Em 13 leilões, intervenção do BC atinge US$ 14,3 bi na semana, mas dólar cai 3%

Analistas acreditam que BC aproveita essa oportunidade para reduzir seu estoque de swaps, diante de um mercado que se desfaz de posições compradas de hedge

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Com a aproximação da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, o mercado aumenta o otimismo de que realmente haverá uma troca de governo, e isso não só fez a Bolsa subir como puxou o dólar para níveis não vistos desde agosto de 2015. Com isso, o Banco Central viu uma grande oportunidade de agir no mercado e se desfazer de suas posições.

No total, em três dias a autoridade monetária interviu 13 vezes no dólar, realizando 13 leilões de swap reverso – que equivale a uma compra de dólares no mercado futuro – e movimentando US$ 14,2 bilhões. Na segunda-feira as ações do BC foram menores (3 leilões com um total de US$ 1 bilhão), mas a moeda desabou por conta da votação do impeachment na comissão especial da Câmara dos Deputados.

Por outro lado, na terça ocorreu a maior intervenção da história com leilões de swap reverso. Foram cinco leilões, com um total de 160 mil contratos movimentando US$ 8 bilhões. Completando, nesta quarta-feira (13), foram novamente cinco leilões, mas com uma demanda menor, “apenas” 105 mil contratos e um total de US$ 5,2 bilhões.

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Mesmo com todas estas intervenções, a autoridade monetária não conseguiu evitar que o dólar recuasse 3,25% nesta semana, passando de R$ 3,5965 do fechamento da última sexta-feira para R$ 3,4795 nesta quarta, renovando sua mínima desde agosto do ano passado.

Analistas acreditam que BC aproveita uma janela de oportunidade para reduzir seu estoque de swaps cambiais, diante de um mercado que se desfaz de posições compradas de hedge cambial ante a perspectiva de impeachment. É neste cenário que há a expectativa de que grandes empresas estejam se desfazendo de suas posições de hedge, em um claro sinal de que o mercado acredita cada vez mais na chance do impeachment de Dilma, o que levaria o dólar para novas quedas.

Em primeiro, lugar, BC está reagindo à mudança significativa no sentimento do câmbio relacionada aos desdobramentos do pano de fundo político”, disse à Bloomberg Mike Moran, chefe de pesquisas econômicas para as Américas do Standard Chartered Bank. “Não vai ter atuação do BC que seja capaz de evitar a tendência de queda do dólar”, afirmou o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo. “Há entusiasmo no mercado com o PT saindo do poder”, acrescentou ele.

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“O BC pode estar vendo um fluxo positivo que o mercado não é capaz de ver. Diante da tendência que isso gera de apreciação do real, há espaço para que ele suavize o movimento do câmbio e reduza sua posição em swaps”, disse à Bloomberg o economista Roberto Padovani, do Banco Votorantim. Na expectativa de uma mudança política, “se todo mundo corre para o real, gera movimento excessivo da moeda”, diz o economista.

Para Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset Wealth Management, o objetivo dessa atuação forte do BC não é o de impedir a queda do dólar, embora de imediato esse seja o efeito do leilão de swaps reversos. A impressão, diz o diretor, é que o BC quer reduzir a volatilidade do real, que está muito alta. Spyer, contudo, tem dúvidas sobre se os leilões vão reverter a tendência do câmbio, pois ainda existem muitos vendedores de dólar no mercado, afirma. Segundo ele, alguns clientes estão considerando que dólar pode cair para até R$ 3,00.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.