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SÃO PAULO – É inegável que a crise entre as grandes instituições financeiras do mundo ainda está longe de terminar. Baixas contábeis bilionárias, ocasionadas pelas perdas de títulos atrelados às hipotecas norte-americanas, ainda são praticamente uma rotina no setor, assim como os prejuízos. No entanto, o ambiente é menos tenso do que muitos pensavam.
A temporada de divulgação de resultados era aguardada com forte apreensão pelos investidores, ainda na memória dos massivos prejuízos reportados pelo setor no primeiro trimestre deste ano. As perdas ainda dão o tom predominante dos desempenhos, mas têm vindo menores do que o esperado pelos analistas.
Os grandes bancos norte-americanos, cuja única exceção fica para a Merrill Lynch, superaram as expectativas dos mercados. Com isso, as bolsas em Wall Street encerraram a última semana com valorização, como o índice S&P 500, que desde o final de maio não mostrava um saldo semanal positivo. E os ganhos são estendidos nesta segunda-feira (21) com o Bank of America.
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Prejuízos e lucros
Um lucro líquido de US$ 3,41 bilhões, ou cerca de US$ 0,72 por ação. Assim veio o resultado do Bank of America entre os meses de abril a junho deste ano. E embora represente uma expressiva queda de 41% na passagem anual, a cifra supera em mais de 30% as estimativas dos analistas, que giravam em torno de um lucro de US$ 0,54 por ação.
A mesma combinação de “ruim na passagem anual, mas melhor do que o previsto” foi verificada também nos resultados do Citigroup e do JPMorgan. O primeiro marcou um prejuízo de US$ 2,5 bilhões, ao passo que as apostas do mercado eram de US$ 3,67 bilhões. Já o JPMorgan trouxe um lucro líquido de US$ 2 bilhões, 53% menor do que o de 2007 mas acima do esperado.
Quando os números não superaram as projeções, ao menos vieram em linha com as expectativas. Este foi o caso do Morgan Stanley, que no segundo trimestre deste ano amargou uma queda anual de 57% em seu lucro líquido. Ainda assim, suas ações, à época da divulgação dos resultados, pouco se mostraram abaladas, uma vez que tal decréscimo já era amplamente previsto pelos investidores.
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Surpresas positivas também marcaram os desempenhos de Goldman Sachs e Wells Fargo. Mas o ponto destoante fica com a Merrill Lynch. De fato, desde o início da crise, o banco tem se mostrado um dos mais afetados, mas seu resultado veio pior do que o esperado, com um prejuízo de US$ 4,65 bilhões e baixas contábeis de US$ 9,7 bilhões.
Setor acalma bolsas
Além de indicarem que as condições no sistema bancário norte-americano não estão tão deterioradas quanto se pensava, os “bons” resultados das instituições acalmam os investidores na medida em que afastam os receios de mais uma rodada de corte nos dividendos e captações adicionais de recursos nos mercados.
Com isso, embora a maioria dos papéis do setor continue acumulando um desempenho negativo neste ano, um leve esboço de recuperação pôde ser verificado nas últimas sessões. As ações do Citi são um claro exemplo: decrescidas em 34,3% em 2008, neste mês de julho mostram uma alta de 15,3%.
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Se o histórico de resultados acima do esperado irá se manter nos próximos trimestres, só o tempo poderá dizer. No entanto, em tempos de incertezas e turbulências advindas de todos os lados, o setor financeiro, na contramão das projeções pessimistas de muitos analistas no começo do ano, vem se comportando como um fator de alívio às bolsas.