$ 12,5 bilhões. Os analistas mantiveram avaliação neutra para ação da empresa e preço-alvo de R$ 44 para os papéis ELET6.
Relatório do Itaú BBA assinado por Marcelo Sá também destaca o aumento nas provisões da empresa no terceiro trimestre. “Com esse acréscimo, o total acumulado em provisões para empréstimos compulsórios aumentou para cerca de R$ 26 bilhões – o que era o nosso pior cenário para a Eletrobras e ainda foi contabilizado em nossa avaliação sobre a empresa”, escreveu o analista.
Tirando as provisões, os resultados vieram em linha com o esperado pelo BBA em especial o crescimento de 3,2% no Ebtida recorrente da estatal. Contando efeitos não-recorrentes, o Ebitda ficou em R$ 4,6 bilhões, superando as expectativas dos analistas da casa. A recomendação do BBA para a ação ELET3 é outperform (desempenho acima da média do mercado) com preço-alvo de R$ 53.
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Para o Credit Suisse, a Eletrobras apresentou bons números operacionais, amparados por crescimento de receita de transmissão e despesas operacionais “decentes”, apesar de uma performance mais fraca das unidades de geração da companhia. Receitas contratuais da Rede Básica Sistema Existente (RBSE) e vendas no mercado à vista contribuíram com o desempenho.
O Credit Suisse comentou que a Eletrobras entregou bons números operacionais, com destaque para o Ebitda, principalmente devido a maiores receitas de Transmissão e PMSO decente, apesar do desempenho mais fraco das unidades de Geração de energia. Do lado negativo, o banco também destacou o aumento de provisões para empréstimos compulsórios.
O banco mantém avaliação neutra para ações da Eletrobras, e preço-alvo de R$ 45,00.
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A sessão é de expressiva queda para os ativos. Às 13h48 (horário de Brasília), as ações ordinárias da Eletrobras (ELET3) recuavam 5,38%, a R$ 32,70. Os papéis preferenciais (ELET6) caiam 5,08% a R$32,32.
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