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SÃO PAULO – Parece difícil de acreditar que tudo se acalmou. Após meses de especulações sobre um default do governo grego, o Parlamento aprovou um ousado plano de corte de gastos e abriu caminho para a obtenção da última parcela do pacote de ajuda obtido em 2010, e para a concessão de um novo resgate nos próximos anos. A crise na Europa foi o principal motivo de preocupação dos leitores da InfoMoney em enquete realizada na última semana de junho, com 972 dos 3.137 votos apurados no período.
O segundo maior temor apontado entre os votantes foi a inflação. Cotada como um dos principais desafios do governo da presidente Dilma Rousseff, a inflação foi o mais forte risco para 18% dos participantes, acumulando 571 votos na semana de 27 de junho. “Não haverá hipótese alguma que o governo se desmobilize diante dela. Todas as nossas atenções estão voltadas para seu combate acirrado”, declarou Dilma no final de abril.
Após sucessivas medidas para contenção do crédito e combate à inflação, os preços começaram a ceder no final de maio. Contudo, a inflação deve seguir como tema do mercado local pelos próximos meses, por conta da sazonalidade dos indicadores e, mais importante, para correlacionar o compasso entre a criação de empregos, aquecimento econômico e o aumento de preços, que podem indicar ou não a necessidade de novos ajustes monetários; por exemplo, na taxa de juros.
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Risco | Porcentagem | Votos |
Crise na Europa | 31% | 972 |
Inflação em alta | 18% | 571 |
Economia dos EUA | 17% | 531 |
Queda de commodities | 12% | 381 |
Desaceleração econômica | 11% | 351 |
Aperto monetário chinês | 8% | 254 |
Outros | 2% | 77 |
O aumento dos juros eleva a atratividade de papéis de renda fixa e diminui o apetite dos investidores por investimentos de risco, como na bolsa de valores. Além disso, o custo por financiamentos cresce, o consumo cai e a economia nacional perde em ritmo de crescimento.
Recuperação norte-americana
Por sua vez, para 17% dos leitores (531 votos), o terceiro ponto preocupante foi a díficil recuperação da economia norte-americana, justamente na semana em que o Quantitative Easing 2, o programa que injetou US$ 600 bilhões na economia do país através da compra de treasuries de longo prazo, chegou ao fim.
Segundo o banco Societé Genérale, com o fim do QE2, uma decepção com as margens das empresas no segundo trimestre poderia levar a uma correção de 10% na renda variável nos próximos meses, “como aconteceu ao final do QE1”.
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Desacelaração da economia assusta 11% dos leitores
O principal efeito colateral das medidas macroprudenciais adotadas pelo governo para conter a inflação – a desaceleração do crescimento econômico – é considera por 351 leitores da InfoMoney o maior fator de risco para o mercado brasileiro de ações no curto prazo. Com quase a mesma quantidade de votos, 381, a queda de preço das commodities aflige 12% dos participantes.
A enquete termina com 8% dos leitores, ou 254 votos, apontando como temor o aperto monetário na China, o maior parceiro comercial do Brasil, responsável pelo consumo de 57,13% do minério de ferro exportado pelo Brasil no ano anterior, 16,9% do petróleo e 12,83% da soja, segundo estatísticas brasileiras.
Por fim, para 2%, ou 77 participantes, declararam ter preocupações diversas das seis anterioremente expostas.