Em dia de briga de blue chips, Eneva dispara 16% e fusões movimentam ações

Fusão de ALL e Rumo fortalece ações da primeira e da Cosan; Anhanguera e Kroton vão cada uma para um lado na bolsa com perspectiva de fracasso

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – Em mais um pregão volátil, o Ibovespa fechou próximo da estabilidade nesta segunda-feira (24), com alta de 0,03%, aos 47.393 pontos. O índice refletiu o desempenho ativos de grande peso na carteira teórica do índice, como a Petrobras (PETR3; PETR4) e Vale (VALE3; VALE5) – que brigaram para definir o desempenho da bolsa. O movimento ocorre às vésperas da divulgação dos resultados das duas empresas, com a estatal divulgando seus números nesta terça-feira e a mineradora no dia seguinte.

Em relação à Petrobras, segundo apurou o Valor, o déficit comercial da companhia triplicou em apenas um ano, resultado da incapacidade da estatal repassar os aumentos nos preços dos combustíveis. A soma bateu em US$ 24,4 bilhões no ano passado, contra US$ 8,6 bilhões em 2012, de acordo com dados da abertura por empresas feito pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Com a perspectiva de um reajuste para não comprometer a economia nacional, já que amanhã haverá uma reunião do conselho, os papéis ordinários da petrolífera registraram ganhos de 1,79%, a R$ 13,64, enquanto os preferenciais têm ganhos de 2,47%, para R$ 14,50.

Ainda sobre a produtividade da companhia, o jornal O Estado de S. Paulo destacou a Bacia de Campos como uma das principais preocupações da Petrobras, cuja produção excedente de água como subsproduto se tornou um problema real. Na média, para cada barril de petróleo extraído na principal produtora do País, um é água, segundo a publicação. A quantidade de água nas plataformas já ultrapassa 1,5 milhão de barris de óleo por dia, de acordo com dados da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

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Ajudando a puxar o Ibovespa para baixo, as ações ON e PNA da Vale recuaram 2,72% e 2,78%, respectivamente, cotadas a R$ 33,67 e R$ 29,76, enquanto os papéis da Bradespar (BRAP4), holding que detém forte participação no capital da mineradora, recuavam 2,80%, para R$ 21,50. Juntas, Vale e Bradespar correspondem a 13,35% da carteira teórica do benchmark.

Segundo o analista João Pedro Brugger, da Leme Investimentos, não saiu nenhuma notícia que justificasse a aceleração das perdas nesta tarde. Contudo, ele acredita que essa reação seja mesmo reflexo do pessimismo dos investidores acerca dos resultados do 4º trimestre de 2013 da mineradora, que serão divulgados nesta quarta-feira (26) após o fechamento do pregão.

Eneva dispara com volume mais forte
Destaque fora do índice para as ações da Eneva (ENEV3), que registram fortes ganhos de 15,96%, cotadas a R$ 2,14. O volume movimentado pelos papéis da companhia, R$ 9,54 milhões, ultrapassou a média dos últimos 21 dias, que é de R$ 6,4 milhões. Mesmo com a alta de hoje, importante destacar que os ativos da Eneva acumulam perdas de quase 30% em 2014, sendo que até o último pregão, a desvalorização em fevereiro atingia 41%.

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Fusão da ALL e Rumo deve ser anunciada hoje
A Cosan (CSAN3, R$ 36,60, +3,51%) confirmou nesta manhã a fusão entre Rumo – empresa de logística do Grupo Cosan – e a ALL (ALLL3). Com isso, os papéis da ALL registram os maiores ganhos do Ibovespa ao avançarem 8,90%, atingindo R$ 7,10. Na nova empresa, a ALL foi avaliada em R$ 6,958 bilhões, equivalente a R$ 10,18 por ação, ou seja, 56% acima do fechamento da última sexta-feira, e a Rumo em R$ 4 bilhões, o que corresponde a um preço implícito de R$ 3,90 por ação.

Com a incorporação, a ALL passará a deter 63,5% da nova companhia, enquanto os acionistas da Rumo ficarão com 36,5%, podendo tal relação de troca ser ajustada em caso de eventuais distribuições de recursos pela Rumo ou pela ALL aos seus acionistas a partir desta data. Já a Cosan será responsável por indicar a maioria dos conselheiros da companhia combinada.

Magazine Luiza e Hypermarcas caem após resultados
Duas empresas divulgaram seus resultados de 2013 entre a noite de sexta-feira e a manhã desta segunda-feira. A Magazine Luiza (MGLU3, R$ 7,37, -1,12%) viu seu lucro líquido saltar 239,6% no quarto trimestre do ano passado, contra o mesmo período de 2012, para R$ 33 milhões. Segundo a empresa, o lucro foi resultado do bom desempenho das vendas, uma melhor alavancagem operacional e desempenho da Luizacred. Em 2013, o lucro líquido totalizou R$ 113,8 milhões, com margem 1,4%, revertendo prejuízo de R$ 6,7 milhões em 2012.

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Por sua vez, a Hypermarcas (HYPE3) viu seu lucro líquido recuar 55,9% no quarto trimestre, contra o mesmo período de 2012, indo para R$ 54,9 milhões. No ano, o lucro foi de R$ 256,7 milhões, alta de 25,9% sobre os R$ 203,9 milhões apresentados um ano antes. A receita líquida alcançou R$ 1,118 bilhão nos últimos três meses de 2013, crescimento de 9% utilizando a mesma base de comparação. As ações da companhia registraram perdas de 1,12%, a R$ 14,95.

Kroton e Anhanguera tem fusão questionada
Anunciada em abril do ano passado, a fusão entre a Kroton (KROT3) e Anhanguera (AEDU3) começa a ser questionada pelo mercado, levando os papéis das duas empresas a tomarem rumos opostos na Bolsa. Nesta sessão, os papéis da Kroton subiram 5,07%, a R$ 43,50, atingindo seu terceiro dia consecutivo de ganhos. Enquanto isso, os ativos da Anhanguera tiveram queda de 3,82%, para R$ 11,07 – atingindo seu 8º pregão de queda.

O que se especula agora é que a união das companhias estaria travada no Cade (Conselho de Administração de Defesa Econômica). Analistas e gestores acreditam que se a fusão fracassar a Anhanguera sofreria mais do que a Kroton. Um dos pontos que vêm sendo ressaltado é a relação de troca dos papéis, que já indicaria um fracasso na união. Segundo o acordo firmado entre as empresas, cada ação da Anhanguera seria trocada por 0,4548 ação da Kroton. Entretanto, atualmente, os papéis da Anhanguera são negociados com um desconto de 23% em relação ao preço estipulado na troca, o que sugere, que a fusão pode não ocorrer. “O preço atual das ações indica uma possibilidade de 50% do acordo não ocorrer”, disse o BofA.

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Gradiente
A batalha da Gradiente contra a Apple para conseguir o direito de usar a marca iPhone no Brasil vai ganhar mais um capítulo nesta semana. Depois de perder em setembro do ano passado a exclusividade da marca IPHONE, a empresa brasileira vai tentar reverter a decisão no TRF(Tribunal Regional Federal) da 2° região, no Rio de Janeiro, na próxima terça-feira.

Apesar da derrota em 2013, o mercado parece animado com o julgamento e vem puxando as ações da IGB Eletrônica (IGBR3), dona da Gradiente, para cima nos últimos dias. Nesta sessão, os papéis registram valorização de 11,46%, sendo cotados a R$ 7,00. O volume financeiro foi de R$ 329,6 mil, contra média diária de R$ 89,5 mil nos últimos 21 pregões. Desde o fechamento do dia 13 de fevereiro, os ganhos são de 63,83%.

Raia Drogasil
As ações da Raia Drogasil (RADL3) passam pelo segundo dia de forte alta ao avançarem 5,95%, cotadas a R$ 15,84. Na última sexta-feira, os papéis da companhia já tinham subido 4,55%, chegando a passar por um leilão de uma hora após uma gigantesca oferta de 4 milhões de papéis. Essa oferta, que representou mais de 1% do capital da empresa, foi feita tanto na ponta compradora quanto na vendedora por clientes do banco Morgan Stanley – não se sabe se foi um ajuste de carteira ou se são clientes diferentes.