Funcionários da FTX eram incentivados a manter as economias na exchange, dizem fontes

Ex-colaboradores disseram para o CoinDesk que a FTX era usada como banco por muitos deles

CoinDesk

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Investidores institucionais e de varejo não foram os únicos a ficarem no prejuízo após o colapso da FTX. Muitos colaboradores da exchange – que já ocupou o posto de segunda maior do mercado cripto segundo alguns rankings – também perderam valores significativos, inclusive alguns brasileiros.

O representante da FTX no Brasil, Antonio Neto, disse na semana passada, em uma mensagem publicada no grupo do Telegram oficial em português da corretora, que perdeu todas as suas economias no negócio. No mesmo post ele anunciou que deixaria seu cargo junto com outros colaboradores.

“Todos os meus fundos pessoais e investimentos também ficaram presos na FTX, são perdas difíceis de engolir. Porém o mais difícil é a frustração de ter acreditado em algo e compartilhado com família e amigos que também foram pegos de surpresa. E por isso, eu peço desculpas, não foi para isso que estivemos trabalhando todo esse tempo”, escreveu.

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A reportagem do InfoMoney procurou outros funcionários da empresa no Brasil para saber se mantinham recursos na plataforma, mas eles não respoderam até a publicação deste texto.

De acordo com reportagem do The Wall Street Journal publicada no último final de semana, o ex-CEO da corretora, Sam Bankman-Fried, supostamente usava fundos de clientes para cobrir as dívidas de sua empresa-irmã, a Alameda Research, violando o próprios termos e condições da empresa.

O ex-chefe de marketing da FTX, Nathaniel Whittemore, que também é responsável pelo podcast The Breakdown do CoinDesk, disse nesta semana que ele e a maioria dos outros funcionários da exchange não tinham ideia sobre o tratamento supostamente fraudulento dos fundos dos clientes. Outros ex-funcionários publicaram comentários semelhantes nas mídias sociais.

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Uma reportagem do CoinDesk da semana passada também mostrou que o círculo íntimo de Bankman-Fried pode ter tido um nível incomum de controle sobre a empresa.

Em um episódio do The Breakdown divulgado na segunda-feira (14), Whittemore disse que os colaboradores foram mantidos no escuro e que muitos deles – especialmente os funcionários da FTX fora dos EUA – usaram a exchange como um banco e não sabiam que suas economias já haviam sido supostamente dissipadas.

“Vocês têm que entender o quão devastado o funcionário médio da FTX ficou” depois que o resgate da FTX pela Binance fracassou, falou Whittemore. “Não apenas parecia que eles estavam desempregados, como também estavam potencialmente enfrentando a perda total de suas economias.”

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Outro ex-funcionário que pediu para não ter o nome revelado corroborou a informação de Whittemore. Ele disse para o CoinDesk que muitos funcionários da FTX guardavam o dinheiro de seus contracheques na exchange porque era conveniente, sacando somente quando precisavam.

O uso do FTX como banco pelos colaboradores foi incentivado por Bankman-Fried e outros superiores, de acordo com ex-funcionários que falaram com a reportagem sob condição de anonimato.

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De acordo com o perfil anônimo do Twitter Autism Capital, depois que a FTX comprou as ações da Binance no ano passado, os funcionários foram incentivados a investir na FTX.com com um desconto de 50%, que a empresa prometeu igualar até US$ 250.000 – um negócio que supostamente foi fortemente promovido internamente. Esse patrimônio bem como os outros fundos dos funcionários (incluindo alguns bônus às vezes dados na forma de FTT, o token nativo da corretora) foram supostamente armazenado na plataforma FTX.

Um ex-funcionário confirmou a veracidade das alegações do Autism Capital e forneceu ao CoinDesk uma captura de tela de uma planilha interna que parece mostrar as participações dos colaboradores da FTX como parte de uma lista maior de investimentos na plataforma.

Não está claro se algum funcionário conseguiu retirar seus fundos da exchange antes que os saques fossem interrompidos.

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“Para mim, tudo o que eu podia sentir era raiva, já que Sam e aqueles ao seu redor nem mesmo deram a essas pessoas a porra da cortesia de uma mensagem no Slack com qualquer explicação sobre o que poderiam esperar”, disse Whittemore.

“Sam e um pequeno grupo ao seu redor não apenas cometeram fraudes”, continuou Whittemore. “Desde o momento em que a fraude foi denunciada e o mercado começou a reagir, o esforço deles foi para a autopreservação”, acrescentou. “Foi insensível, cruel e totalmente desprovido de qualquer consideração humana genuína.”

Representantes da FTX e de Bankman-Fried foram procurados pela reportagem, mas não responderam até a publicação deste texto.

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