Em meio à doença de Chávez, bolsa da Venezuela avançou 300% em 12 meses

Por conta de suas ações e a crescente quantidade de restrições aos pilares de uma economia capitalista, o mercado acionário da Venezuela "vibrou" com a possibilidade de se ver livre do presidente

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – O principal índice da bolsa da Venezuela, o IBVC, avançou 300% entre março de 2012 e março de 2013 – em um período em que a principal liderança do país, Hugo Chávez, viu sua condição de saúde piorar e as perspectivas de seu projeto político, o Socialismo Bolivariano, cada vez mais distantes. 

Reeleito em 2012, com aproximadamente 55% dos votos, Chávez era – e continuará sendo – um homem que dividia opiniões dentro e fora de seu país. Sem entrar no mérito sobre um suposto ataque à liberdade de expressão e liberdade política na Venezuela, algo propagandeado por seus opositores mas negado veementemente por seus partidários, havia um regime hostil ao capital e às estruturas de uma economia capitalista, como a livre iniciativa e o lucro. 

Por conta de suas ações e a crescente quantidade de restrições aos pilares de uma economia capitalista, o mercado acionário da Venezuela “vibrou” com a possibilidade de se ver livre do presidente. “Pode ser que já estavam precificando a morte do Hugo Chávez há algum tempo”, alerta Juliano Carneiro, trader profissional e professor do site julianocarneiro.com. 

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Com novas eleições, é possível que um líder menos radical por lá assuma: a expectativa é que haja um embate entre Nicolás Maduro, vice de Chávez, e Henrique Capriles, principal nome da oposição e mais favorável ao mercado de capitais. “Há a expectativa de que o país possa tomar outro rumo, mais favorável ao mercado de capitais, e isso impulsionou o mercado nos últimos meses”, diz. Mas vale lembrar que, antes de ir se tratar em Cuba, Chávez disse, em discurso à população, que caso algo lhe acontecesse o seu vice Nicolás Maduro deveria assumir o poder.

Alta pode ser irreal
Além disso, a falta de liquidez – há dias que não há negociação – faz com que o mercado seja mais fácil de manipulação que o brasileiro, por exemplo. Isso permite que as ações tenham ganhos fortes, mas que podem ser irreais – já que pode não haver compradores para esses papéis ao preço atual. É um mercado muito mais primitivo que a BM&FBovespa, o que pode ser conferido no fato de que o IBVC só contém 10 ações. 

A desvalorização da moeda da Venezuela – país de forte inflação -, o bolívar, foi outro fator que ajudou a inflar, de maneira irreal, o mercado. Uma vez que cada vez mais bolivares eram necessários para se comprar os mesmos produtos por lá, era natural que as ações acompanhassem esse movimento, e isso se refletisse em seus preços.