Publicidade
O euro atingiu uma nova mínima de duas décadas nesta terça-feira (23) após voltar a ficar abaixo da paridade com o dólar na véspera (pela primeira vez desde julho), em meio a preocupações renovadas de que um choque de energia irá manter a inflação elevada, tornando quase certa uma recessão na Europa. A moeda comum se recuperou durante a sessão, sendo que às 12h35 (horário de Brasília) subia 0,47%, mas ainda abaixo da paridade, a US$ 0,9985.
Também durante a manhã, o iuan da China enfraqueceu para o menor nível em dois anos, enquanto a libra tocou brevemente seu ponto mais fraco desde março de 2020.
Os dados de atividade empresarial da Europa não foram tão ruins quanto se temia, tirando o euro da mínima de 20 anos atingida mais cedo na sessão, que foi de US$ 0,99005.
Continua depois da publicidade
O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do euro, que engloba os setores industrial e de serviços, caiu de 49,9 em julho para 49,2 em agosto, atingindo o menor nível em 18 meses e permanecendo abaixo da barreira de 50 que sinaliza contração da atividade, segundo dados preliminares divulgados nesta terça-feira, 23, pela S&P Global. A prévia do PMI composto, porém, superou levemente a expectativa de analistas consultados pelo Wall Street Journal, que previam declínio a 49 neste mês.
Na visão do Goldman Sachs, a resiliência no segmento de serviços dá maior conforto para projeção de um terceiro trimestre positivo para a economia. Contudo, o banco vê riscos negativos para a visão de crescimento além do curto prazo devido a pressões inflacionárias persistentes e crescentes que pesam sobre a atividade.
Neste cenário, a visão de muitos analistas ainda é de fraqueza para a moeda do bloco econômico europeu.
Continua depois da publicidade
“O que estamos tentando descobrir é quanto da movimentação do euro é causada pela liquidez baixa e quanto é causada por fluxos”, disse mais cedo Kenneth Broux, estrategista de câmbio do Société Générale. “Mas é claro que o aumento dos preços do gás ontem é uma má notícia para todos.”
Os preços do gás por atacado no Reino Unido e na Holanda subiram acentuadamente na segunda-feira, enquanto a perspectiva de manutenção no principal gasoduto russo para a Europa provocava nervosismo no mercado.
A Rússia interromperá o fornecimento de gás natural para a Europa através do gasoduto Nord Stream 1 por três dias no final do mês, o mais recente lembrete do estado precário do fornecimento de energia do continente.
Continua depois da publicidade
Os preços do gás já dobraram desde junho, quando a Rússia reduziu a oferta via Nord Stream, o principal gasoduto que transporta gás para a maior economia da Europa, a Alemanha.
Ondas de calor no continente já pressionaram o fornecimento de energia e crescem as preocupações de que qualquer interrupção durante os meses de inverno pode ser devastador para a atividade comercial.
Assim, olhando para frente, a projeção é de mais fraqueza para o euro ante o dólar, pelo menos no curto prazo. Conforme destacou à CNBC o estrategista do Citi Luis Costa, além dos fatores internos da Europa, também não se pode esquecer o “fator China”. “Não vamos esquecer que há uma camada adicional de complexidade com a desaceleração [econômica] da China, que obviamente atinge a Europa em uma magnitude muito maior quando comparada ao impacto nos Estados Unidos”, disse ele.
Continua depois da publicidade
Costa aponta que, até maio, os mercados estavam “considerando rotas de voo hawkish” [com alta de juros e aperto de política monetária maior] do Banco Central Europeu e o Banco da Inglaterra, mas esses planos “implodiram” nos últimos meses em sua visão, com o analista vendo espaço mínimo para elevação dos juros.
Roelof-Jan Van den Akker, da instituição financeira global ING, também destacou ao portal que espera um aumento no diferencial da taxa de juros nos EUA e na Europa, bem como um enfraquecimento adicional da moeda única. Akker vê, nos próximos meses, um euro entre US$ 0,80 e US$ 0,75.
Por outro lado, apontou em nota o estrategista de macro do Société Générale, Kit Juckes, a força do dólar pode não durar.
Continua depois da publicidade
“Isso não quer dizer que os problemas energéticos da Europa, a fraqueza econômica da China e a flexibilização das políticas e os dados de empregos/inflação dos EUA não possam levar a uma força maior”, avalia, mas o ânimo recente com a moeda leva a um alerta, aponta o estrategista. E a Europa deve conseguir se recuperar desses “infortúnios”, segundo ele.
(com Reuters e Estadão Conteúdo)
Oportunidade de compra? Estrategista da XP revela 6 ações baratas para comprar hoje. Assista aqui.