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Você sabe que um debate será inflamado quando um dos palestrantes diz “Fuck the Fed (Federal Reserve, o banco central americano)” em sua declaração de abertura.
E não, não foi um “bitcoiner” dizendo isso. A frase saiu da boca de Rohan Grey, professor de direito da Willamette University, nos Estados Unidos, e um crítico estridente da indústria cripto, que compartilha com o setor sua inimizade com o sistema bancário, mas tem ideias muito diferentes sobre como substitui-lo na era digital.
Essas diferenças estavam em plena exibição em um painel do Consensus 2022, em Austin, no Texas, que discutia se o Fed deveria emitir um dólar digital ou deixar essa inovação para o setor privado. Dante Disparte, CSO da Circle Internet Financial, chamou as moedas digitais do banco central (CBDCs) de uma “ideia absurda”, enquanto Gray alertou que os esforços do setor privado colocariam o contribuinte em risco em caso de falha.
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Disparte argumentou – em um painel na quarta-feira (8) sobre a USDC, a stablecoin da Circle – que o Fed administrando sua própria moeda digital é “a ideia equivalente da [Administração Federal de Aviação] nos Estados Unidos construindo motores a jato e aviões voadores. “A Circle não está fazendo isso como uma abstração acadêmica – estamos fazendo isso de verdade.”
Mas Gray rebateu que a Circle é uma empresa privada protegida de responsabilidade, argumentando que “se você falir, o público ficará responsável por suas perdas”.
A vice-presidente do Federal Reserve, Lael Brainard, disse recentemente que sua agência está esperando o apoio do Congresso e da Casa Branca antes que o Fed decida se lançará um dólar digital. E se o banco central acabar emitindo essa moeda digital, pode levar pelo menos cinco anos para colocá-la em prática. As participações e transações em CBDC ainda seriam gerenciadas por meio de contas do setor privado, disse Brainard, e não em contas diretas de clientes no Fed.
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Disparate afirmou que os EUA estão sob pressão da China, que abraçou a ideia de uma CBDC.
“Isso não é capitalismo de livre mercado”, disse Gray sobre os esforços do token privado. “É uma nova geração de capitalismo de compadres (sistema em que algumas empresas recebem benefícios ou privilégios).”
Caitlin Long, fundadora e CEO do banco de criptomoedas Custodia, ressaltou que o Fed tem a última palavra na emissão de dólares. Ela falou que está vendo o espaço financeiro descentralizado crescendo além do sistema financeiro tradicional dos EUA, e que não há como o dinheiro voltar para trás.
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Long, cujo banco com sede em Wyoming processou o Fed nesta semana por atrasar um pedido de criação de uma conta no banco central, argumentou que os EUA “deveriam adotar esse novo e melhor trilho de pagamento”.
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