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Com uma crise global envolvendo alta de juros, inflação cada vez maior e um risco considerável de recessão nos Estados Unidos, uma das principais perguntas a serem feitas é se a América Latina está se tornando os EUA ou se é o contrário, segundo o ex-secretário do Tesouro americano, Larry Summers.
Durante participação na Expert XP, o economista e professor emérito de Harvard avaliou que esse é um momento muito difícil para a política monetária ao redor do mundo e para a política monetária nos EUA.
“Eu sempre pensei na ideia de que a América Latina iria se tornar mais como os EUA. Agora, às vezes, olhando para o [Donald] Trump, olhando para a aceleração da nossa inflação, para o crescimento da política nacionalista nos negócios, para um corporativismo problemático, eu me pergunto se os EUA não estão se tornando mais como a América Latina”, disse ele.
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Para Summers, diante do cenário de alta forte da inflação e com o superaquecimento da economia americana, não haverá um “pouso suave” para a atividade da maior economia do mundo, uma vez que é necessária uma forte alta de juros. Diante também do que está acontecendo na China atualmente, o mais provável é que haja uma recessão nos EUA e na Europa.
“Eu acho que o maior erro será não reconhecer que criamos o problema da inflação e que temos que passar por essa inflação”, disse ele, avaliando ainda as falas do Federal Reserve (como é chamado o banco central americano) de que fará o que for necessário para colocar a inflação de volta no caminho certo.
Apesar disso, Summers entende que o ajuste monetário será mais forte do que está precificado pelo mercado hoje e que esse aperto não vai acontecer sem uma desaceleração econômica significante e séria.
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Segundo ele, o Fed está disposto a pagar certos preços para conseguir controlar a inflação, como “4%, até 5% de taxa de desemprego para expulsar a inflação do sistema”.
Porém, o ex-secretário do tesouro americano suspeita que será preciso mais do que isso para conseguir controlar a inflação. “Eu acho que eles [Fed] ainda estão em negação sobre qual o preço disso tudo”, afirmou.
Para Summers, se o ajuste não for feito na intensidade correta, existe um risco alto de estagflação (cenário em que ocorre alta de preços e recuo da economia ao mesmo tempo) e de recessão à frente.
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“Quanto menos recessão tivermos pelos próximos 18 meses, maior será o risco de termos estagflação pelos próximos dois ou três anos”, disse durante o painel. “E essas histórias são as histórias da experiência macroeconômica da América Latina nos últimos 50 anos, uma história de alternância de políticas”.
Summers explica que essa narrativa, que está se repetindo agora nos EUA, envolve tentativas de aprender a pensar sobre a inflação de produtos específicos em vez de tratar de níveis de preços em geral, que seria a forma correta de tratar a questão.
“A única coisa que sabemos sobre credibilidade em política monetária é o mesmo que sabemos sobre comer. É basicamente mais fácil manter as coisas sob controle, do que perder o controle e tentar recuperá-lo de volta”, conclui.
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