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SÃO PAULO – Por muito se esperou a reunião do Federal Reserve nesta quarta-feira (21). O mercado desabou com as falas de integrantes do Banco Central americano projetando alta dos juros e voltou atrás quando os dados dos Estados Unidos mostraram que isto não deve acontecer agora. Amanhã todos saberão a decisão final, mas há um outro evento que pode ter um efeito muito maior no mercado e que muitas pessoas estão se esquecendo.
Na madrugada de hoje para amanhã o Bank of Japan irá fazer seu anúncio sobre a política monetária e isto tem deixado os investidores bastante apreensivos porque há uma indefinição muito maior do que com o Fed. Mas o principal do que deve ser anunciado por Haruhiko Kuroda, presidente do BoJ, se trata do futuro, que pode afetar os mercados no mundo todo, como explica a equipe de análise da Iporanga Investimentos.
Segundo o economista Thiago Nakashima, o maior temor das autoridades japonesas não está no fato do país viver com juros negativos, mas com a curva de juros ainda estar baixa no futuro. Isto eleva as preocupações com os fundos de pensão e seguradoras, o que tem feito alguns agentes de mercado entenderem que o BoJ deve fazer algo para mudar isso. “Caso isto aconteça, boa parte do fluxo que se espera para países emergentes vai diminuir, mas o Japão tem outros problemas para resolver”, explica o economista.
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Kuroda afirmou no início deste mês que esta reunião servirá para analisar a atual política monetária do BoJ, com um programa de estímulos lançado em janeiro. “Não há nada diferente do que outros bancos centrais estão fazendo no mundo”, afirma Nakashima, que lembra que nada é tão simples e outros fatores devem pesar para que a autoridade japonesa não faça uma mudança tão forte neste momento.
“O mercado já corrigiu boa parte do movimento de quando avaliou que o BoJ poderia fazer algo para mudar a curva de juros, mas se na reunião de amanhã não tivermos nenhum anúncio ainda há espaço para novas correções”, afirma Nakashima. Caso isto se comprove, ativos como o dólar podem cair ante o real na sessão desta quarta.
Existem, basicamente, três tipos de intervenções que o BoJ pode fazer. A primeira seria empurrar os juros, atualmente em -0,1%, ainda mais para território negativo. Há também a possibilidade de uma mudança nas compras de ativos para ajudar a inclinar a curva de juros, como citado acima. A última seria aumentar o nível de compras de ativos, e este é um movimento que ganha mais força entre as expectativas do mercado.
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Uma pesquisa feita pela Reuters mostra que 21 dos 31 analistas entrevistados esperam que o BoJ eleve os estímulos monetários amanhã, 6 esperam na reunião de novembro e 4 apenas em 2017. Desses 21 analistas, 14 esperam corte nos juros e vários esperam uma alteração do programa de estímulos. O sócio da Iporanga Felipe Lopes alerta que nem tudo é uma certeza e caso haja um anúncio inesperado amanhã o mercado sofrerá uma grande correção e muitos analistas precisarão revisar completamente seus cenários. “Mas este não é nosso cenário base. Nós não esperamos um anúncio agora”, ressalta.
Não há como negar que esta quarta-feira será agitada. O mercado não terá descanso e ativos como o dólar devem ter grande volatilidade desde a abertura já refletindo o que for anunciado pelo BoJ e se preparando para o Fed, às 15h (horário de Brasília). Os dois eventos serão os drivers do mercado amanhã e é bom o investidor se preparar.