EUA: analistas veem regulação financeira como positiva para o país

Para eles, Brasil não será impactado pela decisão dos EUA, mas Europa deve anunciar novas medidas em breve

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SÃO PAULO – A notícia de aprovação no Senado norte-americano das medidas para regulação do sistema financeiro do país é vista como positiva pelos analistas brasileiros. A decisão põe fim em meses de impasse entre republicanos e democratas.

Segundo Aloísio Villeth Lemos, analista da Ágora Corretora, a iniciativa se fazia necessária nos Estados Unidos, principalmente porque a crise que estourou em 2008 destacou a forte autoregulação do setor.

“As circunstâncias que vêm se observando desde o subprime tornaram necessárias novas medidas para regular o setor e, por isso, essa aprovação é bem-vista pelo mercado”, diz.

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Da mesma opinião compartilha Kelly Trentin, da Spinelli Corretora. Ele fala que o movimento é positivo porque vai ao encontro à intenção do governo dos EUA para evitar que as instituições financeiras voltem a estruturar mecanismos de alavancagem perigosos.

“O mercado financeiro está sempre desenvolvendo novos produtos para aumentar seus lucro e, por isso, o governo quer evitar com a regulação um possível nova bolha em outros negócios do setor, como a vista em 2008”, comenta a analista.

Kelly explica que esse apetite por novos produtos pode ser impulsionado por conta da queda da demanda de crédito doméstico. Ela fala que desde o final de 2008 o estoque de crédito ao consumidor nos EUA tem caído.

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“Em dezembro de 2008, ele estava em US$ 2,561 trilhões e, em março deste ano, marcou US$ 2,451 trilhões. O custo de crédito para consumo ainda está alto e não se reduziu nos últimos meses, o que comprime a demanda doméstica”, diz.

Brasil
Para Lemos, da Ágora, a decisão retificada pelo Senado norte-americano não influencia o Brasil, uma vez que o sistema financeiro brasileiro é bem mais regulado que o de outros países. “O índice de Basiléia nosso, por exemplo, tem um nível de exigências maior do que na Europa e o Banco Central brasileiro agiu firmemente em 2008 nas áreas em que foi preciso”, explica.

Contudo, ele alerta que podemos ter alguma oscilação nas ações do sistema financeiro brasileiro, caso os papéis norte-americanos do segmento reagem negativamente. Isso pode acontecer devido ao impacto natural que as variações nos EUA causam no Brasil e não porque as instituições brasileiras tenham associação direta com os norte-americanos.

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“As ações brasileiras sempre sofrem interferência do setor financeiro mundial, mas não há risco direto associado. No Brasil, o desempenho deles [bancos] estão muito ligados à economia e, com a atividade em alta, o cenário é muito bom para eles”, comenta.

Europa
Além dos Estados Unidos, Pedro Galdi, analista da SLW Corretora diz que é provável que os europeus também adotem medidas mais apertadas para o sistema financeiro, a exemplo da Alemanha que proibiu na última quinta-feira as vendas a descoberto, mecanismo usado para apostas de ganhos maiores no futuro.

“A Europa precisa evitar um risco sistêmico”, diz Galdi esxplicando que isso é possível se houve um calote grego à seus credores. “A Alemanha é a principal credora da Grécia. Se este país não pagar suas dívidas, irá afetar os bancos alemães e, por tabela, os de outros países que são ligados a eles”, explica.

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