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SÃO PAULO – Clientes de todo o Brasil poderão contratar, a partir de fevereiro, uma tecnologia de pagamento totalmente nova e que, segundo seus criadores, não existe em lugar algum do mundo: os cheques digitais. É essa a promessa da SD Bank, empresa em construção cujos produtos pretendem atingir tanto aquelas pessoas e empresas que já trabalham com cheque quanto um público totalmente desbancarizado.
De acordo com o CEO da fintech, Adriano Silveira, a necessidade de digitalizar o pagamento em cheque veio de um empresário cujas operações de pagamento tornaram-se muito complexas e pouco seguras. “De início fiquei abismado, porque não sabia que as pessoas ainda usavam cheques”, disse ele em entrevista ao InfoMoney.
Dados do Banco Central mostram que são preenchidos cerca de 2 bilhões de cheque anualmente no país, operando um volume de R$ 3,9 trilhões, muito superior aos valores vistos em cartões de crédito e débito. O tíquete médio de cada pagamento é de R$ 1.400, um valor alto. Isso tudo significa um enorme potencial de mercado preso em tecnologia ultrapassada e pouco segura – até agora fora do escopo de trabalho do universo crescente de Fintechs.
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“[O cheque] é fácil de ser extraviado, danificar – se der um incêndio, por exemplo, uma empresa que se baseia em cheques perde tudo”, explicou Adriano. “A gestão também é muito complexa: é necessário estar atento às datas de compensação, até agência bancária às vezes com altas quantias em cheque, o que gera riscos, e a compensação só acontece no dia seguinte, o que dificulta na hora de verificar se a operação funcionou e o cheque tinha fundos”, exemplifica o CEO.
Produtos
O cheque digital será o carro-chefe da companhia, a priori com intenção de angariar clientes que já usam essa forma de pagamento – desde pequenas empresas até pessoas físicas que costumam usar essa forma de pagamento. Ele funcionará via aplicativo de celular, sem nenhum tipo de papel, e serve para pagamentos pré-datados não atrelados a limites e passíveis de maior flexibilidade de negociação.
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Para o vendedor, essa função significa maior segurança, porque um cheque virtual só poderá ser emitido por clientes cujos pagamentos estiverem todos em dia. “Em um talão normal, a mesma pessoa pode entregar 20 cheques sem fundo, porque ela recebe todos ao mesmo tempo e tem acesso a eles. A gente vai bloquear quem não estiver em dia”.
Com a facilidade, o CEO espera que a solução se torne atrativa o suficiente para, em algum momento, chegar a competir com cartões de crédito e débito no pagamento também de pequenas quantias. “Será um produto mais flexível que o cartão – por não estar atrelado a limites e vencimentos de faturas – e muito mais seguro que um cheque. Não há nada parecido no mercado”, garantiu ele, acrescentando que o cheque só parece ultrapassado hoje porque “é papel”.
Essa não será a única ferramenta disponível através do SD Bank, porém. Clientes que aderirem ao programa também terão acesso, sem custo de mensalidade, a uma carteira digital, com funções de saque, transferência e conta-salário, além de receber um cartão de débito com bandeira Master Card.
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As únicas taxas cobradas dos clientes, explicou o CEO, serão sobre transações cujas taxas são cobradas pela instituição financeira que apoia a SD, a Bancoob. No caso, há tarifas apenas para transações como DOC e TED, saques, emissões de boletos e transações internacionais.
Monetização
Um dos diferenciais do SD Bank é a ausência de tarifas de pagamentos na função cheque virtual comum – tanto para empresas quanto para clientes. As taxas dos demais serviços são exclusivamente para quitar os serviços prestados pela instituição financeira parceira. Então como a companhia pretende lucrar?
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“Criamos algumas ferramentas diferenciais para isso”, responde Adriano. No geral, elas servem para aumentar a confiabilidade do pagamento ou a comodidade do cliente, e serão lançadas apenas no segundo semestre do ano que vem, depois da chegada dos demais produtos da SD.
A primeira delas recebeu o nome de SD Cheque fiador e vem como uma opção de contratação que pode ser feita por qualquer um dos lados da negociação. Com ela, a fintech “garante que você [vendedor] receba o valor pago mesmo que o cliente não tenha fundos, mas para isso vamos cobrar uma taxa de risco, que será paga pelo estabelecimento ou pelo cliente”.
Ele ainda faz uma comparação com o pagamento em cartão, que cobra de varejistas taxas de até 3% mesmo no débito. “Hoje o estabelecimento que aceita cartão não pode optar em pagar ou não pagar taxa de risco: ela é imposta. Com nosso produto o estabelecimento pode optar por tratar cada cliente isoladamente: imagine que, por exemplo, você conhece a pessoa há anos e acredita que o valor será pago. Nesse caso você pode dispensar essa garantia”, analisa.
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Outra forma de monetização da startup é o chamado SD Cheque Parcelado, que vem como facilidade para o consumidor que não tenha limite para realizar o pagamento na data estipulada previamente e funciona como um rotativo. “Imagine que emitimos um cheque de mil reais que será compensado amanhã. A gente avisa pelo aplicativo no dia anterior que [o usuário] tem que ter dinheiro na conta e, caso não tenha, pode solicitar para que o SD parcele esse cheque”, ensinou Adriano. A SD, então, cobrará uma taxa de juros nessa transação.
Por último, será apresentado o SD Cheque Garantido, que cria um limite de geração para o cheque, assim como ocorre em produtos de crédito. O estabelecimento que contratar esse produto também terá garantia de recebimento mesmo caso o cliente não efetue o pagamento.
Expansão
Embora tenha confirmado que não há soluções semelhantes ao redor do mundo e constatado que outros países, como Portugal, passam pelos mesmos problemas com o uso do cheque, Adriano ainda não tem um cronograma de expansão mundial. “Para a gente, o ano que vem será o momento de validação do produto, principalmente no segundo semestre. Depois a gente pretende começar a ir a outros mercados”, finalizou.