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SÃO PAULO – Uma das principais discussões travadas no campo dos investimentos no momento é a possibilidade de uma bolha imobiliária ter se formado e estar prestes a estourar por aqui. Exemplos trágicos como Japão na década de 1990, Estados Unidos em 2007/2008 e Espanha no pós-crise, são sempre levantados como possibilidades do que pode acontecer por aqui.
Nomes respeitados como Robert Shiller, prêmio Nobel de economia em 2013, e Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central brasileiro, se juntam a outros tantos que acreditam na formação da bolha. Enquanto isso, outros nomes chamam a atenção para as diferenças entre as bolhas estrangeiras e a suposta brasileira – o que, para eles, mostraria que a bolha é nada mais do que um medo.
O que é fato é a crise de muitas das empresas do setor imobiliário no Brasil – como a PDG Realty (PDGR3). Embora apenas 56% da PEA (População Economicamente Ativa) esteja empregada, o País vive uma situação de pleno emprego – que lança os custos de mão-de-obra para cima e fez com que muitas das empresas estourassem seus orçamentos em seus lançamentos. Se isso retarda a formação da bolha ou a estimula, só o tempo dirá.
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Confira as principais opiniões sobre o assunto:
Bolha imobiliária existe no Brasil? | |
Sim | Não |
Robert Shiller: Prêmio Nobel de economia em 2013, Shiller vê uma escalada de preços nos principais mercados. Tudo isso em um cenário de emoções a flor da pele por parte do mercado. “As pessoas reagem com emoções, não conseguem ficar de fora quanto entendem que é fácil ganhar dinheiro de alguma forma”, destacou. | Estudo da Bain & Company constatou que há pontos de atenção, como o nível de renda comprometida na população e a valorização acelerada dos imóveis. “Ainda assim, a dimensão de bolha que poderia se formar seria pequena, dado o peso relativamente baixo do preço dos imóveis quando comparado renda anual familiar e a baixa penetração de crédito imobiliário como percentual do PIB”, analisa autor da pesquisa, Rodolfo Spielmann. |
Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central entre 2003 e 2010: para ele, a bolha imobiliária que ocorre no Brasil é diferente da norte-americana, que teve como principal característica a alta alavancagem em crédito, enquanto aqui não houve efeito na economia real. “Não acho que isso esteja acontecendo no Brasil, já que o crédito imobiliário por aqui não tem nem de perto esse tipo de presença”, alerta. | Gustavo Borges, da área de análise da XP Investimentos, acredita que há diferenças signifitivas entre o Brasil e o cenário pré-bolha de alguns países como Estados Unidos, Portugal, Espanha e Irlanda. “O cenário brasileiro é bem diferente dos países que tiveram o estouro da bolha”, destaca, ressaltando inadimplência e cenário de crédito nacional. |
Luciano Rostagno, economista do Banco Mizuho: a atual tendência dos preços imobiliários é insustentável . “As famílias já estão muito endividadas e o ritmo de crescimento do crédito, especialmente, no mercado imobiliário, é muito alto. Seria prudente diminuir o ritmo dos empréstimos ao mercado imobiliário”, destaca. | Mário Giangrande, presidente da incorporadora BKO, também vê grandes diferenças entre o mercado brasileiro e o norte-americano. Além disso, ressalta uma defesagem histórica de preços. |
Nouriel Roubini, economista que previu a bolha norte-americana, os principais sinais para esta previsão são os aumentos constantes de preços dos imóveis em relação a renda total e de dívida imobiliária em relação a dívida total. |
Câmara Brasileira da Indústria da Construção, destaca que só existem três fatores de semelhança da bolha norte-americana com a suposta brasileira: o crescimento do ritmo da atividade da construção, o acesso das camadas mais carentes da população à moradia e a considerável ascensão dos preços dos imóveis. Enquanto isso, existem várias diferenças: enquanto nos EUA o financiamento imobiliário bateu 80% do PIB, por aqui ainda é menor que 10%. |
Sr. Dinheiro, economista e comentarista do Fantástico, destaca que o mercado está altamente parado. “Não se vende nada e tem muita oferta. Quem comprou, não consegue vender. Está desesperador”, afirmou. | Felipe Miranda, analista da Empiricus Research, acredita que existe uma grande desaceleração no mercado imobiliário, mas que isso não garante um cenário de bolha. Há diferenças técnicas grandes, principalmente no mercado de crédito. |
Rubens Menin, presidente da MRV Engenharia, vê o mercado desanimado em alguns setores, mas aquecido em outros – principalmente nos mais populares, onde há demanda reprimida. “Como regra geral, acredito que o segmento dos imóveis econômicos continuará aquecido, inclusive pela existência, nesse estrato, de uma demanda reprimida por novas moradias”, destaca. |
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Marcelo Tapai, advogado especialista em direito imobiliário, diz que os dados não são conclusivos a respeito de uma bolha e que a elevação do preço não é o que define uma. “Simplesmente dizer que o preço dos imóveis subiram mais do que a inflação, por si só não justifica nenhuma previsão de quebra do mercado. Outros fatores contribuíram para isso e devem ser levados em conta no momento da análise”, afirma. |